PERSONAGEM MARCANTE

Ator de O Rei do Gado, Jackson Antunes relembra papel de Regino na novela: “Fui morar em um assentamento de sem-terra”

Veterano também falou sobre a sua mudança física para interpretar Regino na obra de Benedito Ruy Barbosa

Publicado em 08/05/2023

O ator Jackson Antunes, de 62 anos, que interpreta o líder dos sem-terra, Regino, em O Rei do Gado, abriu o jogo sobre o seu papel na obra de Benedito Ruy Barbosa e revelou detalhes dos bastidores da novela de 1996. Em entrevista ao podcast Papo de Novela, o artista relatou que o diretor da trama Luiz Fernando Carvalho ficou assustado quando viu a sua transformação para enfrentar o seu personagem na obra.

“O Luiz é maravilhoso, ele gosta de fazer laboratório. Eu estava com 80 quilos e ele disse: “Você está gordinho para fazer um sem-terra, agora se vira!”. Eu disse para ele que não era de tomar remédio, que pra emagrecer é a dieta do cerrado (risos)”, relembrou o ator.

Jackson Antunes também relembrou a sua decisão de ir morar em um assentamento do MST para conhecer melhor o seu personagem. “Sumi. Fui para Ribeirão Preto, para um assentamento de sem-terra. E falei: ‘Quero morar com vocês’. Isso um mês e meio antes de começarem as gravações. Fiquei lá plantando abóbora, batata, mandioca… E com isso, com a academia do cerrado, fiquei com 63 quilos”, relatou ele.

Ainda segundo o veterano, o diretor Luiz Fernando Carvalho ficou impressionado quando viu a sua transformação física para dar vida ao Regino nas telinhas.

“Quando meu amigo Luiz Fernando Carvalho chegou ao set, ele falou assim: ‘Sabe onde tá o Jackson?’. Eu disse assim: ‘Jackson não, Regino. O senhor me respeita’. Quando ele bateu o olho em mim e viu aquela caveirinha de gente, com aquele boné, o bigodão, uma barbinha esfiapada e uma roupinha lascada… E fui com o moço que era presidente do movimento. E o cara só me chamava de Regino. O Luiz ficou muito assustado, mas muito feliz. E naquele dia em diante, até o final da novela, ele (o diretor) só me chamava nas gravações de Regino. Depois, ele veio me cumprimentar e disse: ‘Parabéns pelo seu Regino’. E me abraçou”, disse.

Por fim, o artista destaca que Regino é um dos melhores papéis de sua carreira na dramaturgia, e que o personagem foi essencial para um debate social sobre os sem-terra no Brasil.

“Os sem-terra sempre foram vistos como vilões, o pobre que rouba do rico e que invade as terras do rico. Então, a partir daquilo, com meu amor, pude trazer um pouco mais de humanidade. Eles não são os caras que invadem a terra à noite, eles só invadem a terra devoluta. Nem todos são assim, infelizmente… Em todos os lugares têm situações assim. Mas o sem-terra de verdade, aquele que não tem terra, só quer um pedaço de terra para plantar”, completou Jackson Antunes.

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