Entrevista

Nicole Puzzi, diva aos 63 anos: “Eu nunca fiz pornochanchada”

Atriz e apresentadora de TV comanda nova temporada do programa de entrevistas "Pornolândia", no Canal Brasil

Publicado em 22/08/2021

Eu nunca fiz pornochanchada. Eu fiz cinema nacional, com grandes nomes”. Quem diz é Nicole Puzzi, linda e plena aos 63 anos de idade e se sentindo hoje mais amada do que antes, quando atuou nas telas, seja em filmes de Walter Hugo Khouri, seja contracenando com nomes como Tarcísio Meira, Antônio Fagundes e Marcello Mastroianni; e nos palcos teatrais, ao lado de Fúlvio Stefanini e Paulo Autran. “É impressionante o que tem de pessoas que gostam do meu trabalho. Estou até me sentindo uma musa, uma diva. Me agrada”, diz.

A atriz e apresentadora de TV está à frente do Pornolândia, programa de entrevistas do Canal Brasil que volta com novos episódios após a interrupção por conta da pandemia. A atração vai ao ar às 0h15, na madrugada desta segunda (23) para terça-feira (24). O programa é semanal e está na oitava temporada.

Esse programa só me trouxe alegria”, diz ela, que aceitou o desafio de apresentar a atração quando tinha 55 anos. Nicole Puzzi, a principio, achou o título, Pornolândia, apelativo. “Continuo achando”, constata, mas ela complementa: “O programa é maior do que o nome. A gente fala sobre o que movimenta a vida: o sexo; e o sexo traz a vida, o prazer e a alegria — às vezes coisas ruins também!”.  

Eu queria um programa que falasse sobre sexo, que a gente pudesse se informar, tirar o preconceito, tirar as dificuldades, falar da normalidade dos fetiches, formas diferentes e até sobre os assexuais”, conta. De acordo com a apresentadora, as pessoas acham que o sexo é só de um jeito, mas há muitas variações. Ela defende o programa como totalmente isento e, principalmente, divertido.

Pornolândia, que está entre os cinco mais assistidos do Canal Brasil, tem uma lista variada de convidados.  Para esta nova temporada, com 13 programas, os temas vão tratar mais sobre diversidade, sexualidade, sobre pessoas pretas e pessoas trans. Entre as entrevistas, há associação de prostitutas, travestis e transsexuais, além da primeira bailarina trans do teatro municipal de São Paulo, Marcia Dailyn, que faz também um trabalho de apoio aos homossexuais sem teto.

A apresentadora acredita que os temas são necessários porque o mundo mudou; há muito ódio corrente, muita discriminação. “Está pior do que os anos 70, que vinha de uma maior educação. O país era tão civilizado”, lembra Nicole Puzzi.

Antes de ser apresentadora, eu sou atriz. E tudo no programa transcorre com muita alegria. Das minhas reivindicações, o que eu quero é uma relação de alto astral”, afirma Nicole Puzzi.

Carreira variada

Nicole Puzzi começou no cinema marginal, conhecido como “Boca do Lixo” nos anos 70, tendo atuado em produções como Eros – o Deus do Amor, As Sete Vampiras e Gabriela Cravo e Canela, entre mais de 30 filmes. Em televisão, ela fez mais de uma dúzia de novelas, entre elas Os Imigrantes (Band), Barriga de Aluguel e Perigosas Peruas (Globo) e Amor E Revolução (SBT).

No teatro, mais uma coleção de dezenas de trabalhos, com Meno Male, de Juca de Oliveira; e Sua Excelência, o Candidato, de Marcos Caruso, entre eles.

Nicole Puzzi passou um período na Itália, onde atuou em teatro e fez muitos cursos também de cinema. Atualmente, além do programa de TV, ela está com o grupo de Teatro Os Satyros, com quem começou a atuar em 2018, e já encenou peças como Transex, Mississippi e As Mariposas, entre outras, com atuações elogiadas pela crítica.

Sobre essa incursão no teatro mais alternativo de São Paulo, a estrela celebra o reencontro com o diretor Ivam Cabral e diz que voltar à cena foi uma lufada de ar em sua vida.

Beleza e preconceito

A atriz acredita que sofreu muito preconceito na carreira. “Se você é bonita, é puta. Qualquer mulher bonita que não seja uma santa, é puta”, diz.

Mãe solteira, Nicole tem uma filha biológica, Dominique, de 36 anos, e adotou mais três – dois já falecidos e um terceiro que lhe deu uma neta, adolescente. A atriz e apresentadora atua em ONGs como protetora de animais e tem cinco cachorros.

Nicole conta que seu próximo projeto é atuar num filme, A Noite das Vampiras, de Rubens Mello, ao lado de Liz Marins, a Liz Vamp – filha de José Mojica Marins, o Zé do Caixão (1936-2020).

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