Julho começa com um resgate da Globo que pegou o público de surpresa. Logo no primeiro dia do mês, a emissora disponibilizará a novela Suave Veneno, trama problemática que deixou Aguinaldo Silva traumatizado.
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A obra chegará completa ao Globoplay, com todos os 209 capítulos, que foram exibidos originalmente entre janeiro e setembro de 1999. Em Suave Veneno, o autor voltava a escrever uma história urbana após diversos sucessos regionais e marcados pelo realismo fantástico, como Fera Ferida e A Indomada.
Mas a troca de cenário e tom não ajudaram Aguinaldo, que passou por muito perrengue escrevendo a novela. Baseada em duas histórias clássicas – O Rei Lear, de Shakespeare; e Um Corpo que Cai, de Hitchcock -, a produção não conquistou o público e derrubou a audiência do horário nobre.
Os telespectadores não compraram a história de Valdomiro (José Wilker), que atropela e se apaixona pela misteriosa Inês/Lavínia (Gloria Pires), além da vingança de Clarisse (Patrícia França) e a vilã caricata Maria Regina (Letícia Spiller). Também foram problemáticas as tramas de Eliseu (Rodrigo Santoro) e de Uálber (Diogo Vilela).
Encantado pelo Programa do Ratinho, que estava no auge na época, o público deixou Suave Veneno de lado. Tanto que os números caíram demais em relação à antecessora, Torre de Babel. Na média, marcou 38 pontos, derrubando seis pontos na grade.
Disposto a salvar a obra, Aguinaldo Silva fez várias mudanças e viradas. “Tinha uma história boa nas mãos, mas não tive tempo de descobrir como contá-la. O público não embarcou no clima de mistério que tentei criar. Se começasse a novela hoje, escreveria na ordem direta”, disse o dramaturgo em uma entrevista.
Com tanto infortúnio, Suave Veneno é considerada a novela menos memóravel do autor, atrás até do fiasco O Sétimo Guardião. Disposto a reaproveitar a história que não deu certo, Aguinaldo criou Império dezesseis anos depois, história que possui algumas similaridades com a obra da década de 1990.