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Dia do Dublador: Novo Shiryu, Bruno Casemiro venceu reality show e é locutor da Globo

À coluna, profissional comenta trabalho na TV e sonho de ser um dos Cavaleiros do Zodíaco

Publicado em 29/06/2023

O Dia do Dublador é comemorado nesta quinta-feira (29), e a coluna apresenta a seus leitores um dos principais artistas da nova geração. Bruno Casemiro, 36 anos, tornou-se conhecido por animes como My Hero Academia, e aumentou seu currículo emprestando sua voz a um ídolo da infância, Shiryu de Dragão, na sequência do reboot de Os Cavaleiros do Zodíaco, disponível na plataforma Cruncyroll.

Curiosamente, ele começou na profissão em um reality show promovido por outro “cavaleiro”: Hermes Baroli, dublador clássico de Seiya de Pégaso. Bruno Casemiro sagrou-se campeão do concurso Quero Ser Dublador, pioneiro na área, que revelou novos talentos para o mercado.

Além da dublagem, Bruno Casemiro trabalha com locução e coleciona chamadas em afiliadas da Globo. Em entrevista exclusiva à coluna, o ele revela que a profissão salvou sua vida. Confira:

Início

“Minha história com a dublagem começou em 2010, ou antes. Estava no último ano da faculdade de publicidade, mas não gostava. Pensava no que fazer da vida, estava em uma deprê sinistra, muitas coisas, achava minha vida uma bosta. Aí me lembrei do Diego Marques, dublador que estudou na mesma escola que eu. Sempre gostei de trabalhar com a voz. Fiz um curso de dublagem, mas descobri que precisava ser ator. Fui desaconselhado na época. Uma professora falou que eu não iria vingar e tinha que parar. Estava mal da cabeça e aceitei. Fui procurar trabalho em outro lugar. Na época, trabalhei em assessoria de imprensa, consultoria de negócios, e cada vez mais me afundando. Ouvia muito rádio e estudei locução. Eu me formei, trabalhei e, em 2015, conheci o dublador Cassiano Ávila. Ele falava que minha voz era boa e que eu deveria correr atrás da dublagem”.

Quero ser Dublador

“Minha fonoaudióloga trabalhava na DuBrasil e me avisou de um curso para pessoas que não são atores para imersão em dublagem. Falei: ‘Dublagem não é para mim, já tentei e não deu certo’. Ela disse que eu podia gostar e fui ver qual era. Mandei e-mail e me responderam pedindo para eu ir ao cartório reconhecer firma: ‘Preciso que você grave um vídeo se apresentando, dizendo quem é você, porque você quer ser um dublador’. Pensei: ‘Que p… é essa?’. Uma semana depois, fui selecionado para uma entrevista presencial. Quando cheguei, havia três câmeras apontadas para mim: ‘Vamos fazer um reality show para quem não é ator e quem vencer leva um curso de teatro e outro de dublagem aqui na DuBrasil’. Morri de medo! Não esperava por isso. Quando terminou, pensei que não iria passar, pois estava totalmente despreparado. Uma semana depois, me avisam que fui um dos 16 selecionados. Em cada etapa, achava que seria minha última vez, que seria eliminado, e para mim tudo bem, porque nunca tinha tido oportunidade. Em um dos programas, eu tinha ganhado imunidade do Elcio Sodré [voz clássica do Shiryu de Dragão]! Olha que loucura! Ele me deu imunidade porque eu me destaquei”.

Globo

“Terminei o curso de locução dizendo: ‘Quero ser locutor da Globo!’. Meu professor dizia que eu tinha muito arroz com feijão para comer. Seis meses depois, um diretor da TV Integração, afiliada no Triângulo Mineiro, me enviou uma mensagem procurando vozes novas e dizendo que tinha me visto no Quero Ser Dublador. Um dos episódios foi com a Mabel Cezar, dubladora e locutora da Globo, e a emissora estava mudando a plástica. Passei três meses fazendo testes. A Globo me achou e me aceitou para trabalhar. Virei a voz padrão da TV Integração. Trabalhei para quatro afiliadas. Em 2018, fui para a Rede Amazônica, e em 2019 me indicaram para a EPTV. Também trabalhei durante quatro meses para a RPC. É muito legal. Nesse período, fiz curso de teatro, uma coisa foi levando à outra. Mas até então achava que dublagem não era para mim e iria viver de locução”.

Os Cavaleiros do Zodíaco

“Quando entrei para a produção na DuBrasil, em 2019, parei de procurar por locução e investi na dublagem. E dublei bastante! Foi quando a Funimation começou a trazer muitos animes. Via Cavaleiros desde criança e meu preferido era o Shiryu! Fiz o teste para o reboot, mas o diretor, Fábio Campos, não me contou o produto porque não podia. Quando entrei no estúdio, perguntei: ‘O que é isso?’. Ele: ‘Você não está reconhecendo?’. Meu teste foi com o Shiryu acordando no Sekishiki contra o Máscara da Morte! Vi o Shiryu deitado, levantando. ‘Espera aí, o que está acontecendo aqui?’. Ele riu: ‘Você vai fazer teste para Cavaleiros’. Eu não acreditei! E ele me contou que iriam trocar as vozes. Pensei que faria um personagem menor. ‘Muito obrigado, o que eu vou gravar?’. Ele: ‘O Shiryu!’. Eu olhei para a tela, olhei para ele: ‘É sério?’. Ele: ‘Sim! Não deu para te colocar no Seiya porque sua voz é muito pesada para ele, mas para o Shiryu vai ficar legal’. ‘Graças a Deus que não deu para o Seiya porque o Shiryu é o meu cavaleiro favorito!’. Começamos a rir. Tremi muito! Fiquei bem fraco. ‘Deixa eu tomar uma água’, porque minha voz não saía! Mas o Fábio tem um cuidado incrível na direção. Para mim, poder fazer Cavaleiros na casa que me acolheu é uma loucura”.

Reboot e novos dubladores

“A série clássica nunca vai deixar de existir. Acho que nunca será redublada, mas, mesmo se for, o trabalho anterior não deixará de existir. São quase 30 anos em que eles construíram uma geração da qual faço parte! O trabalho deles me despertou o interesse para dublar. Quando fui gravar, perguntei para o Fábio: ‘Quer que eu faço algo mais na pegada do Elcio ou faça o que eu achar que deve ser feito a partir do que o personagem está me dando?’. Ele: ‘Casemiro, o personagem agora é seu’. Eu trouxe a minha interpretação, por mais que ele seja uma baita de uma referência, tanto que quando ouço o original na minha cabeça vem a voz dele. Não há como fugir da voz dele, cresci ouvindo esse cara e era o meu cavaleiro favorito. Tentei respeitar o trabalho dele e, ao mesmo tempo, respeitar o original. Não me sentiria respeitoso se eu o imitasse. Aquele foi o trabalho dele, é clássico e vai ficar para sempre. Não quero fazer igual e não ficar legal. Vai ficar diferente porque o meu timbre é diferente, mas a energia do personagem vai ser a mesma. O Cólera do Dragão, por exemplo, eu fiz diferente do dele, porque gostaria de ficar a referência clássica com a referência nova”.

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