Luto na TV

Eterna Mina de Roque Santeiro, Ilva Niño viveu a personagem em duas ocasiões

Atriz pode ser vista atualmente na reprise de Cheias de Charme, nas tardes da TV Globo

Publicado em 12/06/2024

A atriz Ilva Niño faleceu no Rio de Janeiro nesta quarta-feira (12), aos 90 anos, depois de um mês internada. Ela havia passado por uma cirurgia de coração. Na ativa desde os anos 1950, Ilva estreou em novelas ao participar de Verão Vermelho, novela de Dias Gomes exibida pela TV Globo entre novembro de 1969 e julho de 1970.

O dramaturgo convidou-a a entrar para o elenco de peças e novelas de sua autoria depois de conhecê-la em razão de um trabalho que Ilva desenvolvia junto ao marido, o também ator Luiz Mendonça, junto a operários em fábricas, com uso do teatro para conscientizá-los de questões sociais.

Também foi Dias Gomes o criador da personagem mais lembrada da carreira de Ilva na televisão: Mina, a empregada da Viúva Porcina (Regina Duarte) em Roque Santeiro, sucesso do horário nobre entre junho de 1985 e fevereiro de 1986. Chamada sempre aos gritos – quem não se lembra dos estridentes “Miiiiiiiiiiiinaaaaaaaaaaa!!!”? -, ela funcionava quase como uma figura materna para a patroa.

O que muita gente talvez não saiba, ou não se recorde mais, é que Ilva Niño já havia sido escalada para dar vida a Mina quando Roque Santeiro começou a ser produzida pela primeira vez, em 1975, para a mesma faixa das 20h, e teve a exibição proibida no dia da estreia, 27 de agosto daquele ano. Na ocasião, Betty Faria era a intérprete da Viúva Porcina.

Outros atores presentes nas duas versões de Roque Santeiro

Além de Ilva, Lima Duarte (Sinhozinho Malta), João Carlos Barroso (Toninho Jiló) e Luiz Armando Queiroz (Tito Moreira França) também participaram das duas versões, a censurada e a que foi exibida, nos mesmos personagens.

Elizângela e Milton Gonçalves também estiveram nas duas novelas, porém mudaram de papel 10 anos depois. Ela seria Tânia, que ficou com Lídia Brondi nos anos 1980, enquanto ele viveria o Padre Honório, rebatizado de Hipólito em interpretação de Paulo Gracindo. Elizângela viveu Marilda, ex-mulher do ator Roberto Mathias (Fábio Jr.), e Milton entrou em cena como o Promotor Lourival Prata, já na reta final.

Destaques da carreira de Ilva Niño na TV

Desde a década de 1970, Ilva Niño participou de novelas como Bandeira 2 (1971-1972), no papel de Santa, matriarca de uma família de retirantes; Gabriela (1975), em que foi Filomena; Pecado Capital (1975-1976), como a doceira Alzira, mãe de Lucinha (Betty Faria) e Emilene (Elizângela); e Cotinha, uma das domésticas a partir das quais Mário Prata conduzia o enredo de Sem Lenço, Sem Documento (1977-1978).

Antônia, em Água Viva (1980); a megera Iara, que fazia da vida do marido Jesus (Germano Filho) um tormento em Partido Alto (1984); Mainha, que havia criado Ana (Isabela Garcia) em Bebê a Bordo (1988-1989); a cozinheira Anésia em O Sexo dos Anjos (1989-1990); Chica, de História de Amor (1995-1996); e Marli, em Sete Pecados (2007-2008) foram outros momentos da carreira da atriz.

Na década de 2010, quando enfrentou um câncer no intestino, Ilva Niño participou de produções como Cordel Encantado (2011), no papel da cangaceira Cândida, mãe do Capitão Herculano (Domingos Montagner), e Cheias de Charme (2012), atualmente em reprise, como Epifânia, mãe de Socorro (Titina Medeiros) e Naldo (Fábio Lago).

Entre os últimos trabalhos da atriz, participações especiais na novela O Outro Lado do Paraíso (2017-2018), de Walcyr Carrasco, e na série Rua do Sobe e Desce, Número que Desaparece (2021), criada e dirigida por Luiz Carlos Lacerda.