Crítica

The Last of Us, da HBO Max, continua mirando a comoção, mesmo que por meios burocráticos

Narrativa também destaca o sofrimento real da América Profunda

Publicado em 08/02/2023

Depois de todo o alvoroço decorrente do sensível terceiro episódio ‘Por Muito, Muito Tempo’, voltamos nossos olhos para a dupla principal de The Last of Us, da HBO Max, enquanto viajam pela América devastada pela pandemia do fungo Cordyceps, no mais recente capítulo ‘Por Favor, Segure a Minha Mão’.

Aqui, começamos a sentir a proposta de ‘road movie’ com mais força, lembrando que narrativas desse tipo, usam do trajeto para destacar os acontecimentos do caminho e as mudanças das personagens em destaque. Algo que já deu as caras por aqui, mais especificamente, Joel (Pedro Pascal), que está começando a se abrir; enquanto Ellie (Bella Ramsey) descobre os prazeres e dores do mundo na mesma medida.

The Last of Us 1
The Last of Us

América Profunda

Os melhores momentos em ‘Por Favor, Segure a Minha Mão’, ocorrem quando testemunhamos Joel e Ellie cruzando de carro por uma América interiorana, completamente devastada. Curioso, que a paisagem admirada por Ellie, vê algumas regiões do país, que não se distanciam tanto da realidade vista na América, que teve pequenas cidades abandonadas e destruídas, especialmente, após a crise financeira que abalou os Estados Unidos entre 2007-2008.

Tais lugares, tornariam-se, naturalmente, um berço de ressentimento enorme, usado por figuras políticas de baixo calão na tentativa de conquistar um poder pelo mal-estar e sofrimento de tantos, que perderam tudo e um pouco mais. Basicamente, enganaram e transformaram o sofrido povo em zumbis, que não devoram, mas que podem agir com a mesma violência que aqueles mutados em forma de fungos.

The Last of Us 2
The Last of Us

Narrativa burocrática

À parte a introdução piloto (competente) e o segundo episódio ‘Infectados’, definitivamente, único momento de maior brilho até aqui, encontramos uma narrativa que causa proporcional comoção do público, mas que dificilmente, consegue ir além do burocrático, apesar da qualidade de produção inquestionável da HBO.

Em ‘Por Favor, Segure a Minha Mão’, conseguimos estabelecer um comparativo com o excepcional longa-metragem ‘Logan‘ de James Mangold, onde também analisávamos uma história sobre duas personagens que passaram por considerável sofrimento, cruzando por estradas, na busca por salvação, não necessariamente da humanidade como um todo, mas daquela que habita em cada um de nós e que foi soterrada por tristezas, perdas e agonias sem fim.

Que Pedro Pascal e Bella Ramsey vêm entregando boas performances, até o momento, não restam dúvidas, Porém, fica claro que a escrita de Craig Mazin, está apressando demais algumas propostas, não deixando maturar e dando pouco tempo para que a tal comoção almejada pareça vital, algo essencial em uma história de sobrevivência de zumbis e humanos violentos, que em sua natureza é sobre vida ou morte.

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