Depois dos problemas vividos no decorrer de 1991 com O Dono do Mundo, de Gilberto Braga, em seu horário nobre, a TV Globo apostou suas fichas para 1992 em uma novela com ingredientes mais do que consagrados e de sucesso quase 100% certo: Pedra Sobre Pedra, de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares.
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Resgatada no projeto de clássicos do Globoplay nesta segunda-feira (18), a novela estreou em 6 de janeiro de 1992 cercada de expectativa por mais um trabalho do trio que havia escrito Tieta (1989/90), inspirada na obra de Jorge Amado, e com um elenco estelar para viver os dramas e entrechos cômicos dos habitantes da fictícia Resplendor, na Chapada Diamantina.
Ocorre que, em 1º de julho de 1991, a TV Globo havia estreado no final da tarde uma reprise de Roque Santeiro (1985/86), um de seus maiores clássicos, escrita por Dias Gomes e também por Aguinaldo Silva. Foi uma forma de “antecipar” a grade noturna e fazer uma boa sala de espera para a novela das 18h, por exemplo.
Naquele ano, o SBT cresceu em audiência com uma grade bastante popular. Basta lembrar que foi o ano de Carrossel, que roubou ibope do Jornal Nacional e da novela das 20h, e do Aqui Agora, que competia com as novelas das 18h e das 19h.
O noticiário entrava no ar às 18h30, enquanto as atrações globais eram então dispostas de forma diferente de hoje: primeiro vinham as duas novelas, seguidas do jornal local e do Jornal Nacional.
Temerosa de que as coincidências de elenco e de universo ficcional, com direito a realismo fantástico e crítica política ao Brasil tendo por instrumento uma cidade fictícia, pudessem atrapalhar a nova novela das 20h a ser lançada nos primeiros dias de 1992 – coincidências essas apontadas desde logo pela imprensa na época -, a TV Globo decidiu por antecipar o término de Roque Santeiro para 3 de janeiro.
Por mais que fosse bem de audiência, a reprise da história passada em Asa Branca, cidade comandada pelo coronelão Sinhozinho Malta (Lima Duarte) e que vivia à sombra do mito criado em torno do filho ilustre Roque Santeiro (José Wilker), tornado herói, exibida na faixa das 17h, encerrou sua trajetória no mesmo dia que O Dono do Mundo encerrava a sua.
Na época, Dias Gomes chegou a declarar que , para ele, a reprise de Roque Santeiro deveria ocupar a faixa das 21h30 ou a das 22h30, nas quais poderia obter resultados ainda melhores. Seria curioso ver isso, ainda mais que eram tempos de grandes investimentos da TV Manchete em dramaturgia nesses mesmos horários.
A novela teria outras duas reprises: de dezembro de 2000 a junho de 2001, dessa vez no Vale a Pena Ver de Novo; e no Canal Viva, de julho de 2011 a maio de 2012.