Rede Manchete, 36 anos: relembre as primeiras atrações da emissora

Publicado em 08/06/2019

Há 36 anos, em 5 de junho de 1983, a Rede Manchete iniciava suas operações. A televisão de Adolpho Bloch, dono da editora de revistas que levava o nome de sua família, iniciou suas operações com emissoras em cinco grandes praças: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife e São Paulo. Nesta última, foi sintonizada no Canal 9, antes ocupado pela TV Excelsior. As outras eram concessões pertencentes anteriormente à Rede Tupi, dissolvida em 1980. Na ocasião, outras quatro emissoras foram concedidas a Silvio Santos, que com sua TVS, Canal 11 carioca, deu início ao Sistema Brasileiro de Televisão (SBT).

No dia da estreia da Rede Manchete, O Mundo Mágico

O dia 5 de junho de 1983 caiu num domingo, e o programa inaugural da Rede Manchete foi um show que mesclou jornalismo e música. Apropriadamente intitulado O Mundo Mágico. A ideia era apresentar um mix do que a nova emissora ofereceria. Além disso, também relembrar os espectadores das potencialidades do veículo. O início das transmissões foi marcado para as 19h. Com atraso de alguns minutos, a programação começou. Um discurso de Adolpho Bloch saudando os telespectadores e as emissoras coirmãs foi seguido de mensagens de patrocinadores de primeira hora, como a Petrobras.

A direção do espetáculo inaugural coube ao cineasta Nelson Pereira dos Santos. Em O Mundo Mágico houve dança, com Ana Botafogo, Fernando Bujones e o Corpo de Baile da própria emissora. Além de dezenas de números musicais. Cantaram, entre outros, Paulinho da Viola, Dona Ivone Lara, Ney Matogrosso e Erasmo Carlos. Também marcaram presença Roupa Nova, Kleiton & Kledir, Elba Ramalho, Marina Lima, Joanna e Sérgio Mendes, entre outros. Logo após o show especial de inauguração foi exibido o filme inédito em TV Contatos Imediatos do Primeiro Grau. Só para ilustrar, o prefixo sonoro das tentativas de comunicação dos personagens com os extraterrestres do filme foi no período inicial da Rede Manchete o prefixo das vinhetas de intervalo das sessões de cinema.

A primeira semana: no começo, apenas cinco horas de programação por dia

A Rede Manchete transmitia das 17h à meia-noite em seu período inicial de operações. Nas primeiras duas horas, desenhos animados diversos, especialmente de Hanna-Barbera, no Clube da Criança, com apresentação de Xuxa Meneghel. Só para exemplificar, Família Drácula, Marmaduke e Lorde Gato eram algumas das animações. Depois, o Jornal da Manchete, que ao terminar cedia espaço a séries e filmes selecionados. A emissora pretendia estender seu tempo no ar para 12 horas logo após três meses de operações.

Investimento milionário em pacote de filmes para atrair o público

De saída, a Rede Manchete investiu 14 milhões de dólares na compra de um pacote de filmes inéditos em televisão. Entre os mais de 200 títulos estavam Norma Rae, Kagemusha, Terremoto e o primeiro da franquia Guerra nas Estrelas. Além disso, grandes produções da BBC como Madame Bovary e Crime e Castigo. Ademais, a escolha dos títulos se explica em parte pela intenção da Rede Manchete de atender a um público elitizado, intelectualizado e seletivo. Essa parcela dos espectadores (classes A e B), totalmente ou em fração significativa, fazia parte daqueles que acompanhavam as atrações mais tardias da Rede Globo, como as novelas das 22h, minisséries, séries e filmes.

Telejornal longo e analítico, proposta audaciosa da emissora

Primeiro logotipo do Jornal da Manchete, que permaneceu no ar até o fim das operações da Rede Manchete (Reprodução/YouTube)
Primeiro logotipo do Jornal da Manchete que permaneceu no ar até o fim das operações da Rede Manchete ReproduçãoYouTube

Se hoje um telejornal de 90 minutos em horário nobre, com seções e colunas destinadas a todas as editorias importantes, espaço para comentários e análises mais aprofundadas, ainda representa uma ousadia, imagine em 1983. A Rede Manchete fez exatamente isso com seu Jornal da Manchete, que estreou às 19h do dia seguinte à estreia da emissora, 6 de junho de 1983. Manchete Esportiva, com tudo sobre as mais diversas modalidades de esporte, e Manchete Panorama, com a cobertura do mundo das artes e espetáculos, integravam os 90 minutos de jornalismo programado para a faixa nobre. Entre os apresentadores, Carlos Bianchini, Íris Lettieri e Roberto Maya.

Concorrência acirrada

De uma tacada só o Jornal da Manchete representava grande concorrência para uma das duas principais novelas da Rede Globo (a das 19h) e para o imbatível Jornal Nacional. A saber, a Globo estreou uma nova novela às 19h (Guerra dos Sexos, de Silvio de Abreu) bem no primeiro dia útil da Manchete no ar. Além disso, as novelas do SBT, tanto mexicanas quanto as produzidas aqui, também iam ao ar na mesma faixa, entre sete e nove da noite.

Uma faixa noturna diferenciada para concorrer com as “irmãs mais velhas”

Com efeito, para concorrer com a linha de shows da Globo, do SBT e da Bandeirantes, além da TV Record, a Rede Manchete investiu principalmente em filmes e musicais. Originada do filme de mesmo nome, a série Fama chegou à televisão brasileira através da TV de Adolpho Bloch. Os episódios contavam o dia a dia dos alunos, professores e demais funcionários de uma escola de artes em Nova York. Posteriormente, já na década de 2000, a série foi reprisada na TV paga, pelo canal Retro.

Outra série usada como arma pela Rede Manchete em seu período inicial foi Trapper John, Médico. Seu protagonista era Pernell Roberts, conhecido por seu trabalho no faroeste Bonanza. Com efeito, um programa dos primórdios da Rede Manchete que não pode ser esquecido é Acredite se Quiser. Os acontecimentos incríveis eram apresentados por Jack Palance. No início da década de 1990, a série foi reprisada, também em horário nobre. Caminhos da Liberdade e O Caçador de Aventuras completavam a semana. Posteriormente, estreou Cassie, com Angie Dickinson, de Police Woman. Nas noites de sábado, a série era substituída por um musical, A Música É o Show.

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