Cinderela 77

Perda do cenário artístico deste domingo, Vanusa já protagonizou novela; relembre

História foi exibida pela TV Tupi numa faixa destinada ao público infantojuvenil

Publicado em 08/11/2020

Falecida neste domingo (8) aos 73 anos na cidade de Santos, litoral paulista, a cantora Vanusa representa muito mais do que alguém confuso, que se esquece da letra do Hino Nacional Brasileiro em eventos cívicos, como os mais jovens podem pensar devido a um vídeo que viralizou alguns anos atrás na internet.

Vanusa lançou mais de 20 álbuns em cerca de 50 anos de atividade como cantora, e em suas gravações procurou falar para a mulher do seu tempo. Isso tanto em composições românticas quanto em outras focadas em fatos que se tornaram comuns nas discussões da sociedade, como a mulher descasada.

Feminista quando o termo nem moda era, Vanusa fazia jus ao “título” em seu trabalho de artista. “Manhãs de Setembro”, “Estado de Fotografia” e “Paralelas” são alguns de seus sucessos das paradas musicais. Ademais, na década de 1970 Vanusa fez duas incursões em novelas como atriz.

Numa participação em Marron Glacé, de Cassiano Gabus Mendes (TV Globo, 1979/80), ela foi Stela, jovem que desperta o ciúme de Vanessa (Sura Berditchevsky), já que era apresentada como namorada de Otávio (Paulo Figueiredo).

Pouco antes, em 1977, na TV Tupi, Vanusa protagonizou com Ronnie Von a novela Cinderela 77, escrita por Chico de Assis e Walther Negrão. Os dois escritores escreveram três obras para a emissora do Sumaré em dupla, entre 1975 e 1977, e esta foi a terceira.

Exibida na faixa das 18h, Cinderela 77 tinha como proposta fazer uma versão modernizada do clássico Cinderela, de Charles Perrault, com toda a liberdade possível para encaixar a história na atualidade daquele tempo.

Bárbara (Leda Senise), Cassandra (Kate Hansen) e Catarina (Elisabeth Hartmann) em Cinderela 77
Bárbara (Leda Senise), Cassandra (Kate Hansen) e Catarina (Elisabeth Hartmann) em Cinderela 77 (Reprodução/TV Tupi/BCC Cinemateca Brasileira)

De maneira que Cinderela (Vanusa) seguia maltratada pela madrasta, Catarina (Elisabeth Hartmann), e pelas filhas dela, Cassandra (Kate Hansen) e Bárbara (Leda Senise), mas seu príncipe encantado era Cid Baluarte, ou Cid Balu (Ronnie Von), um rico herdeiro.

Filho do Rei da Abóbora, Lupércio Baluarte (Mário Benvenutti), que vendia suas abóboras Cid era alvo do interesse de Cassandra, embora ela fosse namorada de Pefinho (Ney Sant’Anna), amigo do Príncipe. Em disputa estavam também os interesses da fábrica Cinderela, assim nomeada pelo pai da moça, que produzia doce de abóbora

Mas Cinderela também despertava o amor de Anjo (Ricardo Petraglia), um motoqueiro que liderava uma gangue. Os ricos eram tidos por “gatos” e os pobres motorizados eram os “ratos”. A jovem órfã era causadora de discórdia entre Cid e Anjo, bastante amigos.

Os autores faziam referência a diversas histórias clássicas, até porque pretendiam levar adiante um projeto de outras adaptações modernizadas. Mas a TV Tupi já não vivia seus melhores dias, e não apenas a sequência de obras não vingou como também Cinderela 77 teve nível de produção aquém do que a modernidade do projeto merecia e exigia.

No elenco, ainda as presenças de Paulo Hesse, Oswaldo Campozana, Silvana Lopes (a Fada Madrinha), Walter Prado, Older Cazarré, Glauce Graieb, Ângelo Antônio (que com Walther Negrão já havia feito O Primeiro Amor, na Globo, em 1972), Cinira Camargo, João Acaiabe e Alberto Baruque, entre outros. A direção foi de Antonio Moura Mattos.

Exibida de maio a agosto de 1977, Cinderela 77 foi um projeto da breve gestão de Roberto Talma à frente da programação da TV Tupi. Tão breve que Talma já não estava mais na emissora quando a novela entrou no ar…

Os capítulos contaram com a narração do famoso Ramos Calhelha, cuja voz se consagrou especialmente em filmes dos estúdios de Walt Disney. Na época, a faixa das 18h da Tupi exibiu outras novelas destinadas ao público infantojuvenil, como O Velho, o Menino e o Burro (1975) e Papai Coração (1976).

No vídeo abaixo, o primeiro capítulo da novela:

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