Curiosidades da TV

Em 1990, sucesso de Pantanal fez Manchete reprisar novela recente para ampliar faixa nobre

Salto de interesse do mercado publicitário levou emissora à decisão

Publicado em 04/04/2022

A colunista Edianez Parente relembrou aqui no Observatório da TV que, em 1990, a extinta TV Manchete era obrigada a recusar mais de 30 anúncios para seus intervalos comerciais diariamente, diante da falta de espaço no horário nobre para abrigar a todos nas condições desejadas. Eram os dias da novela Pantanal, em cartaz às 21h30.

A novela de Benedito Ruy Barbosa ocupava, em sua versão original, o principal e então único horário destinado pela emissora a produções inéditas do gênero. Havia reprises à tarde, como as de Corpo Santo (1987) e Carmem (1987/88).

A faixa nobre da Manchete na ocasião tinha início às 20h30, com o Jornal da Manchete, apresentado por Eliakim Araújo e Leila Cordeiro. Em seguida entrava a novela Pantanal e, às 22h30, a linha de shows da casa, com programas como Fronteiras do Desconhecido, que exibia unitários de cunho sobrenatural, e o humorístico Cabaré do Barata, com Agildo Ribeiro.

O repeteco precoce de Kananga do Japão

Para deixar de perder dinheiro ao ter que recusar 33 anúncios todos os dias, a Manchete programou para as 19h30, antecipando em uma hora seu horário nobre em termos comerciais, a reprise de Kananga do Japão, de Wilson Aguiar Filho.

Christiane Torloni e Raul Gazolla em Kananga do Japão (Reprodução)
Christiane Torloni e Raul Gazolla em Kananga do Japão (Reprodução)

Passada na década de 1930, a história era protagonizada por Christiane Torloni no papel de Dora, uma moça cuja família perde tudo após o crack da Bolsa de Nova York e vai morar no Rio de Janeiro. Ela se envolve com Alex (Raul Gazolla), um homem da noite, ligado a Lisette (Elaine Cristina) e a Letícia (Tônia Carrero), mãe de Danilo (Giuseppe Oristânio), que se casa com Dora e representa a volta de dias de tranquilidade financeira. E também de muita infelicidade.

A novela havia sido a antecessora de Pantanal, e seu último capítulo fora exibido em 24 de março de 1990. A reestreia ocorreu em 21 de maio, menos de dois meses depois.

Junto à medida, a emissora também modificou seus preços, a fim de se aproveitar do bom momento que deu condições à intenção de cobrar mais pelos espaços publicitários. Para disfarçar a “recência” de Kananga do Japão e aludir também à ousadia do projeto em relação, por exemplo, à TV Globo, a Manchete promoveu a reprise com a frase “A diferença entre ver de novo e ver o novo”.

No segundo semestre de 1991, a própria Pantanal ganhou uma reprise precoce na faixa das 19h, enquanto o horário inédito de teledramaturgia seguia com A História de Ana Raio e Zé Trovão, sua sucessora.

Por sua vez, Kananga do Japão seria reapresentada novamente, praticamente no mesmo horário, em 1997. Desde então a história não teve outras exibições na televisão brasileira.

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