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Os 25 anos da segunda versão de Os Ossos do Barão, novela de Jorge Andrade na qual o SBT apostou nos anos 1990

Produção foi ao ar totalmente gravada, e ambas as versões contaram com Leonardo Villar em papéis de destaque

Publicado em 17/11/2022

Em outubro de 1973, a TV Globo lançou em seu horário das 22h a novela Os Ossos do Barão, de Jorge Andrade, adaptada de textos teatrais do autor.

Jorge uniu elementos de A Escada, de 1961, e Os Ossos do Barão, de 1963. Ambas as peças foram encenadas na fase histórica do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em São Paulo.

A primeira trata do abandono de um casal idoso, Antenor e Melica, que perambula entre os apartamentos dos quatro filhos, num mesmo edifício, subindo e descendo a escada.

Os Ossos do Barão trata do sonho de um imigrante italiano de ascender socialmente. Para tanto, ele deseja casar seu filho único e a neta de um barão do café, dono da fazenda onde morou na infância, quando chegou ao Brasil.

Em meados dos anos 1990, depois de tentativas deixadas de lado pela própria TV Globo, que pretendia revisitar a história numa minissérie, Os Ossos do Barão ganhou uma nova versão, pelo SBT. Walter George Durst encarregou-se de supervisionar o trabalho, que teve texto de Duca Rachid, Marcos Lazarini e Mário Teixeira.

Nilton Travesso foi o supervisor do projeto, em seu penúltimo trabalho à frente do Núcleo de Teledramaturgia do SBT. A direção-geral coube a Antonio Abujamra, e com ele dirigiram a novela Henrique Martins e Luiz Armando Queiroz.

O TBT da TV do Observatório da TV relembra a versão SBT de Os Ossos do Barão, que estreou em abril de 1997, já completamente gravada. A previsão era de que estreasse ainda em 1996, em substituição a Razão de Viver, mas a data foi sendo adiada e a novela produzida normalmente.

A trama de Os Ossos do Barão

A versão original da TV Globo se passava na atualidade de sua exibição, ou seja, o princípio dos anos 1970. Já no SBT mudou-se a história para 20 anos antes, nos anos 1950.

Egisto Ghirotto (Juca de Oliveira) chegou ao Brasil ainda criança, vindo da Itália. Cresceu na fazenda do Barão de Jaraguá e casou-se com Bianca (Jussara Freire). Os dois são pais de um único filho, Martino (Tarcísio Filho), que dá muito orgulho ao pai, ao mesmo tempo que ocorrem discussões entre os dois, conflitos de gerações.

Tendo enriquecido após a queda do café e a ascensão de um novo Brasil, urbano e industrializado, Egisto tem um sonho: possuir um título de nobreza e, assim, ser aceito pela elite paulista. Seu dinheiro só não basta para isso. Assim sendo, ele tenciona casar Martino com Izabel (Ana Paula Arósio), de família tradicional.

Izabel faz parte da família Parente de Rendon Pompeo e Taques. Descendentes dos primeiros paulistas, eles não são mais barões do café, mas mantêm a pose.

O patriarca é Antenor (Leonardo Villar, que nos anos 1970 viveu Miguel), já senil e muito orgulhoso. Sua esposa Melica (Cleyde Yaconis) é mais maleável e doce. Os dois são pais de Miguel (Othon Bastos), pai de Izabel; Maria Clara (Eugênia de Domenico), uma costureira viúva; e Vicente (Petrônio Gontijo), jornalista.

Vicente é casado com Lavínia (Bia Seidl), que ele não quer que trabalhe fora. Maria Clara é mãe de Lourdes (Mayara Magri) e Mariana (Daniela Camargo). Miguel é casado com a ambiciosa Verônica (Clarisse Abujamra) e, além de Izabel, tem com ela também Ricardo (Wagner Santisteban).

O entrelaçamento dos núcleos e as marcas do passado no presente

Tanto quanto entre os Ghirotto, entre os Taques também existe o conflito de gerações. Mais ligado ao pensamento tradicionalista do pai, Miguel exerce sobre as sobrinhas uma ascendência dominadora. Todavia, as duas jovens se apaixonam por rapazes do desagrado do tio e do avô.

Lourdes se encanta por Luigi (Dalton Vigh). Este nada menos é do que filho do melhor amigo de Egisto, Carlino (Laerte Morrone), e de Rosa (Denise Del Vecchio). Mariana, por sua vez, inicia um romance com Omar (Luciano Quirino), filho de Senhorita (Lizette Negreiros), antiga escrava da fazenda do Barão de Jaraguá.

E ainda há o caso de Martino e Izabel. Os dois são jovens modernos, antenados com seu tempo, e desejam ser respeitados por seus próprios méritos ao invés de se escorarem em tradições ultrapassadas.

Egisto deseja tanto ser aceito no seio da tradicional família paulista que comprou o patrimônio do Barão de Jaraguá. Inclusive a fazenda onde cresceu e, nela, a capela com a cripta mortuária que contém os ossos do barão.

Seja como for, uma grande aliada sua na empreitada de unir as famílias é Dona Ismália (Bárbara Fazio). Irmã de Antenor, ela apoia o romance dos jovens e é desprovida dos preconceitos que não faltam em sua família.

Algumas diferenças em relação à versão original de Os Ossos do Barão

Além da mudança da época em que a história se situa, no SBT Os Ossos do Barão incorporou tramas e personagens de outra obra de Jorge Andrade, Ninho da Serpente (1982). Produzida pela TV Bandeirantes, a novela era centrada na família Taques Penteado, sobrenome alterado para Caldas Penteado, já que Antenor e os seus também eram Taques.

O banqueiro Cândido (Rubens de Falco) era o chefe do clã, que dominava mesmo mal de saúde há muitos anos e recluso em seu quarto, no alto da mansão. Os muitos parentes desejam vê-lo morto, para se apossar de sua fortuna. Esse personagem em Ninho da Serpente era um industrial e não aparecia de frente em cena, mas seu perfil foi modificado.

Rogério (Rubens Caribé) era um sobrinho de Cândido, filho de sua irmã Guilhermina (Imara Reis). Os Caldas e os Taques desejam unir as famílias a partir do casamento de Rogério com Izabel, tramado por Cândido e Miguel.

Em Ninho da Serpente, o enfermeiro Mateus de Andrade (Kito Junqueira) era revelado filho e herdeiro do Dr. Cândido. Na versão SBT de Os Ossos do Barão, as duas funções foram separadas: Luigi foi trabalhar como enfermeiro do banqueiro, e inclusive tornou-se alvo das atenções de Consuelo (Jerusa Franco).

Cândido teve revelados no decorrer da história dois filhos: seu advogado Otávio (Thales Pan Chacon), fruto de um romance com Ismália; e o próprio Rogério, nascido do estupro de Guilhermina pelo próprio irmão.

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