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Há 40 anos, Band tirou novela baseada em psicografia de Chico Xavier do ar de um dia para outro

Atração da faixa nobre, produção cara ficou apenas duas semanas em cartaz

Publicado em 29/08/2022

Entre o fim dos anos 1970 e o começo dos anos 1980, com a fragilidade e o fim da TV Tupi e o mercado de televisão aquecido pelo surgimento de duas novas redes – o SBT e a Manchete -, a TV Bandeirantes voltou a investir em teledramaturgia após 10 anos ausente da briga pelo público noveleiro.

Embora não fossem grandes campeãs de audiência, novelas como Cara a Cara, Cavalo Amarelo, O Meu Pé de Laranja-lima, Os Imigrantes e Ninho da Serpente chamaram a atenção na época e foram elogiadas pela crítica. Para dar prosseguimento ao filão, no qual apostou alto, a emissora resolveu adaptar um romance psicografado por Chico Xavier, em 1982.

Nome bastante identificado com a dramaturgia da Tupi, o ator e diretor Geraldo Vietri pretendia adaptar Renúncia desde 1979, conforme declarou em entrevista à época da estreia da produção da Band. A história é assinada pelo espírito Emmanuel, e se passa em meados do século 19, na Europa. O primeiro capítulo foi exibido em 30 de agosto de 1982.

O amor de Cirilo de Davemport (Fúlvio Stefanini) e Madalena de Vilamil (Berta Zemmel) é o tema central do enredo. Os dois são separados por intrigas de primos seus, respectivamente Suzana (Geórgia Gomide) e Antero (Carlos Capeletti). Prometidos a Cirilo e Madalena há muito tempo, eles armam para que os dois se afastem e seus planos se concretizem.

Suzana faz Cirilo acreditar que Madalena é uma das muitas vítimas de uma epidemia de cólera que se abate sobre Paris, centro da ação. Acreditando-se distante para sempre de Cirilo, Madalena dá à luz um fruto do amor do casal: Alcione (Cláudia Alencar).

Yara Lins, Chico Martins, Xandó Batista, Laura Cardoso, Elias Gleizer, Luiz Carlos de Moraes, Josmar Martins, Lúcia Mello, Flamínio Fávero, Ísis Koschdoski, Zecarlos de Andrade, Serafim Gonzalez e Noemi Gerbelli, entre outros, também estiveram no elenco.

Novela de época, feita para a concorrida faixa das 20h, passada na Europa, elenco qualificado… Indicadores de grandes investimentos. Mas a resposta de audiência não foi a esperada. De maneira que a TV Bandeirantes aproveitou o início do horário eleitoral, em meados de setembro, para tirar Renúncia do ar.

Naquele ano, foram realizadas eleições para cargos como governador e senador, além de deputados. Só para ilustrar, os paulistas elegeram Franco Montoro para o governo, enquanto os mineiros elegeram Tancredo Neves e os fluminenses, Leonel Brizola.

Na época, falou-se que a novela voltaria à tela após o período das eleições, com Marcos Caruso à frente do texto. Mas não foi o que aconteceu. Apenas os primeiros 12 capítulos foram exibidos.

A propósito: houve outra novela chamada Renúncia, exibida pela TV Record em 1964, mas que nada tem a ver com a história de Emmanuel, adaptada por Vietri para a Band.

A Renúncia dos anos 1960 foi escrita por Walther Negrão e Roberto Freire, a partir de uma radionovela de Oduvaldo Vianna, e foi um dos primeiros trabalhos do ator Francisco Cuoco no gênero.

Ele vivia Miguel Borges, um músico por quem Ângela (Irina Greco) se apaixonava enquanto se desenrolava uma trama de esclarecimento da paternidade da moça. Seu pai era o milionário Tristão de Lemos (Francisco Negrão).

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