Teledramaturgia

Em meio a “onda” de remakes, confira cinco novelas que poderiam ganhar novas versões na Globo

Histórias dos anos 1970, 1980 e 1990 possuem em geral forte apelo junto a um público que ama o gênero

Publicado em 30/10/2023

O recente sucesso de Pantanal e a produção de novas versões para Elas por Elas e Renascer, além de notícias que circulam sobre Vale Tudo e Irmãos Coragem também voltarem em releituras, fora Dona Beja, que o HBO Max já está gravando, levam à impressão de que haja uma onda incomum de remakes, “falta de criatividade”, quando na verdade a prática não é nenhuma novidade.

Em meados dos anos 1990, por exemplo, enquanto a TV Globo fez Mulheres de Areia, Sonho Meu, A Viagem e Irmãos Coragem, o SBT atacou de Éramos Seis, As Pupilas do Senhor Reitor, Sangue do Meu Sangue e Razão de Viver, e a Band por pouco não exibiu um remake de Uma Rosa Com Amor.

Histórias antigas possuem em geral um grande potencial junto a um público que ama o gênero folhetim em capítulos. A coluna indica cinco histórias, entre muitas possibilidades, nas quais a TV Globo poderia apostar para produzir novas versões, devidamente revistas e adequadas aos nossos tempos, apresentando clássicos da teledramaturgia a um novo público e oferecendo-os novamente a uma parcela da audiência que conheceu a versão original, e pode agora ter uma nova experiência.

Bandeira 2

Taís (Elizângela) e Tucão (Paulo Gracindo) em Bandeira 2
Taís (Elizângela) e Tucão (Paulo Gracindo) em Bandeira 2 (divulgação)

Escrita por Dias Gomes para o horário das 22h em 1971-1972, Bandeira 2 marcou uma virada na carreira de Paulo Gracindo, àquela altura já um veterano, mas que na TV não havia recebido personagens que estourassem tanto quanto Artur do Amor Divino, o Tucão, bicheiro que dominava a região de Ramos, zona norte carioca.

Enquanto lidava com os problemas de seus filhos, o introvertido Zelito (José Wilker) e a rebelde Taís (Elizângela), Tucão enfrentava o velho inimigo Jovelino Sabonete (Felipe Carone), seu rival na disputa pelo controle do jogo do bicho. E pai de Márcio (Stepan Nercessian), que se envolve com Taís. A moça também é alvo do interesse de Quidoca (Milton Moraes), homem de confiança de Tucão.

A novela também tratava de Noeli (Marília Pêra), mulher que encara o trabalho como taxista ao desfazer seu casamento com Tavinho (José Augusto Branco) e se apaixona por Zelito, e figuras ligadas à escola de samba Imperatriz Leopoldinense, como o compositor Zé Catimba (Grande Otelo) e sua musa Lena (Jacyra Silva).

Os Ossos do Barão

Paulo Gracindo em Os Ossos do Barão (Divulgação/TV Globo)
Paulo Gracindo em Os Ossos do Barão (Divulgação/TV Globo)

Também na faixa das 22h, a TV Globo exibiu em 1973-1974 Os Ossos do Barão, de Jorge Andrade, já revisitada pelo SBT em 1997. No entanto, não apenas a distância temporal (26 anos) como também o histórico de valor dramatúrgico da obra, sucesso desde seu lançamento no teatro no começo dos anos 1960, além da impossibilidade de uma reprise do original ou de seu lançamento no Globoplay, já que a obra não existe no acervo da emissora, justificam uma nova versão.

A novela trazia o intenso conflito de gerações dos Parente de Redon Pompeo e Taques, descendentes do Barão de Jaraguá, que conservam a pompa e o nome nobre, mas não o dinheiro e os bens de antes. Seu patriarca é o filho do barão, Antenor (Paulo Gracindo), que entra em choque com os novos valores de uma sociedade em transformação.

Essa transformação se manifesta no filho mais novo, Vicente (Edney Giovenazzi), e mais ainda nos netos, entre os quais Zilda (Sandra Bréa), Lourdes (Renata Sorrah) e Isabel (Dina Sfat). Enquanto a primeira começa a namorar um jovem negro, Omar (Gracindo Júnior), as outras duas se ligam a filhos de imigrantes italianos, respectivamente Luigi (José Augusto Branco) e Martino (José Wilker).

Martino vem a ser filho de Egisto Ghirotto (Lima Duarte), que trabalhou na fazenda e venceu no ramo têxtil, mas cujo dinheiro não o credibilizou para o rol dos convivas dos quatrocentões paulistas como Antenor, que sem saber de quem se trata faz grande amizade com Egisto e tem com ele longas conversas nos bancos da Praça da República, em São Paulo.

Pai Herói

Tony Ramos com Glória Menezes e com Elizabeth Savalla na novela Pai Herói (Reprodução)
Tony Ramos com Glória Menezes e com Elizabeth Savalla na novela Pai Herói (Reprodução)

Um dos grandes sucessos de Janete Clair e da história da TV Globo, Pai Herói mobilizou o Brasil em 1979, quando foi ao ar no horário das 20h. O personagem principal é André (Tony Ramos), criado pelo avô, Seu Cajarana (Lima Duarte), na pequena Paço Alegre, interior mineiro. Ele fora deixado lá pela mãe, Gilda (Maria Fernanda), após a morte de seu pai, cuja real história ele desconhece.

O avô morre e André Cajarana parte para o Rio de Janeiro, onde desperta a ira de muitas pessoas que transferem para ele o ódio que sentem de seu pai, tido como um perigoso bandido. Especialmente Bruno Baldaracci (Paulo Autran), que se casou com Gilda e teve com ela três filhos: Romão (Fernando Eiras), Cirilo (Jorge Fernando) e Clara (Rejane Marques).

Enquanto tenta se ajustar na vida e reabilitar a memória do pai, André se divide entre o amor de duas mulheres: a batalhadora Ana Preta (Glória Menezes), um pouco mais velha, ex-amante de Baldaracci e dona de uma casa de samba; e Carina Limeira Brandão (Elizabeth Savala), moça tão rica quanto infeliz e frustrada, cuja família é dominada por sua avó, Dona Januária (Lélia Abramo).

Louco Amor

Tereza Rachel como Renata em Louco Amor
Tereza Rachel como Renata em Louco Amor (Reprodução)

Em 1983, a TV Globo exibiu em seu horário das 20h a novela Louco Amor, de Gilberto Braga, cuja estreia foi antecipada em algumas semanas diante do impacto provocado pela morte do ator Jardel Filho, protagonista de Sol de Verão, de Manoel Carlos, a atração antecessora.

Filho da cozinheira Isolda (Nicette Bruno), o jovem Luís Carlos (Fábio Jr.) se apaixona pela bela Patrícia (Bruna Lombardi), sobrinha do dono da casa, Edgar Dumont (José Lewgoy). Claro que a má e preconceituosa madrasta da jovem, Renata (Tereza Rachel), separa o casal.

Luís Carlos se une à jornalista Cláudia (Glória Pires), sua colega de turma na faculdade, após o desacerto total de seu romance com Patrícia, e os dois passam a lutar contra as duvidosas artimanhas de Renata, que prejudica o rapaz de todos os modos que consegue e deseja tomar posse da fortuna do cunhado senil. A certa altura da história, aquela revelação de novela que sempre funciona: na verdade, Luís Carlos é filho de Renata, e ela mesma não sabia!

A Próxima Vítima

Adalberto (Cecil Thiré), de A Próxima Vítima, na Globo
Adalberto (Cecil Thiré), de A Próxima Vítima, na Globo (Reprodução)

Bem antes de (e não seria exagero afirmar que bem mais do que) Avenida Brasil (2012), de João Emanuel Carneiro, não foram poucas as ocasiões em que finais de novela pararam o País. Sem dúvida uma delas foi em novembro de 1995, quando foi exibido o desfecho de A Próxima Vítima, novela das 20h de Silvio de Abreu.

Durante oito meses, a novela tornou cada telespectador um detetive, na busca pela identidade de um assassino misterioso que matava pessoas representadas numa lista pelos seus signos do horóscopo chinês. Além disso, o público não sabia por que essas pessoas foram marcadas para morrer pelo criminoso oculto, e qualquer personagem poderia ser a próxima vítima.

Enquanto os crimes se desenrolavam, devidamente investigados na trama pela estudante de Direito Irene (Vivianne Pasmanter) – que perde o pai, Hélio (Francisco Cuoco), e a tia, Júlia (Glória Menezes) – e pelo policial Olavo (Paulo Betti), corria a história de Ana (Susana Vieira), que depois de 20 anos como amante de Marcelo (José Wilker) era abandonada por ele, que acabou se casando com a sobrinha Isabela (Cláudia Ohana), que não valia nada, após ficar viúvo de Francesca (Tereza Rachel).

Ana acaba por dar uma chance ao amor de Juca (Tony Ramos), dono de uma barraca do Mercado Municipal, que também conquista o coração de Helena (Natália do Valle), mãe de Irene, a “bonitona do Morumbi”. Praticamente todos os personagens estão estão de alguma forma ligados aos crimes e à poderosa família Ferreto, liderada por Filomena (Aracy Balabanian), irmã de Francesca, Carmela (Yoná Magalhães) e Romana (Rosamaria Murtinho). Inclusive o assassino, Adalberto (Cecil Thiré), marido de Carmela.

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