Curiosidades da TV

Novidade do Globoplay, Pedra Sobre Pedra fez reprise de clássico da teledramaturgia ter final antecipado

Avaliação da emissora foi de que coincidências entre as duas novelas poderiam atrapalhar a atração inédita

Publicado em 21/07/2022

Depois dos problemas vividos no decorrer de 1991 com O Dono do Mundo, de Gilberto Braga, em seu horário nobre, a TV Globo apostou suas fichas para 1992 em uma novela com ingredientes mais do que consagrados e de sucesso quase 100% certo: Pedra Sobre Pedra, de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares.

Resgatada no projeto de clássicos do Globoplay nesta segunda-feira (18), a novela estreou em 6 de janeiro de 1992 cercada de expectativa por mais um trabalho do trio que havia escrito Tieta (1989/90), inspirada na obra de Jorge Amado, e com um elenco estelar para viver os dramas e entrechos cômicos dos habitantes da fictícia Resplendor, na Chapada Diamantina.

Ocorre que, em 1º de julho de 1991, a TV Globo havia estreado no final da tarde uma reprise de Roque Santeiro (1985/86), um de seus maiores clássicos, escrita por Dias Gomes e também por Aguinaldo Silva. Foi uma forma de “antecipar” a grade noturna e fazer uma boa sala de espera para a novela das 18h, por exemplo.

Sinhozinho Malta (Lima Duarte) e Porcina (Regina Duarte) em Roque Santeiro
Sinhozinho Malta (Lima Duarte) e Porcina (Regina Duarte) em Roque Santeiro (Reprodução/TV Globo)

Naquele ano, o SBT cresceu em audiência com uma grade bastante popular. Basta lembrar que foi o ano de Carrossel, que roubou ibope do Jornal Nacional e da novela das 20h, e do Aqui Agora, que competia com as novelas das 18h e das 19h.

O noticiário entrava no ar às 18h30, enquanto as atrações globais eram então dispostas de forma diferente de hoje: primeiro vinham as duas novelas, seguidas do jornal local e do Jornal Nacional.

Temerosa de que as coincidências de elenco e de universo ficcional, com direito a realismo fantástico e crítica política ao Brasil tendo por instrumento uma cidade fictícia, pudessem atrapalhar a nova novela das 20h a ser lançada nos primeiros dias de 1992 – coincidências essas apontadas desde logo pela imprensa na época -, a TV Globo decidiu por antecipar o término de Roque Santeiro para 3 de janeiro.

Por mais que fosse bem de audiência, a reprise da história passada em Asa Branca, cidade comandada pelo coronelão Sinhozinho Malta (Lima Duarte) e que vivia à sombra do mito criado em torno do filho ilustre Roque Santeiro (José Wilker), tornado herói, exibida na faixa das 17h, encerrou sua trajetória no mesmo dia que O Dono do Mundo encerrava a sua.

Na época, Dias Gomes chegou a declarar que , para ele, a reprise de Roque Santeiro deveria ocupar a faixa das 21h30 ou a das 22h30, nas quais poderia obter resultados ainda melhores. Seria curioso ver isso, ainda mais que eram tempos de grandes investimentos da TV Manchete em dramaturgia nesses mesmos horários.

A novela teria outras duas reprises: de dezembro de 2000 a junho de 2001, dessa vez no Vale a Pena Ver de Novo; e no Canal Viva, de julho de 2011 a maio de 2012.

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade