Dia 12

Glória Perez fala sobre O Clone, que chega ao Globoplay

Novela foi recentemente reprisada pelo Canal Viva, entre dezembro de 2019 e agosto de 2020

Publicado em 09/10/2020

Exibida originalmente entre outubro de 2001 e junho de 2002 em 221 capítulos, a novela O Clone entra para o catálogo do Globoplay nesta segunda-feira (12), em continuidade ao projeto de resgate de novelas clássicas da plataforma de streaming. A autora Glória Perez falou sobre esse que é um dos mais significativos trabalhos de sua carreira.

A novela nasceu da impressão que me causou o nascimento da Dolly. Se era possível clonar uma ovelha, em tese, seria possível também clonar um ser humano”, relembra Glória.

“E que problemas de identidade teria esse indivíduo? Que lugar no mundo, como a cópia de alguém? Eu quis pensar sobre isso e escrever é um jeito de pensar sobre as coisas que nos interessam. A experiência da clonagem humana suscita muitas questões éticas e filosóficas. Por um lado, é a tentativa do homem de criar uma vida, pondo-se num lugar até então só concebido a Deus. Era o homem ocidental desafiando Deus”, prossegue a autora, e em seguida explica o porquê de ter escolhido falar também dos muçulmanos.

“Para falar sobre isso, fui buscar o contraponto na cultura muçulmana. E por isso eles entraram na história. Foi um trabalho de muita pesquisa, porque se trata de uma cultura muito diferente e que sempre chegava a nós através de estereótipos. Estive no Cairo e no Marrocos, convivendo com pessoas comuns, participando dos seus cotidianos, estive com sheiks, estudei o Alcorão.”

Glória Perez afirma que ao escrever O Clone procurou ter cuidado para não ferir sentimentos religiosos. Lembrando que a novela estreou menos de um mês após os atentados às Torres Gêmeas, em Nova York, ligados a muçulmanos.

“Assim, me preparei para contar a história: de modo que os muçulmanos se reconhecessem. E buscando, como em todos os meus trabalhos, falar da diversidade, lembrar que, para além do nosso umbigo, nossa visão de mundo é apenas mais uma, entre tantas outras.”

A autora de A Força do Querer, reprisada atualmente em “edição especial”, também relembrou o desenvolvimento da temática do vício em drogas no enredo de O Clone:

“Para escrever sobre dependência química, fiz também uma pesquisa de campo. Como em todas as minhas novelas, escolhido o tema, fui conversar com as pessoas que viviam essa condição, frequentando clinicas e ouvindo, diretamente, os relatos dessa vivência. Até então eu sabia dos dependentes químicos pelo que ouvia dos médicos, dos familiares, da polícia. Quis dar voz a eles. E perguntar, como sempre, o que gostariam de dizer para a sociedade. Esse foi o caminho.”

Sobre o grande apelo que a novela ainda conserva, mesmo depois de quase 20 anos de sua estreia e de duas reprises, uma delas (a do Canal Viva) recém-encerrada, Glória Perez pensa que “É uma história muito humana, e com temas muito atuais: clonagem, dilemas éticos, experiências como as quimeras, dependência química, dramas familiares, amores. E existe também o aspecto muito lúdico da cultura muçulmana, a beleza das vestimentas, das maquiagens, as danças, os costumes…”

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