Crítica de TV

Um Lugar ao Sol vai fundo na discussão ética ao transformar Christian num “quase assassino”

O rapaz não matou Túlio, mas planejou a morte do rival

Publicado em 03/03/2022

Embora esteja andando em banho-maria há alguns capítulos, Um Lugar ao Sol ainda reserva momentos de pura tensão em sua reta final. Depois de ser chantageado por Túlio (Daniel Dantas) praticamente a novela toda, o que deixou a trama bastante repetitiva, Christian (Cauã Reymond) finalmente se livrou do rival. E de uma maneira controversa: por pouco, o “usurpador” não se tornou um assassino.

Se o que vale é a intenção, Christian rompeu a última barreira na trajetória de se corromper. Encurralado por Túlio, o gêmeo de Renato (Cauã Reymond) ficou no dilema: assume o crime do vilão e vai para a cadeia, ou tem seu segredo revelado… e também vai para a cadeia! Neste momento, ele vê a chance de se livrar do inimigo quando tem em mãos o remédio que o mantém vivo – Túlio sofre do coração.

Christian, então, sabota o medicamento e o entrega ao inimigo. Momentos depois, ele é avisado por Bárbara (Alinne Moraes) que Túlio está morto. Imaginando que foi ele quem o matou, Christian tem uma intensa crise de consciência. Ele se corrompeu de vez, tornou-se um assassino por conta de sua constante busca por uma vida melhor.

Somente mais tarde é que Christian descobre que Túlio não morreu por conta da falta de seu medicamento, e sim em razão de um grave acidente de helicóptero. O veículo explodiu enquanto transportava o vilão e Ruth (Patty Dejesus), sua amante, matando-os instantaneamente. Ao descobrir que não foi ele o responsável pela morte de Túlio, Christian respira aliviado.

Mas afinal, Christian merece ser absolvido? O fato de Túlio não ter morrido por conta do remédio não apaga o fato de o rapaz ter armado para provocar sua morte. Ou seja, caso Túlio não tivesse morrido no helicóptero, ele poderia ter morrido depois, com a ausência do remédio. Ou, ao menos, estaria acamado, em estado grave no hospital.

A verdade é que Christian assumiu a identidade de Renato em busca de melhores condições de vida, mas se corrompeu neste processo de tal maneira que parece irreversível. O rapaz rouba, engana, trai, provoca, usa as pessoas… e é um potencial assassino. Até que ponto o fato de sua vida anterior ter lhe imposto constantes negativas justifica atitudes tão condenáveis?

O conflito psicológico de Christian estava apagado diante do marasmo que contaminou a reta final de Um Lugar ao Sol. Mas voltou com tudo nos mais recentes capítulos da novela de Lícia Manzo. Onde tudo isso levará o anti-herói das nove é uma incógnita. Será ele absolvido ou condenado por tantas atitudes questionáveis?

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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