PRECONCEITO

Zezé Motta relembra ataques racistas que sofreu na novela Corpo a Corpo e choca o público

Atriz relembrou as mensagens de ódio que recebia através da secretária eletrônica do ator Marcos Paulo

Publicado em 18/11/2022

Nesta quinta-feira (18), a atriz Zezé Motta, de 78 anos, participou do quadro TBT, do Encontro com Patrícia Poeta, e relembrou os ataques racistas que ela sofreu durante as gravações da novela Corpo a Corpo (1984), na TV Globo. Na época, a veterana fazia par romântico com Marcos Paulo (1951-2012) e recebia dezenas de mensagens odiosas através da secretária eletrônica do falecido ator.

“Você era a Sônia, contracenava com o Marcos Paulo, eram um casal. O preconceito ultrapassou a ficção, né, Zezé? Eu lembro que parte do público foi muito preconceituosa, muito racista”, comentou Patrícia Poeta.

“Na época, foi uma loucura, uma surpresa super desagradável para todos nós, para o autor da trama, para mim, para o Marquinhos. O Marcos Paulo chegava em casa e tinha recados na secretária eletrônica dele. Era aquela época da secretária eletrônica, né? Recados, assim, desaforados, revoltados e agressivos. Dizendo ‘ah, não acredito nesse casal’, ‘você beijando uma mulher horrorosa’”, disse Zezé Motta.

Em seguida, a veterana atriz falou sobre uma das mensagens que a mais deixou chocada, na época. “Teve um homem que foi horrível, eu fiquei chocada. Ele falou: ‘Se a Globo me obrigasse a beijar essa negra feia, eu lavaria a boca quando chegasse em casa com água sanitária. Umas coisas horríveis, horríveis“, lamentou.

Zezé Motta também se recordou com muito carinho do seu papel em A Próxima Vítima (1995), em que mulheres negras tinham autoridade na história e não precisavam viver em torno dos personagens interpretados por homens brancos.

“Teve uma época em que os atores negros não tinham família. Não tinham pais, não tinham mães, não tinham filhos. Sempre eram serviçais de uma família branca e tal. E, de repente, eu era uma dona de casa, trabalhava fora, tinha marido e dois filhos. Antonio Pitanga era meu marido, Camila [Pitanga] era minha filha… Foi muito incrível. A realização de um sonho. Me senti vencedora de uma luta”, destacou a veterana.

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