Entre as séries destaques do primeiro semestre de 2022, Minx: Uma Para Elas colocou em debate a nudez frontal masculina na TV. Afinal, no centro da trama está o processo criativo e de execução de uma revista erótica voltada para as mulheres, recheada com ensaio fotográfico de homem pelado. As diversas reações ao festival de pênis, 38 exibidos apenas no episódio de estreia, insere nessa intrigante discussão a pergunta: por que o nu masculino causa tanto espanto?
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Os pênis de diferentes formas, tamanhos e cores apresentados em Minx fazem os telespectadores até rirem. Têm os que ficam chocados, atraídos… A atriz Ophelia Lovibond, protagonista de Minx, tem uma opinião importante sobre essa repercussão.
Em entrevista ao site IndieWire, Ophelia falou sobre como a revolução contada na história, ambientada nos anos 1970, tem correlação com o mundo tido como moderno, meio século depois. Tanto lá quanto cá, falar do nu masculino era/é tabu. Estampá-lo explicitamente em uma revista então…
“Por que não falamos mais sobre isso?”, questionou a atriz, elaborando perguntas enquanto construía o argumento. “Existe uma indústria que entrega aos homens o que eles querem. Por que as mulheres não merecem o mesmo? Por que não falamos disso [nudez] de forma igual? É pura fabricação social [esse cenário], não é uma verdade inerente.”
Há clara exploração do nu feminino no mundo do entretenimento desde as eras mais primárias do cinema e da TV, contando aí a nudez completa, frontal. Enquanto homens sem camisa é praxe dependendo da atração (tipo Revenge), mostrar o pênis é uma linha que poucas ousam cruzar. Séries tipo Minx ignoram tal limite.
As conversas em torno do homem completamente pelado na TV são interessantes pelo fato de incitar várias opiniões distintas. “Eu acho curioso rolar tanta conversa sobre”, opinou Ophelia. “Por que é tão fora do comum ver o corpo de um homem nu em comparação à mulher? Porque não estamos acostumados a ver [homens nus]”, respondeu a atriz.
“E por que não estamos acostumados a ver? O fato disso tudo gerar tanto debate justifica a proposta [de Minx]”, defendeu.
Ophelia tem notado as reações e acha isso crucial para avançar esse tipo de retrato no mundo do entretenimento. “É legal fazer as pessoas rirem com isso, mas muitas estão fazendo a si mesmo uma pergunta: ‘Por que eu estou surpreso de ver um pênis? Deixa eu analisar isso.’”
Conheça a série Minx: Uma para Elas
Joyce (Ophelia Lovibond) trabalhava como atendente em uma revista voltada a meninas adolescentes, a Teen Queen.
Enquanto passava pelos dias em um trabalho entediante, ela sonhava em publicar uma revista feminista, com reportagens cabeçudas e revolucionárias para fazer as mulheres e a sociedade refletirem sobre assuntos urgentes acerca do feminismo. A publicação chamava-se O Despertar do Matriarcado.
No auge da intitulada Segunda Onda do Feminismo, em 1971, Joyce encarou uma feira de editoras e fez apresentações da revista. Mas só recebeu rejeições. Ninguém se interessava por aquele conteúdo, menos um publisher: Doug (Jake Johnson, ex-New Girl), especialista em revistas eróticas masculinas, com 12 títulos diferentes nas bancas e 4 milhões de vendas.
Contudo, o excêntrico editor tinha um plano inusitado e inédito para a revista de Joyce, que era colocar homens nus entre os artigos e reportagens intelectuais feministas. Esse modelo de veículo é cópia de revistas reais daquela época, como a Playgirl e Viva. Após um texto de dez mil palavras sobre o aborto, vinha um homem peladão na página seguinte.
Joyce argumentou sobre aceitar ter o nu masculino na revista: “Ver um cara pelado move as mulheres. Estejam elas curiosas, excitadas ou apenas querendo rir dele. É a capacidade de olhar que faz uma mulher se sentir poderosa. É disso que trata a nossa revista.”
A primeira temporada de Minx: Uma Para Elas tem dez episódios; oito estão disponíveis na HBO Max e os últimos dois estreiam na próxima quinta (14). ⬩