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Os 35 anos de Roque Santeiro, um dos maiores fenômenos da telenovela brasileira

Novela é símbolo da Nova República e atingiu índices de audiência históricos

Publicado em 03/12/2020

Há 35 anos, em 24 de junho de 1985, a TV Globo lançou em seu horário das 20h (hoje 21h) uma de suas novelas mais emblemáticas, sem favor nenhum na expressão. Censurada em 1975, durante o regime militar, Roque Santeiro, de Dias Gomes, enfim chegava ao vídeo, como parte das modificações no Brasil com o advento da chamada Nova República.

Depois de 21 anos de governos militares, em março de 1985 tomou posse na presidência da República o maranhense José Sarney, vice-presidente do mineiro Tancredo Neves, empossado devido aos problemas de saúde do titular que resultaram em sua morte, no mês de abril. Embora tenham sido eleitos de forma indireta, pelo Congresso Nacional, Tancredo e Sarney eram os primeiros civis a liderar o Poder Executivo brasileiro em décadas.

A esperança de novos tempos contagiou o povo brasileiro, e todos os setores, notadamente a cultura, tão visada e boicotada ao longo da ditadura, que ganhava novo fôlego ante os novos ares nacionais. Na televisão, Roque Santeiro é talvez o maior dos símbolos desse momento, tanto pelo teor de sua narrativa quanto pela proibição, que a deixou 10 anos impedida.

A cidade que concentra a história ganhou o nome de Asa Branca, e sua localização era incerta: ficava em algum lugar do Brasil, talvez no Nordeste, quem sabe. Tudo nela girava em torno do culto ao mito de Roque Santeiro, um jovem fazedor de santos que morreu 17 anos atrás defendendo a cidade de um bando de ladrões.

Milagres começaram a ser atribuídos a Roque e com o tempo o turismo religioso que se instaura leva a região a progredir muito, o que também potencializa interesses políticos.

Os grandes poderosos de Asa Branca são a Viúva Porcina (Regina Duarte), mulher de Roque, respeitada por todos; o coronelão Sinhozinho Malta (Lima Duarte), amante de Porcina há muito tempo; o prefeito Florindo Abelha (Ary Fontoura), pau-mandado de Malta; o comerciante Zé das Medalhas (Armando Bogus), que lucra com a venda de suvenires temáticos; e o líder católico Padre Hipólito (Paulo Gracindo).

Todos eles, e a própria cidade, têm muito a perder com um fato inesperado: Roque Santeiro (José Wilker) está vivo e volta a Asa Branca disposto a acertar contas com seu passado. Ele nada tem a ver com o mito religioso que se criou em torno de sua figura.

Mas o grande prejudicado é o casal Malta/Porcina. Afinal, ela sequer conhecia Roque e a história da viuvez foi uma mentira do coronel. Está armada uma grande intriga que gera problema em cima de problema, já que o equilíbrio da ordem local está em jogo.

Seus índices de audiência foram, em média, de 74% em São Paulo e 78% no Rio de Janeiro. Segundo o livro Almanaque da TV, de Rixa (Objetiva, 2000), “a novela da TV Globo foi vista com paixão por 70 milhões de brasileiros”. Confira o vídeo do TBT da TV sobre Roque Santeiro!

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