Marina Ruy Barbosa revela como se prepara para personagem: “Grito antes de entrar em cena”

Publicado em 19/12/2017

Não há desafio que Marina Ruy Barbosa não consiga cumprir. A estrela que estreou em novelas aos 9 anos de idade, está lidando com mais um desafio: interpretar Amália, a plebeia e protagonista de Deus Salve o Rei, nova novela das 19h, que estreia no dia 9 de janeiro. Para dar vida à personagem, Marina fez aulas de culinária, arco e flecha, e controlou seu medo de andar a cavalo em alta velocidade, como contou em um bate papo com o Observatório da Televisão. Confira:

Leia também: O Outro Lado do Paraíso: Mariano “muda de time” e ajuda Clara a se vingar de Sophia

Você disse anteriormente que já desenvolveu um amor pela Amália, sua personagem em Deus Salve o Rei. Como é isso?

A Amália tem uma força muito grande, ela é muito guerreira, intensa. Falo que ela é uma mistura de fogo e terra, tem uma garra, o que está me inspirando um pouco. Cada personagem que a gente faz, mexe um pouco com nossa forma de pensar, e ela me dá força. Me sinto muito poderosa, muito forte, quando estou com figurino. Ela é uma plebeia que anda a cavalo, luta, enfim. Em torno dela, tem muita ação. A minha experiência está sendo incrível, por isso admiro tanto a personagem e digo que queria ser ela.

Você tem essa mesma intensidade da personagem?

Eu sou intensa sim. Acho que a Amália é focada, e, eu também. Comecei a trabalhar muito nova, aos 9 anos, e sempre lutei muito pela minha carreira, e para realizar os meus sonhos. A personagem também tem essa determinação, é o que temos em comum. Mas, ela é muito mais guerreira que eu.

Ela é romântica?

Ela é sim. Acho que os personagens do Daniel são muito bem construídos, o que faz com que nenhum deles seja uma coisa só. A Amália tem seu lado forte, seu lado guerreira, e tem os momentos de delicadeza. Ela acredita no amor, que ela pode casar com o cara que ela ama e ser feliz para sempre sim.

Você casou recentemente. Também acredita nesse amor para sempre?

Com certeza! Acredito super no amor, tanto que minha escolha de casar foi por isso. O Xande é uma pessoa muito especial, e quero lá na frente olhar para trás e ver o que construímos, nossa família, enfim.

E o que muda em sua vida depois do matrimônio? 

O que vai mudar é que vou ganhar um sobrenome a mais, porque ainda tenho que mudar os documentos. No dia a dia não mudou nada, o amor continua igual.

E como está sendo a nova vida como dona de casa? Você já aprendeu a como administrar uma casa?

Eu estou aprendendo a fazer tudo isso. Ainda mais com novela junto, vou aprendendo aos poucos. Como ele é um bom dono de casa, as coisas ficam mais fáceis, ainda mais porque ele divide as tarefas comigo. Ah, interessante que o Afonso na novela também é muito parceiro da Amália nesse sentido, ele a ajuda na feira, o que faz com que seja um casal potente.

Você acha que essa cumplicidade é o segredo da relação?

Não sei se existe um segredo, afinal, sou tão nova ainda, e estou começando algo agora, mas acho que o ideal é sempre existir essa parceria, respeito, conexão e sempre se importar e cuidar do outro.

E ele entende a sua profissão, sobretudo esse período antes da estreia da novela em que você está totalmente focada?

Entende sim. Se ele não entendesse eu não estaria com ele, e não teria me casado, afinal, me conheceu sendo atriz e sabe o quanto amo atuar, e é o que quero fazer para o resto da minha vida, é isso que me emociona, me motiva, e me faz sair daqui todos os dias realizada. Esse trabalho é diferente de tudo o que eu já fiz, ela é uma personagem linda, nossa história, união da equipe, elenco, cenografia e caracterização. Se eu estivesse ao lado de alguém que não entendesse, eu não me sentiria feliz.

Muitas atrizes ao darem à luz, resolvem interromper a carreira por um tempo. Você vai querer fazer isso quando for mãe?

Eu acho que cada momento é um momento diferente. Não dá para fazer planos a longo prazo, tenho 22 anos, então, filho não está nos meus planos agora. Quando eu sentir que é hora certa, e for mãe, vou decidir se irei ou não parar.

Como foi a preparação?

Tive aulas de arco e flecha, hipismo, culinária, luta com espada e dança medieval.

Teve alguma dessas aulas que foi mais difícil para você?

Eu já andava a cavalo, mas correr no cavalo me deu certo receio. A gente sempre tem medo de se machucar, e precisei aprender a não ter esse medo.

Você e a Bruna Marquezine são atrizes que iniciaram a carreira ainda crianças. Como é para você, agora adulta, ainda estar aqui colhendo o que plantou lá atrás?

Eu fico muito emocionada, porque a gente começa muito pequena e com muitos sonhos. Ah, eu não quero chorar (emocionada). Desculpa, começamos com muitos desejos e muitas vezes as pessoas pensam que é fácil, mas não é. Essa é uma profissão em que a gente luta muito pelo que quer, estuda muito, é uma profissão que respeito e a cada dia amo mais, é meu oficio. Me sinto realizada por descobrir tão cedo o que queria da minha vida, e a cada personagem que me dão, vejo como um presente e uma responsabilidade. Quero fazer com que essas pessoas que acreditaram no meu trabalho, fiquem felizes e orgulhosos como estou. É muito legal estar com a Bruna neste momento, porque admiro muito as meninas que começaram pequenas e estão aí, como ela, como Isabelle Drummond também. Esse encontro meu e da Bruna em cena, é muito interessante, porque começamos na mesma época, mas nunca trabalhamos juntas, é bom ver duas meninas que se tornaram mulheres, cada uma do seu jeito, cada uma com sua vida e lutando pelos sonhos.

Qual sonho você ainda tem na carreira? Qual tipo de personagem você ainda sonha fazer?

Eu quero fazer personagens que me desafiem, e me tirem da zona de conforto. Essa é a minha 12ª novela, e eu nunca tinha feito uma personagem de época, e vim parar aqui, numa novela medieval, com arco e flecha, chroma key, onde usamos a imaginação. Aqui já estou realizando um sonho com essa personagem tão forte, num projeto tão diferente, que nunca foi feito no Brasil, então, isso para mim é um dos sonhos. E quero novas surpresas pela frente.

Como foi construir uma personagem tão distante, de um outro tempo, e de um outro lugar?

Eu acho que um dos desafios de fazer uma novela dessa é justamente essa distância com a nossa realidade. São roupas diferentes, cenários diferentes, então, temos que nos acostumar e trabalhar com a imaginação. Tudo para mim foi diferente, o texto do Daniel ajuda muito por ser formal e ao mesmo tempo natural, a postura da Amália é diferente, o que me preocupa muito. Eu tenho um grito que dou antes de entrar em cena, um aquecimento que foi surgindo para deixar vir essa energia, e todos os outros atores ficam me imitando (risos). Ela é uma personagem potente, não é frágil. São essas coisas que a gente aprende para que a personagem tenha uma construção diferente de corpo, de olhar.

O Aguinaldo Silva declarou que mesmo você fazendo Deus Salve o Rei, ele não abre mão de você na novela dele…

Eu também não abro mão dele (risos). Sou grata ao Aguinaldo, eu o amo, ele me deu uma personagem incrível em Império, foi meu padrinho de casamento, e é um cara que admiro e respeito muito. Falei para ele que sempre que ele quiser, estarei disponível para ele. O combinado com a casa foi que eu fizesse Deus Salve o Rei, mas que isso não impedisse que eu entrasse para a novela do Aguinaldo, então, por enquanto, está tudo certo.

Mas você vai emendar uma na outra, sem descansar?

Vou! Mas amo trabalhar, não quero ficar parada não.

Deus Salve o Rei fala sobre a diferença de classes, afinal, o Afonso é um nobre e a Amália uma plebeia. Você, Marina, já viveu algo semelhante a isso em seus relacionamentos?

Em relacionamentos não, mas todo mundo já passou por situações de ver discriminações, ou presenciar situações constrangedoras. No caso da Amália, as pessoas a recriminam por ser plebeia, mas acho que o amor é capaz de superar tudo e quebrar barreiras e preconceitos.

Você lançou um livro recentemente. Como foi essa experiência como escritora?

Gosto de deixar isso bem claro, porque pode parecer pretensioso, mas não pretendo ser escritora nem nada disso. Sempre gostei de ler poesias, e tive a oportunidade de estudar num colégio que incentivava a leitura, me preocupo em poder passar isso em frente. Sei que tenho uma rede social e que muitas meninas mais novas ou da minha idade, me seguem, e mesmo sendo jovem, e ainda procurando meu lugar no mundo como cidadã e como mulher, me sinto responsável pelo que posso levar de bom para as pessoas. Fazer campanhas publicitárias faz parte do meu trabalho, mas não quero só isso, quero ter a oportunidade de incentivar coisas positivas. Quando surgiu a oportunidade de escrever um livro na Companhia das Letras, não pensei duas vezes. Mentira, pensei sim (risos). Pensei: “Será que vão me julgar?”, mas percebi que se eu ficar preocupada com tudo o que podem falar, ou o que podem achar, nunca vou sair do lugar. Então, dane-se. Nós não precisamos nos rotular, podemos ser um pouco de tudo quando quisermos e estou sempre aberta a novas experiências.

A Amália vende caldos na feira de Artena. Você cozinha alguma coisa em casa?

Eu agora estou cozinhando, um pouco, mais estou, justamente por causa da Amália.  Fiz um laboratório de alguns dias na cozinha do Mais Você, para aprender a preparar algumas receitas. Em casa, tenho feito uns caldos, umas sopas ótimas.

O que mais lhe chama mais atenção na Amália?

O bacana da Amália é que ela é atual, independente, não abaixa a cabeça para ninguém. Tem a oportunidade de virar princesa num certo momento da trama,  mas não aceita porque tem os princípios dela, e receio do que isso vai gerar no amor dela pelo Afonso.

O que você fez para ela não ficar uma protagonista chata?

Eu acho melhor esperar, e vocês assistirem para tirarem as conclusões. Sou completamente apaixonada por essa personagem, não a acho nada chata.

Na vida real você é uma mulher que tudo o que sai sobre você, é associado a valores. Se você sai com uma roupa, publicam o valor da roupa, e por aí vai. Em qual momento se sente uma mulher comum, sem todo esse glamour?

Uma das coisas que mais me incomoda de certa forma é quando saem notícias assim: “Marina Ruy Barbosa usa bolsa de tantos mil”, porque às vezes nem é esse valor todo, e muitas vezes é um produto emprestado, que a gente usa e devolve para as marcas depois de determinado evento. O que eu acho é que minha vida é muito mais que isso, mas infelizmente alguma parte da imprensa foca exatamente nisso. Uso um monte de roupa de marcas que são acessíveis e não tem preços caros, mas sempre chamam atenção para o que é caro. As pessoas não se importam se eu noivei e sim, com o valor do anel ou quantos quilates ele tem.  Isso é mais do olhar de quem está de fora do que meu. Fica parecendo ostentação o tempo inteiro, o que não é real. Fica muito fútil e superficial e tem tantas coisas para serem faladas. Adoro moda sim, mas moda não tem a ver com preço. Dá para se vestir super bem gastando pouco.

A novela é medieval. Você se inspirou em algo como livros ou filmes?

De modo geral, pela novela ser medieval procurei séries e filmes que fossem desse universo, como Game of Thrones, Vikings, mas nossa história é muito diferente. Só se passa nessa época, nesse mundo lúdico.

A Amália vai ter um envolvimento com o Cássio, personagem do Caio Blat, né? 

Talvez! Admiro o Caio, trabalhamos algumas vezes juntos, e se for acontecer, vai ser uma experiencia ótima. Por enquanto sou hashtag “Afonsália”, e já shipo esse casal. Por ser uma obra aberta, tudo pode acontecer.

Você acredita que a novela vai atrair o público que gosta de séries?

Acho que sim, é um projeto muito bonito e caprichado. Gente, vocês não têm noção o quanto está todo mundo feliz e unido em nossa equipe. Viramos uma família mesmo. Choramos, rimos, sofremos juntos. O Daniel e o Fabricio têm um jeito próprio de conduzir as coisas, que vira essa unidade. Acho que é uma novela que está aí para surpreender e abrir novos caminhos e novas possibilidades na TV.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade