In Memoriam

O que aconteceu com Henrique Martins, o milionário misterioso de Pão-pão, Beijo-beijo?

Ator e diretor foi um dos nomes mais importantes da teledramaturgia brasileira, com passagens por várias emissoras

Publicado em 04/08/2022

A reprise da novela Pão-pão, Beijo-beijo no Canal Viva está fazendo muitos espectadores acompanharem, quem sabe pela primeira vez, o trabalho de um veterano da TV brasileira: Henrique Martins. Ele interpreta o misterioso Mauro Bueno, padrasto de Ciro (Cláudio Marzo).

Um pouco da trajetória de Henrique Martins

Nascido em Berlim, na Alemanha, em 28 de agosto de 1933, de nome de batismo Heinz Schlesinger, Martins possuía uma carreira extensa com trabalhos em produções televisivas de grandes redes. Passou pelas extintas Tupi e Excelsior e, também, por Globo, Record, Band e SBT.

Ainda na década de 1950, Henrique Martins ingressou no cast da TV Tupi, e participou de dezenas de teleteatros e capítulos de novelas anteriores à fase diária do gênero.

Nos anos 1960, já era diretor, e foi se dedicando cada vez mais à função por trás das câmeras a partir dos anos 1980. Pão-pão, Beijo-beijo já é desta fase excepcional do Henrique ator – e esta novela ele também dirigiu, com Gonzaga Blota e Atílio Riccó.

Era a volta de Henrique à TV Globo, da qual foi um dos principais atores e diretores nos primórdios da emissora.

Entre 1966 e 1968, o profissional atuou em novelas como O Sheik de Agadir e Anastácia, a Mulher Sem Destino, nas quais acumulou direção e interpretação de papéis centrais. Era o próprio Sheik, por exemplo, disputando Jeannette (Yoná Magalhães) com Maurice (Amilton Fernandes).

Após uma passagem pela TV Excelsior entre 1968 e 1970, com trabalhos como Os Diabólicos, Henrique Martins voltou à TV Tupi e ficou na emissora até o fim da década. Participou como ator, na Tupi, de novelas como A Gordinha (1970), O Meu Pé de Laranja-lima (1970/71), Mulheres de Areia (1973/74) e Um Dia, o Amor (1975/76). Na direção, o profissional foi responsável por sucessos como A Barba Azul e Ídolo de Pano, ambas de 1974/75.

Além disso, o artista participou das duas primeiras versões do clássico cubano O Direito de Nascer para a TV brasileira. Entre 1964 e 1965, deu vida ao mau-caráter Alfredo Martins, pai de Albertinho Limonta (Amilton Fernandes). Já entre 1978 e 1979 seu papel foi o de Dom Ricardo de Monteverde, outro mau-caráter, genro de Dom Rafael (Aldo César) e cunhado de Maria Helena (Eva Wilma).

Antes de fazer mais alguns trabalhos na TV Globo nos anos 1980, Henrique Martins iniciou a década na TV Bandeirantes, na qual dirigiu novelas como Os Imigrantes (1981/82), Ninho da Serpente (1982) e Campeão (1982/83).

No SBT, Henrique Martins foi um dos mais importantes diretores do departamento de teledramaturgia, em várias passagens. Em meados dos anos 1990, ao lado de Nilton Travesso, Del Rangel e Antonino Seabra rendeu prestígio ao canal com trabalhos como Éramos Seis e Sangue do Meu Sangue.

Já nos anos 2000, foi o principal diretor da sequência de novelas adaptadas de originais estrangeiros iniciada em 2001 com Pícara Sonhadora e que teve também Amor e Ódio, Marisol e Os Ricos Também Choram, entre outros títulos.

Antes de sua fase anos 1990 no SBT, Henrique Martins passou pela TV Manchete, como diretor (A História de Ana Raio e Zé Trovão, unitários do programa Fronteiras do Desconhecido e minisséries como Filhos do Sol) e até apresentador, ao comandar o jornalístico Manchete Especial – Documento Verdade.

Henrique Martins morreu na manhã de 26 de agosto de 2018, a dois dias de completar 85 anos, em São Paulo. Ele estava internado no hospital Samaritano, na capital paulista, após sofrer uma queda em casa e fraturar duas costelas.

Martins já estava fora da UTI, se recuperando, mas teve falência múltipla de órgãos. Fica o agradecimento pelas décadas de dedicação à teledramaturgia.

Seus últimos trabalhos foram como ator: o Senador Érico de Ribeirão do Tempo (2010/11), na TV Record, e uma participação como o Sr. Lourenço em Carrossel (2012/13), no SBT, atualmente em reprise. Sua contribuição à teledramaturgia talvez ainda não seja reconhecida como se deve.

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