Trama problemática

Apesar dos pesares, Walcyr Carrasco e atores veteranos fizeram milagre em Terra e Paixão

Em meio a problemas e 221 longos capítulos, novela salvou o horário nobre da Globo

Publicado em 19/01/2024

Depois de longos 221 capítulos, Terra e Paixão chega ao fim na Globo. Em meio a diversos problemas, Walcyr Carrasco e atores veteranos fizeram milagre e salvaram a trama.

O melhor autor da emissora dos últimos tempos, o dramaturgo não conseguiu repetir o sucesso de suas últimas novelas das nove, mas ainda tem muitos créditos.

Além de aumentar os índices de audiência no horário nobre, após o fiasco de Travessia, Walcyr ainda conseguiu cativar o público com poucos bons personagens.

O autor passou por problemas de saúde em meio à trama e ganhou o auxílio de Thelma Guedes, parceira muito competente. A dupla penou para manter a novela atrativa em oito meses.

Ou seja, um dos principais problemas de Terra e Paixão foi a duração. Hoje em dia, tramas com mais de 200 capítulos são inviáveis e beiram o surreal. Por isso, não faltaram tentativas de Antônio (Tony Ramos) acabar com Aline (Bárbara Reis).

Aline (Barbara Reis) com Antonio (Tony Ramos) e Irene (Gloria Pires) em Terra e Paixão
Aline (Barbara Reis) com Antonio (Tony Ramos) e Irene (Gloria Pires) em Terra e Paixão

A mocinha, aliás, é a pior das novelas do dramaturgo. Não se vingou, não prosperou e não saiu do lugar. Bárbara Reis tirou leite de pedra de uma personagem ruim e que ficou em segundo plano por vários momentos. O mesmo vale para Caio, que não vai figurar entre os grandes trabalhos de Cauã Reymond.

Na verdade, quem ajudou a salvar a novela foram os veteranos. Em meio a tantas figuras desperdiçadas e sem história, Tony Ramos, Gloria Pires e Eliane Giardini foram os nomes da trama. Excepcional, Tony entregou um vilão intragável e que deixou os telespectadores revoltados.

Gloria Pires ganhou um papel ruim e ficou longe de ser uma grande vilã, mas tentou dar dignidade a sua personagem, principalmente em sua relação com o filho predileto. Já Eliane Giardini trouxe frescor e novidade à trama, como uma mulher dúbia, nada maniqueísta, que merecia até melhores momentos na produção.

Além disso, Terra e Paixão acertou na representatividade. Dessa vez, Walcyr destacou vários casais homoafetivos de forma natural e convincente, como Mara (Renata Gaspar) e Menah (Camilla Damião) e Rodrigo (Maicon Rodrigues) e Luana (Valéria Barcellos). Da mesma forma, construiu uma ótima história para os trambiqueiros Kelvin (Diego Martins) e Ramiro (Amaury Lorenzo), os nomes da novela.

Apesar dos pesares e longe de ser um grande trabalho de Walcyr Carrasco, Terra e Paixão cumpriu seu papel no horário nobre da Globo. Se vai deixar saudades ou não, o público vai dizer.

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