Crítica de TV

Caprichada em reconstituição de época e com bons desempenhos do elenco, Amor Perfeito tem primeiro capítulo “corrido”

Acontecimentos da estreia renderiam tranquilamente uma primeira semana inteira

Publicado em 21/03/2023

A TV Globo estreou nesta segunda-feira (20) sua nova novela das 18h, Amor Perfeito, com a qual Duca Rachid, Júlio Fischer e Elísio Lopes Jr. têm a responsabilidade de manter os bons resultados obtidos por Mário Teixeira com sua Mar do Sertão.

Ambientada entre as décadas de 1930 e 1940 numa cidade fictícia do interior de Minas Gerais, Águas de São Jacinto, Amor Perfeito é centrada no grande amor de Maria Elisa, a Marê (Camila Queiroz), universitária no começo da história, e Orlando (Diogo Almeida), um jovem médico. O pequeno Marcelino (Levi Asaf) é fruto desse romance, que tem muitos impedimentos já de saída.

Madrasta da moça, Gilda (Mariana Ximenes) é descoberta pelo marido, o empresário do ramo hoteleiro Leonel Rubião (Paulo Gorgulho), em seu caso extraconjugal com Gaspar (Thiago Lacerda), filho do prefeito da cidade, Anselmo (Paulo Betti), e noivo de Marê. Para não perder a boa vida e a fortuna de Leonel, Gilda o mata a sangue frio a tiros durante a festa de inauguração de um café-concerto no Grande Hotel Budapeste, propriedade do empresário.

Gilda tem nas mãos a oportunidade de jogar a culpa do crime em Marê, já que a jovem fugira para encontrar Orlando, depois de receber dele um telegrama no qual o médico diz que seu pai, Virgílio (Christovam Netto), acaba de falecer. Virgílio fora sócio de Leonel no passado, e escorraçado por ele após uma acusação de trapaças financeiras.

Nas cenas iniciais de Amor Perfeito já vemos bons desempenhos gerais dos atores principais, mais explorados nesse capítulo inicial, claro. De volta à TV Globo após Verdades Secretas II (2021), Camila Queiroz mostra que agarrou Marê com unhas e dentes e deve “entregar” uma boa interpretação na novela. O mesmo vale para Mariana Ximenes e Thiago Lacerda como os antagonistas ambiciosos e de mau-caráter. E uma pena que Paulo Gorgulho saia da história tão já.

A impressão que ficou, apesar da reconstituição de época de encher os olhos – com direito até a uma Priscilla Alcântara muito parecida com Carmen Miranda, que interpretou numa participação -, belos figurinos, boas surpresas como Analu Prestes (outra que lamento permaneça tão pouco na novela, já que sua personagem deve morrer já, já), foi a de que esse primeiro capítulo de Amor Perfeito renderia vários outros, quem sabe mesmo toda uma primeira semana de personagens apresentados com menos pressa, ainda mais oportunidades para o elenco brilhar e termos uma segura e certeira empatia com Marê e seu romance com Orlando, o casal separado por Gilda.

Não faz muito, em Cara e Coragem, de Cláudia Souto, tivemos também uma personagem que concentrava em si muitos segredos, a milionária Clarice Gusmão (Taís Araújo), retirada de cena muito cedo, antes que o público pudesse conhecê-la bem e, com isso, ter curiosidade por seu destino e ficar instigado com seu desaparecimento e as intrigas de sua família e sua empresa. Talvez, se Clarice tivesse permanecido mais capítulos no ar antes de passar várias semanas supostamente morta, seu drama tivesse despertado mais interesse dos espectadores.

Amor Perfeito tem ingredientes para conquistar o público da faixa das 18h da TV Globo – e manteve o ibope da antecessora em média, conforme dados iniciais. Mas não precisaria ter estreado com um capítulo tão “corrido”. Se um casal que se ama vai ficar separado por forças malignas, e ainda por cima tem um filho, fruto de seu amor, criado por freis, quanto mais fizermos a audiência sofrer por eles no começo para que torça por seu desfecho feliz, melhor. Sem pressa.

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