Reprisada pela terceira vez no SBT, a novela Esmeralda é um sucesso de audiência na grade vespertina da emissora. O enredo de 2004 marcou 5 pontos de média na Grande SP nesta terça-feira (23), quase o dobro do Programa do Ratinho e Cúmplices de Um Resgate, já que ambas as produções registraram 4,7 pontos no mesmo dia.
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Contudo, é possível notar que o folhetim, que é uma adaptação de uma história venezuelana de 1970, possui resquícios de uma sociedade machista e sem os avanços que são possíveis notar nos dias atuais. A começar pelas situações enfrentadas pela protagonista.
Em certo momento da história, Esmeralda (Bianca Castanho) é levada por José Rodolfo (Paulo César Grande), que não sabia que era o pai biológico da mocinha, para ficar com Lúcio Malaver (Delano Avelar), uma espécie de tutor da protagonista que ao vê-la crescer, passa a se comportar como dono da jovem.
Esmeralda fica desacordada na casa do vilão e descobre uma gravidez. O crápula se aproveita da situação para inventar que a estuprou e que é o pai da criança. Ninguém se preocupa em procurar a polícia para denunciar o suposto abusador, apenas nasce um dilema: o que fazer com o bebê?
José Armando (Cláudio Lins), que chegou a transar com Esmeralda anteriormente, parece esquecer da possibilidade de ser pai da criança e começa a lutar para fazer a amada desistir do pequeno para que eles fiquem juntos sem aquele ‘problema’ no caminho.
Rodolfo apoia Armando e também quer o neto bem distante. Toda a situação faz Esmeralda se afastar do galã e do pai, já que não pensa em abrir mão do filho. Antes de morrer, Lúcio revela para o protagonista que nunca violentou a mocinha, o que faz José passar a lutar para tentar registrar o menino e reatar com a amada.
O egoísmo de Armando e Rodolfo são imensos. Em nenhum momento demonstraram solidariedade pela situação enfrentada por Esmeralda, que supostamente carregava no ventre um filho que era fruto de um estupro.
Para piorar a situação, Esmeralda perdoa Armando e fica com ele no fim da história, deixando para trás Álvaro (Olivetti Herrera), que foi o grande apoio da protagonista no meio de tantas situações inacreditáveis que ela teve que enfrentar.
Com um bom elenco e uma narrativa envolvente, Esmeralda segue atraindo telespectadores. Fica o alerta para que a obra seja o retrato de algo que infelizmente ainda acontece, mas que incomoda ao ser exposto e que deve ser combatido e não normalizado.
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