TBT da TV

Em tempo de eleições, que tal relembrar alguns políticos marcantes das novelas?

Odorico Paraguaçu, Florindo Abelha e Murilo Pontes são alguns dos personagens que pediam votos na ficção

Publicado em 29/09/2022

Seja pela identificação que fazemos de figuras reais com outras da ficção, seja pelo grande talento de dramaturgos, intérpretes e diretores, em tempos de eleições como os que vivemos agora alguns políticos marcantes das novelas ressurgem nas nossas lembranças. O TBT da TV do Observatório da TV aproveita a oportunidade para falar de alguns deles.

Odorico Paraguaçu

Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo) em O Bem-Amado
Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo) em O Bem-Amado (Reprodução/TV Globo).

Criado no início dos anos 1960 para o teatro, em 1973 Odorico Paraguaçu chegou à TV quando Dias Gomes escreveu a novela O Bem-amado. Interpretado por Paulo Gracindo e símbolo do político na teledramaturgia, o personagem se elege prefeito da pequena Sucupira, no litoral da Bahia, com a promessa de construir um cemitério.

Os problemas vão se avolumando conforme ninguém morre na cidade e a obra passa a ser tachada pela oposição, liderada por Lulu Gouveia (Lutero Luiz) e Donana Medrado (Zilka Salaberry) e ajudada pelo jornalista Neco Pedreira (Carlos Eduardo Dolabella), de inútil.

Ironicamente, depois de aprontar muitas no decorrer da história, é o próprio Odorico quem inaugura o cemitério, ao ser assassinado por Zeca Diabo (Lima Duarte), matador que usou em suas trapaças políticas.

Paulo Gracindo voltou a interpretar Odorico numa série também chamada O Bem-amado, entre 1980 e 1984, e na mininovela Expresso Brasil, de 1987. Marco Nanini viveu o personagem no teatro e no cinema, em nova adaptação.

Coronel Ramiro Bastos

Dois anos depois de Odorico, Paulo Gracindo deu vida a outro dos grandes políticos da nossa teledramaturgia: o Coronel Ramiro Bastos em Gabriela (1975), novela de Walter George Durst, da obra de Jorge Amado.

A história se passa na década de 1920 em Ilhéus, cidade baiana governada há muito tempo pelo Coronel Ramiro e que começa a passar por um período de transição quando Mundinho Falcão (José Wilker) chega e coloca em xeque as determinações do fazendeiro – além de se envolver com sua neta, Jerusa (Nívea Maria).

Numa nova adaptação feita pela TV Globo em 2012, com texto de Walcyr Carrasco, Antonio Fagundes viveu Ramiro Bastos, Mateus Solano foi Mundinho Falcão e Luiza Valdetaro, Jerusa.

Coronel Boanerges

Boanerges e Justino em Cabocla
Boanerges (Tony Ramos) e Justino (Mauro Mendonça) em Cabocla (Reprodução/Canal Viva)

Baseada na obra de Ribeiro Couto, a novela Cabocla foi adaptada pela TV Globo pela primeira vez em 1979, para o horário das 18h, por Benedito Ruy Barbosa.

Passada no início do século 20 na pequena Vila da Mata, interior capixaba, a história abordava a disputa política entre os grupos do Coronel Boanerges (Cláudio Corrêa e Castro) e do Coronel Justino (Gilberto Martinho).

Belinha (Simone Carvalho) e Neco (Kadu Moliterno), respectivamente filha de Boanerges e filho de Justino, se apaixonam. E o rapaz, como se não bastasse, ainda se coloca contra Boanerges no campo da política, falando em nome dos “pés-descalços”, os pobres. Terminou a novela eleito e casado com a amada.

Em 2004, numa nova versão da história, Boanerges, Justino, Belinha e Neco foram interpretados, respectivamente, por Tony Ramos, Mauro Mendonça, Regiane Alves e Danton Mello.

Florindo Abelha

Lucinha Lins, Eloísa Mafalda e Ary Fontoura
Mocinha (Lucinha Lins), Dona Pombinha (ELoísa Mafalda) e Seu Flô (Ary Fontoura) em Roque Santeiro (Divulgação/ TV Globo)

A história de Roque Santeiro (1985/86), novela de Dias Gomes escrita com Aguinaldo Silva, se passava numa cidade chamada Asa Branca, cujo prefeito era o barbeiro Florindo Abelha (Ary Fontoura).

Fantoche político do coronelão Sinhozinho Malta (Lima Duarte), Seu Flô não dava a palavra final nem em casa, ambiente dominado por sua mulher, a beata Dona Pombinha (Eloísa Mafalda).

Os muitos problemas vivenciados após a volta de Roque (José Wilker) à cidade, muito vivo, uma ameaça ao mito criado em torno de sua morte heroica, fatalmente prejudicariam a candidatura e a virtual eleição de Seu Flô para o Congresso Nacional, seu grande desejo.

Murilo Pontes

Hilda (Eva Wilma), Murilo (Lima Duarte) e Pilar (Renata Sorrah) em Pedra Sobre Pedra
Hilda (Eva Wilma), Murilo (Lima Duarte) e Pilar (Renata Sorrah) em Pedra Sobre Pedra (Divulgação)

Em 1992, a grande figura política representada pela novela das 20h, Pedra Sobre Pedra, de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares, foi Murilo Pontes (Lima Duarte). A cidade de Resplendor era sua terra de origem, e eleito por ela Murilo chegou ao Congresso Nacional, como deputado federal.

Sua grande rival na batalha pelo domínio político local é Pilar Batista (Renata Sorrah), que ironicamente foi sua noiva e é o grande amor de sua vida até hoje, ainda que os dois se afrontem publicamente e ele tenha se casado com Hilda (Eva Wilma) e tido um filho, Leonardo (Maurício Mattar).

Como em toda novela que se preze, claro que Leonardo se apaixona pela filha de Pilar, Marina (Adriana Esteves)…

Demóstenes

A cidade de Tubiacanga foi o cenário dos acontecimentos de Fera Ferida (1993/94), novela de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares, inspirada na obra de Lima Barreto. Seu prefeito era Demóstenes (José Wilker), demagogo, corrupto, mau-caráter, salafrário e muito mais.

Aliado ao Major Bentes (Lima Duarte), Demóstenes via no forasteiro Raimundo Flamel (Edson Celulari) uma figura ameaçadora, e tinha razão: ele na verdade era Feliciano Mota da Costa Jr., e retornou à cidade para vingar a morte de seu pai (Tarcísio Meira), cujos responsáveis foram os poderosos locais. Ou seja…

Breno

Em Mulheres de Areia (1993), atração das 18h da TV Globo escrita por Ivani Ribeiro, Pontal D’Areia era um balneário litorâneo de grande potencial turístico e de pesca, mas a poluição de suas águas levou o prefeito Breno (Daniel Dantas) a proibir os banhos de mar, em defesa da saúde da população.

A medida atingiu diretamente os negócios hoteleiros de Virgílio (Raul Cortez), vice-prefeito da cidade e cunhado de Breno, que inveja e ambiciona sua posição.

A autora incorporou à história das gêmeas Ruth e Raquel (Glória Pires), criada para a TV Tupi em 1973/74 em Mulheres de Areia, através desses personagens, o enredo de outra novela sua, O Espantalho (1977), levada ao ar pela TV Record em São Paulo e pela TVS no Rio de Janeiro.

Em O Espantalho, Fábio Cardoso viveu o prefeito Breno e Jardel Filho foi seu cunhado e vice-prefeito, Rafael. Virgílio era o nome de um dos vilões de Mulheres de Areia, interpretado na TV Tupi por Cláudio Corrêa e Castro.

Reginaldo

Letícia Spiller e Eduardo Moscovis ficaram de fora de O Clone (Divulgação)
Letícia Spiller e Eduardo Moscovis em Senhora do Destino (Divulgação)

Senhora do Destino (2004/05), outra novela de Aguinaldo Silva, rendeu mais um dos políticos memoráveis da teledramaturgia: Reginaldo Ferreira da Silva (Eduardo Moscovis), filho mais velho da protagonista Maria do Carmo (Susana Vieira).

Ambicioso e de mau caráter, Reginaldo se elegeu vereador na cidade do Rio de Janeiro, mas já com maiores voos em mente: lutou muito e acabou por emancipar o bairro de Vila São Miguel, tornado assim município.

Ao lado de Viviane (Letícia Spiller), sua assessora, primeiro amante e depois esposa, Naldo de Vila São Miguel nada tinha de honesto e só usava a comunidade como trampolim para Brasília. Teve um triste fim: seu mais fervoroso eleitor, Merival (Xando Graça), atirou-lhe uma pedra na cabeça, que causou um ferimento fatal. Foi a reação ante a decepção com a verdade sobre Naldo.

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