Entenda a disputa entre Silvio Santos e o Teatro Oficina que se estende há mais de 40 anos

Grupo do apresentador emparedou os arcos do espaço sem autorização e pode receber multa

Publicado em 07/02/2024

Foi adicionada uma nova página ao imbróglio judicial entre o Teatro Oficina e o Grupo Silvio Santos, que na última segunda-feira arrancou uma escada e emparedou os arcos do espaço que davam vista ao terreno que fica ao lado do espaço cultural.

Há mais de 40 anos, o dramaturgo e diretor José Celso Martinez Corrêa (1937-2023) e o apresentador e empresário Silvio Santos brigam na Justiça pelo direito de uso do terreno localizado no bairro do Bexiga, na região central de São Paulo. 

O Grupo Silvio Santos defende que, após análise técnica do Ministério Público, foi dada, em 2019, uma liminar permitindo que a escada fosse retirada. O fechamento dos arcos, entretanto, necessitaria de autorização dos órgãos responsáveis pelo tombamento do teatro, no caso Iphan, Condephaat e Conpresp, o que não ocorreu. 

De acordo com representantes da prefeitura da cidade há a possibilidade de que o grupo seja multado por interferir em um prédio tombado.

Em 1980, o Grupo Silvio Santos comprou o espaço ao lado do Oficina onde pretendia construir um empreendimento imobiliário. Alegando que a construção prejudicaria o teatro com o tapamento das janelas projetadas pela arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992), Zé Celso entrou na Justiça para que a obra fosse embargada, e conseguiu o tombamento do prédio do Oficina em âmbitos municipal, estadual e federal.

Desde então, o processo se arrasta com sucessivos encontros e tentativas de conciliação, sendo a mais famosa em 2017, quando o então prefeito de São Paulo João Doria, então no PSDB, mediou um encontro proposto pelo deputado Eduardo Suplicy, do PT, para tentar chegar a um consenso entre as duas partes.

Nesta reunião, filmada e divulgada posteriormente, os componentes do grupo Oficina apresentaram o projeto de transformação do espaço em questão em um parque. A divulgação desse vídeo teria irritado Silvio Santos, impossibilitando uma nova tratativa entre as partes.

O projeto do Parque do Teatro do Rio Bexiga se manteve suspenso até que em dezembro de 2023, um acordo entre a Prefeitura de São Paulo e o Ministério Público destinaram R$ 51 milhões para o processo de reintegração de posse e construção do parque. A verba será paga pela Uninove, uma das maiores universidades privadas do país, que assinou um termo com o MP para pagar R$ 1 bilhão e evitar um processo.

Em julho do ano passado, quando o dramaturgo saiu de cena aos 86 anos, vítima de um incêndio em seu apartamento no bairro do Paraíso, o assunto do parque voltou às manchetes e hoje é visto como um dos principais ativos na disputa pela prefeitura da cidade entre Guilherme Boulos, do PSOL, e o candidato à reeleição Ricardo Nunes, do MDB.

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