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Novo Hyoga de Cisne, dublador Samuel Fernandes declara seu amor por Cavaleiros do Zodíaco

Anime completa 29 anos da estreia na Manchete e 20 anos do relançamento no Cartoon Network

Publicado em 01/09/2023

O 1° de setembro é uma data icônica para Os Cavaleiros do Zodíaco, uma das animações japonesas mais populares no Brasil. Nesta data, em 1994, a série estreou na extinta Manchete e, em 2003, foi relançada pelo canal pago Cartoon Network, redublada e com versão inédita do tema de abertura, o “hino” Pegasus Fantasy.

Vinte anos depois, o anime ganhou reboot em 3D, filme e dublagem renovada. Após entrevistar as novas vozes de Seiya de Pégaso e Shiryu de Dragão, a coluna apresenta Samuel Fernandes, o novo Hyoga de Cisne.

Do elenco atual, Samuel talvez seja o mais apaixonado por Cavaleiros do Zodíaco, que também influenciou dubladores a exercerem a profissão. Fã de Francisco Bretas, voz clássica de Hyoga nas duas versões, ele eternizou sua paixão pelo anime tatuanso o cavaleiro de Cisne em seu braço após o lançamento da sequência do reboot, disponível na plataforma Cruncyroll.

Em entrevista exclusiva à coluna, Samuel Fernandes declara seu amor por Cavaleiros do Zodíaco, revela a sensação de interpretar seu personagem favorito e envia uma mensagem emocionante para Francisco Bretas. Confira abaixo:

PAULO PACHECO: Primeiramente, como você começou na dublagem e quais são os seus principais papéis até chegar ao Hyoga de Cisne?

SAMUEL FERNANDES: Olá, Paulo! Tudo bem? É um prazer enorme estar aqui batendo este papo com você! Conheci a dublagem na pré-adolescência graças a um amigo que frequentava eventos voltados a cultura japonesa. Esse amigo, sabendo da minha paixão por Cavaleiros do Zodíaco e outros animes da época da TV Manchete, me convidou para acompanhá-lo em um evento específico onde estariam os dubladores dos cinco Cavaleiros de Bronze. Foi incrível! Eu me apaixonei pela profissão naquele dia e comecei a investigar como poderia trabalhar com dublagem. Fui estudar teatro, tirei meu DRT, fiz cursos específicos para me especializar em dublagem. Após muita correria, comecei a dublar profissionalmente.

Entre os meus trabalhos mais conhecidos estão Denki Kaminari (My Hero Academia), Viktor/Duque (The Duke of Death and His Maid), Kinji (The Dungeon of Black Company), Ken Wakashimazu (Captain Tsubasa), Seiya (Super Onze: Ares no Tebin), Naohito (Fruits Basket), Sachio (Megalo Box 2), e agora nosso loirinho gelado, Hyoga de Cisne (Os Cavaleiros do Zodíaco: Batalha pelo Santuário).

PP: Agora gostaria de saber mais sobre sua relação com Cavaleiros do Zodíaco. Você foi da “geração Manchete” e seguiu acompanhando quando adolescente e adulto? Hyoga era seu cavaleiro favorito?

SF: Sou apaixonado por cavaleiros desde sua primeira exibição no Brasil, em 1994. Tenho um carinho imenso pela obra, pois, além de ter um roteiro que me deixava hipnotizado em frente à TV e a melhor trilha sonora de todos os tempos, a série me ensinou muitas coisas, me trouxe amizades e me permitiu viver momentos incríveis (inclusive este). Com toda certeza, Saint Seiya tem uma influência enorme em minha formação como pessoa. Acompanhei todas as produções animadas, li o mangá clássico, Lost Canvas, Episódio G e agora vou iniciar Next Dimension. E sim, o Hyoga sempre foi o meu cavaleiro favorito. Ele, na minha opinião, é o mais interessante dos cinco.

PP: Você luta judô e disputa campeonatos. Como iniciou nas artes marciais? As séries japonesas de luta da “geração Manchete” te inspiraram nesse sentido?

SF: Eu amo competir! Sempre gostei de artes marciais e acredito que também seja influência dessa infância regada a animes e tokusatsu. Já pratiquei algumas outras artes, como capoeira e boxe, mas o judô me fisgou por ser uma espécie de “luta-xadrez”, onde todo movimento deve ser muito bem calculado e também por ser uma arte bem tradicional, que leva seus princípios muito a sério!

PP: Você já declarou ser fã de Francisco Bretas, dublador clássico do Hyoga de Cisne. Você chegou a encontrá-lo em eventos ou no trabalho? O que representa a dublagem clássica para você?

SF: Eu sou muito fã do Bretas! Muito mesmo! E ele sabe disso. Muito antes de existir a possibilidade de dublar o Hyoga eu já deixava claro o quanto sou apaixonado pelo trabalho dele, não só em Cavaleiros, mas acompanho muitas outras obras em que o nome dele brilha! O Francisco foi a primeira pessoa com quem falei quando saiu a nota da Toei Animation sobre a nova dublagem de Cavaleiros do Zodíaco. Nunca tive a sorte de encontrá-lo nos estúdios, mas a qualquer momento os planetas se alinham e esse encontro há de acontecer! No dia a dia da dublagem, é bem comum encontrar outros colegas pelos corredores e salas de espera dos estúdios.

Para mim, a dublagem clássica de Saint Seiya é o que temos de mais precioso na dublagem brasileira. Grandes nomes da profissão passaram e deixaram suas marcas com interpretações impecáveis e emocionantes que ficaram cravadas na obra e em nossos corações!

PP: O reboot de Cavaleiros do Zodíaco foi dublado muito sigilosamente pela DuBrasil. Qual foi sua reação ao descobrir que dublaria o Hyoga?

SF: Foram quatro momentos de muito impacto emocional. Primeiro, o contato informando que eu faria um teste em Cavaleiros do Zodíaco. Depois, no dia do teste, descubro que a personagem é o Hyoga! Então, passado muito tempo, quando já eu estava começando a desconfiar que não rolou, recebo o telefone confirmando que a minha voz foi a selecionada pela Toei! E, por fim, o momento mais emocionante de todos, a gravação. Em todas essas ocasiões meu coração acelerou, chorei, um filme passou em minha cabeça… Leva um tempo até cair a ficha que você está realizando um sonho dessa magnitude.

PP: Como preparou a voz e a interpretação do personagem? Tentou se aproximar do trabalho de Francisco Bretas ou trouxe sua própria personalidade ao cavaleiro?

SF: Sem demagogia, a voz do Bretas é, na minha opinião, a mais bonita do mercado brasileiro. Eu sabia que seria um grande desafio herdar essa personagem, justamente por ela ter, durante três décadas, a mais bela voz: aveludada, sussurrada, poética, um timbre único. O meu registro é mais jovial e bem diferente do dele. Se eu fosse pelo caminho da “imitação”, seria um desastre, então a saída era seguir o original com um tom mais leve para não contrastar tanto com o do Bretas, levando em consideração que nessa animação os cavaleiros aparentam ter a idade que realmente têm, coisa que no anime não acontecia, pareciam adultos.

PP: O anúncio dos novos dubladores pegou muitos fãs antigos de surpresa. O que você diria a eles, como dublador e também como “fã das antigas”, sobre a mudança?

SF: Sei que mudanças desse tipo doem! Nós sabemos o quanto a dublagem clássica representa na vida de cada um dos fãs, inclusive nas nossas. É algo bem complicado de lidar, e nós entendemos isso. Será estranho inicialmente, mas confiem no trabalho da nova geração! Somos apaixonados pela obra tanto quanto vocês e nossa missão é entregar algo digno, na mesma proporção da importância da série!

PP: Para encerrar, gostaria que enviasse um recado ao Francisco Bretas sobre a continuidade deste trabalho e a responsabilidade de herdar um personagem que “nasceu” no Brasil com a voz dele. O que você diria se o encontrasse pessoalmente hoje?

SF: Mestre Bretas, muito obrigado por todos esses anos trajando a armadura de Cisne. Seu legado como Hyoga é referência e é para sempre! Sei do seu carinho e o quão preciosa essa personagem é para você, e por isso cuidarei dela com muito amor! Assumo agora a responsabilidade de proteger Atena, mas as ranhuras existentes nesta armadura são os troféus das suas batalhas, mestre, e todas as vezes em que minha voz vestir o cavaleiro de cisne será sempre para honrar a sua pessoa e tudo o que o senhor fez por mim e pela minha geração! Obrigado por tudo, Mestre Francisco!

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