Mera coadjuvante em A Escada, minissérie da HBO Max que é a nova sensação das produções true crime, Sophie Turner retoma controle da carreira depois de derrapagens pós-Game of Thrones (2011-2019), atração pela qual ficou famosa. Há dois anos, ela se arriscou em uma série experimental do falido streaming Quibi, chamada de Survive, intensamente massacrada pela crítica e pelos espectadores.
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Soma-se a isso o esquecível filme X-Men: Fênix Negra (2019), lançado logo após o fim de GoT, com a atriz de protagonista. Sophie Turner precisava de um papel como em A Escada, apenas apoiando a história principal liderada por atores mais tarimbados. É a situação perfeita para respirar, fazer o simples e se reposicionar em Hollywood.
Pelo fato de Sophie Turner ser nome conhecido, logo se imagina que ela seria destaque de qualquer série. Contudo em A Escada, a eterna Sansa Stark serve como complemento. Em certos momentos, literalmente só compõe o cenário, aparecendo calada ao fundo; em outros, contribui para o desenvolvimento da trama. Tudo sem atrair os holofotes.
Feijão com arroz
Margaret Ratliff, personagem da atriz em A Escada, mostra-se ideal para ela nesse ponto da carreira. Depois de encabeçar um grande filme e apostar em série experimental, a hora é de sentar no banco do passageiro e seguir viagem.
A Escada narra a história real de Kathleen Peterson (Toni Collette), que caiu de uma escada dentro de casa e morreu. O marido, Michael Peterson (Colin Firth), é o principal suspeito do caso. Ele jura de pés juntos que tudo foi um acidente trágico. A acusação argumenta que o escritor matou a mulher.
Juntando casamentos passados e adoção, Michael e Kathleen têm cinco filhos. As irmãs de sangue Martha (Odessa Young) e Margaret (Sophie Turner) estão sob a guarda de Michael desde pequenas; os pais biológicos dela morreram e ele as adotou.
O dilema acerca da participação de Michael na morte de Kathleen divide toda a família. Isso ocorre com as duas. Martha, a cada dia que passa, crê na culpabilidade do pai. Margaret age mais na defesa, sendo voz de suporte na família e acreditando na inocência.
A posição de Margaret é importante no desenrolar de A Escada, instantes nos quais Sophie Turner ganha tempo de tela e faz o feijão com arroz necessário, sem firula. A atuação comedida cai bem para ela.
Série sensacionalista
Entre 2018 e 2019, um streaming chamou a atenção de Hollywood. Com um nome esquisito (Quibi), ele prometia fazer programas curtos para as pessoas assistirem nos aparelhos celulares. Episódios de séries não passariam de dez minutos, por exemplo. A tecnologia permitiria que os assinantes acompanhassem as atrações com o celular na vertical.
A novidade atraiu celebridades aos montes e nomes de peso da indústria do entretenimento americana. E Sophie Turner estava no balaio, procurando um projeto pós-Game of Thrones.
Assim surgiu a série Survive, lançada em abril de 2020, drama no qual protagonizou com Corey Hawkins (The Walking Dead; 24 Horas: O Legado). Entre todas as atrações experimentais do Quibi, essa foi a mais criticada. O massacre veio pelo sensacionalismo feito em relação ao suicídio.
Era a personagem de Sophie, a Jane, quem viveu isso, sofrendo de depressão e ideações suicidas. Toda a representação desse tema delicado foi muito mal executada, sem contextualização sólida, feita só para chocar mesmo.
Survive foi uma das grandes derrapadas do Quibi, que queria ser a Netflix dos celulares mas não completou nem um ano de existência. O streaming, que chegou a receber quase US$ 2 bilhões de investidores, foi vendido por menos de US$ 100 milhões oito meses após estrear. ⬩