Paolla Oliveira ameniza corpão ‘culpando’ HD: “Essa televisão que deixa a gente assim”

Publicado em 20/03/2017

Paolla Oliveira, que interpreta uma policial linha dura em ‘A Força do Querer’, próxima novela das nove da TV Globo, conversou com nossa reportagem e contou um pouco da preparação em torno dessa personagem polêmica.

Personagem durona

“Ela ainda traz uma coisa diferente, ela está inserida em mundos masculinos como dizem, é como se ela não pudesse, né, como se não fosse aquele o lugar dela na estante e como eu acredito que não tem isso e acredito que a cada dia mais o feminismo e a força das mulheres mostram que a gente pode o que a gente quiser. A Jeiza vem com essa frase, colada nela.”

Treinando luta

“Tem sido divertidíssimo, um pouco dolorido, mas divertido, a luta, descobrir as artes marciais, faz bem para o corpo, mas também para a mente, aprender coisa nova é bacana, assim como defesa corporal, e depois migrar para a coisa da polícia, um mundo totalmente diferente, aprender a lidar com arma, com o linguajar que toda profissão tem, conhecer e trabalhar com meu companheiro de cena o Ayron, um pastor belga que tem me dado um trabalho, mas é um querido. A Jeiza é multifacetada e eu acredito muito nessa mulher, ela tem uma profissão que exige dela uma postura, mas ela pode ter outra na vida, tem alguma coisa da mãe, que é um pouco para frente, animada, e vai para gafieira, a Jeiza não para em nenhum lugar.”

Feminismo em alta

“Acho que se fosse para frente dava certo e para trás também, mas a gente aproveita o momento que tá tão em voga o feminismo e aproveita para deixar a Jeiza mais forte ainda.”

Um mulher de voz ativa

“Já bati em alguém, não (risos). É que para mim é tão difícil diferenciar isso, acredito mesmo em vocação e que você tem habilidade para algumas coisas, mas se você quer um exemplo eu te dou, nasci numa família cheia de homens, tem famílias com muitas mulheres, mas a mais próxima são três irmãos e um primo que cresceu com a gente, ao lado de um pai muito rígido, policial militar, aonde a mulher normalmente não teria voz e eu briguei por casa voz que eu tive, por cada coisa que eu ensinei meus irmãos a fazer diferente. É algo que se luta todo dia, não faz assim, é feio, não trata sua namorada desse jeito, a voz e a bandeira do feminismo é todo dia, a minha parte eu fiz.”

Referências para viver uma policial

“E bravas, né! A minha referência maior foi o BAC (Batalhão de Ações com Cães/PMERJ), que é o mundo da Jeiza mesmo, peguei informação de homens e mulheres. Perguntei para os homens como é que era a postura delas e foram super respeitosos, é bom quando você vê a igualdade, cheguei nesses lugares, encontrei um lugar de respeito e é assim que a Jeiza vai ser, não mexe com ela não que você vai ver.”

Mulher de antigamente

“Ah, do nosso querido presidente (risos). A sensação é que ele é antigo, né. Deixa eu ver como é que eu saio disso, né (risos). Essa visão dessa mulher de antigamente está entranhada em muita gente, a gente sem querer faz isso, é mais uma vez algo do dia a dia e a gente não se permitir ser machista ou colocar a mulher numa posição de desconforto, menor, isso cabe a homens e mulheres e a pessoa que falou isso também tem isso, a hora que você é espontâneo, aprendeu como certo, é triste, mas é verdade.”

Mulher moderna

“Eu me sinto moderna, fazendo um personagem atual, que vai falar para todo mundo, me sinto mais forte, uma pessoa que luta, que é policial, mais que isso é uma mulher que vai ter seus problemas, vai chorar, ter um conflito amoroso, senão a gente volta a colocar ela numa caixinha, me sinto honrada de estar fazendo num momento tão especial uma mulher tão forte como a Jeiza, mas que é forte, mas é mulher.”

Shape perfeito

“Chama-se HD, né, que seca a gente, essa televisão que deixa a gente assim (risos). Isso tudo é para entrar ali. Continuo a minha malhação, que não tem como parar, a idade vai andando e a malhação vai caminhando junto, e a luta tá somando, mas dá uma diferença, ganhei um pouco mais de tônus, músculo, porque realmente é muito esforço, é diferente, veio somar.”

Treinando para sempre

“Eu vou levar, um pouco menos intenso, o MMA tem muitas técnicas e, assim, não consegue focar em uma, mas estou bem apaixonada pelo jiu jitsu, se eu for continuar vou nela. A consciência corporal muda, já tinha porque sempre fiz balé, mas é diferente. Você tem de aprender a não se machucar, não machucar o outro, saber a sua força, agilidade, coisas mudaram em mim.”

Mudanças

“Eu fico com qualquer cor, quando eu acho que vou ficar, eu fico (risos). Acho que não a personagem, mas entendo o que você quer dizer, acho que tem o colorido nosso porque a cada personagem a gente muda, já estou mais loira, acho que existe esse pensamento para vida, a Paolla já está no momento, estou fazendo 35 anos, acho que a gente vem mudando, adquirindo força, nas suas opiniões, no que quer, não quer, isso traz estilo, traz o que você quer mostrar, um bloco de coisas, não sei se são só cores, mas o estilo de vida.”

Cabelo…

“Eu me sinto mais eu, porque eu sempre fui loira, a vida toda, quando coloco escuro fico diferente, mas nunca fui tão loira. Talvez lá no Profeta, era bem loirinha, mas depois de muito tempo. Adoro, você pode falar de novo para eu gravar. É sempre uma adaptação para gravar, eu estou bem loira, olho no espelho e penso: ‘o que aconteceu’. Não estranhei porque quando você vai mudar para o personagem, você já sabe, sabe que vai ser uma mudança mais radical, porque não é pra você é a serviço. É pro bem, aprovado então?! Meu cabelo tá comprido, mas acho que pra novela vem mais um pouco.”

O que ela quer ou o que eu quero?

“Posso falar, a Jeiza quer mostrar que a mulher pode tudo e é o que a mulher pode tudo e é o que a Paolla acha também. A gente tem afinidades, a gente tem vocações, oportunidades, se a gente quiser fazer alguma coisa e não poder, é uma coisa, mas quando você pode e não quer é outra, Jeiza é isso, mostra que não existe mundo masculino ou feminino, existe vocação.”

Feminismo

“Quando a gente fala em feminismo é legal olhar para trás e ver o quanto a gente já ganhou, só consegue caminhar quando vê o que conquistou, senão está sempre insatisfeito. Insatisfação é algo sempre ruim. A gente conquistou muito, da minha mãe, eu já conquistei coisas dos homens próximos à mim. A gente assistindo um documentário lá do início do feminismo em que elas não conheciam o próprio corpo, que a vitória esteja nos nossos sorrisos.”

Futura mamãe

“O relógio biológico está meio atrasadinho hoje em dia, mas não é de hoje, o pensamento existe, existe para qualquer mulher, seja para decidir se vai ter ou não, acho que sempre bate esse momento, acho que está aqui, nos pensamentos.”

Texto de Gloria Perez

“Primeira vez que trabalho com a Gloria e estou muito feliz porque ela tem vários personagens femininos muito fortes, então é um prazer, acho que vai ser mais uma grande mulher de Gloria.”

Jeiza X Zeca

“O que eu mais gosto é que não é do jeito certo, ninguém vai procurar ninguém, os dois se detestam de cara, até porque são muito parecidos, os dois são marrentos e aí acontece um amor às avessas, aquele mais genuíno, amor à segunda vista e que pode ser sempre o melhor. Megera indomada, sabe?”

Preconceito em relação ao esporte

“Acho que o preconceito existe. As pessoas misturam o esporte com a sexualidade, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. As pessoas já me perguntaram se ela é gay. Não, se fosse não teria problema, se vai migrar para isso e vou me apaixonar pela Isis Valverde, não sei, mas por enquanto não é, então é legal colocar cada coisa em seu lugar, as pessoas são preconceituosas e criam ligações que não fazem o menor sentido.”

MMA

“Estou vendo tudo, sei o nome de todo mundo, de golpe, fico em casa gritando, torcendo, geralmente a pessoa é graduada em uma modalidade e quando assisto já sei no que a pessoa é boa, se vai levar a luta pro chão ou não. Confesso que o sangue dá uma aflição, mas estou ficando forte.”

Treinadora

“Érika Paes que é a minha treinadora, meu braço direito para me ensinar o MMA, tem o José Aldo, o Victor Belfort que sempre será um campeão, fez muito pela luta para divulgar essa arte, a Amanda Nunes, que é fina (risos).”

Pensamento em relação ao treino

“Mudei, achei que era uma coisa só instintiva e não é só instinto, tem muito treino, muita técnica, é bem mais interessante do que parece. Eu estou fazendo defesa pessoal, treinando quando dá. Claro, gente, muitas vezes a gente quer dar um direto, um jab, um cruzado, joelhada. Mas dá vontade e passa (risos).”

Entrevista realizada pelo jornalista André RomanoAndré Romano

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