PRODUÇÃO BRASILEIRA

Desejos S.A: quando a realização de sonhos custa apenas R$9,99

Uma jornada de desejos realizados e consequências imprevisíveis em nova série nacional do Star+

Publicado em 27/03/2024

O que aconteceria se todo mundo pudesse realizar os seus desejos mais ínfimos em troca de uma pequena taxa de R$9,90? É isso que a série brasileira Desejos S.A busca responder com uma narrativa divertida e autêntica que chegou ao Star+ nesta quarta-feira (27).

De acordo com o Canaltech, a premissa da série de seis episódios é simples: uma empresa realiza todo e qualquer sonho que o cliente tiver, desde que ele pague uma taxa simbólica. A princípio, parece fácil demais, mas a tentação e a vontade de transar com a noiva do seu irmão convencem Josué (Alejandro Claveaux) a topar a proposta. E, para surpresa dele e do público, o acordo dá certo — apesar de não sair exatamente como o esperado. O problema é que, agora, ele tem que pagar uma parte do trato que não fazia ideia: participar do desejo de outro cliente. Caso não faça isso, sofrerá consequências devastadoras.

Aumentando a tensão à medida que avança, a trama da série dirigida pelo brasileiro José Alvarenga Jr. e criada pelos argentinos Gastón Duprat e Mariano Cohn conta uma história intrigante e aparentemente simples sobre a vida humana, mas que se torna genial ao explorar desejos banais, desses que quase todo mundo tem: olhar o celular do cônjuge, conhecer um ídolo, transar com uma pessoa atraente, etc. É como se o público estivesse olhando por trás da fechadura a vida desses personagens e sendo cúmplice de suas ambições, o que faz com que a audiência se conecte quase que imediatamente com a obra.

Outro acerto é o tempo e o formato. São episódios aparentemente isolados de apenas 30 minutos, mas que desenvolvem uma história completa com tensão crescente, e isso favorece tanto o ritmo da série que fica difícil desgrudar os olhos da tela sem perder nada. Vale falar que essa não é a primeira produção nacional do Star+ que impressiona pela qualidade. Santo Maldito e O Rei da TV, que conta a história de Silvio Santos, são exemplos do capricho que o streaming tem com suas produções.

A direção afiada de Alvarenga Jr. não poderia ter sido uma escolha melhor. Com a aclamada sitcom Os Normais e o longa Divã em seu currículo, ele está acostumado com o tempo da comédia e não perde o tom nos momentos de drama, mas usa tudo isso muito bem a favor do seu suspense. Outra ótima escolha da obra foi criar episódios independentes mas que se relacionam entre si. 

Carol Castro

O primeiro capítulo é importante para ter uma noção de quem é a Desejos S.A, empresa por trás da realização dos desejos, mas o restante pode ser visto em ordem aleatória. Os episódios 1, 3 e 6 se relacionam entre si por meio dos personagens. Josué é quem ajuda Flávia (Carol Castro), a protagonista do terceiro capítulo, a desbloquear o celular do marido e ela, por sua vez, faz com que uma fã consiga realizar o sonho de ter um encontro íntimo com Yaco, cantor de música brega vivido por Diogo Nogueira.

E, por falar no sambista, tanto ele quanto os demais protagonistas e coadjuvantes funcionam bem em cena. Isso porque, apesar de ter uma figura central como “dono da história”, todos os personagens importam para o desenvolvimento da trama. Carol Castro abandona de vez o estereótipo de mulher meiga e submissa antes vistos em seus personagens para encarnar uma mulher de negócios inteligente e determinada. A mudança lhe cai bem e lhe dá a oportunidade de mostrar um outro lado antes desconhecido.

Daniel Rocha é o que mais destoa no papel do marido mentiroso de Flávia. Ele não convence como galã apaixonado, mas tem um desfecho tão surpreendente que é possível perdoar sua canastrice. E é justamente essas surpresas que atiçam o público para avançar para os próximos episódios. 

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