Crítica

O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder exibe seus homens corajosos

Análise do terceiro episódio da série de fantasia da Amazon Prime Video.

Publicado em 10/09/2022

Talvez alguns já tenham visto pelas redes sociais nesta semana que Elon Musk – o homem mais rico do mundo – está odiando a série O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder da Amazon Prime Video.

Ele disse que – “Tolkien está se revirando em seu túmulo. Quase todo personagem masculino até agora é um covarde, um idiota ou ambos. Apenas Galadriel é corajosa, inteligente e simpática.”

Bom, talvez alguns prefiram colocar de lado o fato de que isso tudo é apenas uma tentativa de reacender sua rivalidade de longa data com o fundador e presidente executivo da Amazon Jeff Bezos, ou seja, uma briguinha do tipo ‘eu sou mais rico e poderoso do que você.’

Portanto, se descontarem o nível de imaturidade, apenas encontrarão duas coisinhas: primeiro, um homem sofrendo de dor de cotovelo, algo mais do que natural em nossa sociedade dominante masculina que não quer perder seus espaços de privilégios; e segundo, apenas alguém que desconhece aquele velho ditado de que o apressado como cru, pois se tivesse esperado o terceiro capítulo, estaria vendo estes tais homens fortes e corajosos que ele tanto sente saudades.

A face do mal começa a surgir

Para aqueles mais apressados que não viam a hora de ter um pouco de ação do tipo ‘batalha de lâminas contra orcs’: a espera acabou!

Em ‘Adar’, começamos a ver a face do mal de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, uma vez que Arondir (Ismael Cruz Córdova) foi capturado por orcs e levado para um campo de construção cavando passagens subterrâneas para que os orcs possam viajar durante o dia. Elfos e homens feitos de escravos para que um dia o temido Sauron possa ter seu próprio reinado de medo e terror.

Existe um subtexto interessante no exato momento que Arondir testemunha o nível de destruição desenfreada da natureza diante de seus olhos. Praticamente uma deformação do mundo.

Naquele momento, vemos que a série da Amazon Prime Video está na verdade falando sobre a nossa realidade, inclusive, algo diretamente ligado ao povo brasileiro: a importância maior da demarcação e respeito à Constituição Federal de 1988, que estabelece o limite dos territórios, e dá aos indígenas o direito à posse e uso exclusivo das terras a partir do chamado “direito originário”.

E, mais importante: garantem uma barreira contra o avanço do desmatamento que está destruindo nossa Amazônia e planeta.

A (verdadeira) coragem dos homens

Não pensem que foi apenas o bilionário Elon Musk que reclamou de como as coisas têm acontecido em O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, de modo que muitos fãs estão insatisfeitos com algumas escolhas feitas pela Amazon Prime Video.

Claro que existe a abominação do fator racista em questão, mas também vemos alguns outros usando do argumento de ter respeito ao legado de J. R. R. Tolkien. Algo que não faz qualquer sentido, dado que os criadores J. D. Payne e Patrick McKay compreenderam além das aparências das palavras escritas por Tolkien.

Caso tiverem alguma dúvida disso, basta observarem o final deste capítulo, quando a destemida Nori (Markella Kavenagh) mostra o valor de um trabalho feito em conjunto, onde um ajuda o outro, e vice-versa.

Agora, voltando na declaração de Musk a respeito dos homens covardes e idiotas, fica ainda mais óbvia a superficialidade desta teoria, que já não casava pelos dois episódios iniciais, e acaba de morrer de vez em ‘Adar’, onde temos algumas demonstrações de (real) coragem masculina: aquela que vai muito além do heroísmo muscular pelo empunhar da espada.

Encontraremos neste capítulo de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, variadas formas de coragem. Começando por Arondir que com dor no coração conversa com uma árvore antes de ter de cortá-la para os orcs; ou quando Elendil (Lloyd Owen) demonstra o melhor da humanidade e ajuda a elfa Galadriel (Morfydd Clark) apesar deste ato representar uma afronta ao reino de Númenor; também quando Largo Brandepé (Dylan Smith) expressa sua honestidade reafirmando seu amor e fé em sua família diante de sua esposa Calêndula (Sara Zwangobani) que está preocupada com a migração dos pés-peludos até o Arvoredo.

Como podem ver, coragem masculina é o que menos falta na série da Amazon Prime Video.

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