A produção de uma novela pode ser comparada ao trabalho de uma orquestra. Se há um projeto amplo a ser admirado, são os detalhes que enriquecem o caminho e fazem do resultado algo tão especial. É neste contexto que se destacam os seis meses de pesquisa da produtora de arte Miriam Vianna – mais conhecida como Mirica –, mergulhando no universo pantaneiro até finalizar seu planejamento para a novela.
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Plano pronto, mais alguns meses para encomenda e confecção dos objetos de cena que trazem vida aos cenários e remetem à realidade vivida pelos fazendeiros, peões e moradores da região, levando para todo o Brasil características importantes da cultura de um dos biomas mais ricos do país.
Seja em externa, no Mato Grosso do Sul, ou nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, o departamento de arte é responsável por cada detalhe das cenas: a carne e as ferramentas de um churrasco; a sela da montaria; a rede da varanda; as bebidas da mesa de jantar; entre muitos outros itens.
Uns mais comuns, outros mais peculiares. Para Pantanal, por exemplo, Mirica e sua equipe precisaram encomendar de uma artesã uma sucuri de quatro metros de comprimento.
“Ela é maleável, temos que passar diariamente uma glicerina para não ressecar. Quando encomendamos, pedimos que houvesse a possibilidade dessa cobra entrar dentro da água”, conta a produtora.
O “dublê da sucuri” é carioca, mas muitos outros produtos Mirica fez questão de encomendar no Mato Grosso do Sul, de pequenos produtores locais, como é o caso de alguns itens que servem à fazenda de José Leôncio (Renato Góes/ Marcos Palmeira), à tapera de Juma (Alanis Guillen) e à chalana de Eugênio (Almir Sater).
“Comprei a louça toda do povo Terena, produzida por indígenas da região. São travessas de cerâmica vermelha com desenhos indígenas para a fazenda, louças mais simples para a tapera e algumas sacolas que eles fazem de mercado, com desenhos lindos para a chalana, que encomendamos para homenagear esse povoado local.
Quando entramos em contato com eles, tivemos ainda a oportunidade de conversar com o pajé e tirar algumas dúvidas sobre como são tratadas as pessoas que sofrem picadas de cobra ou são atacadas por animais, pois teremos em algumas cenas o que seria usado em casos como esses, já que o Velho do Rio em determinado momento irá ajudar uma pessoa, e explicará que aprendeu o ritual com indígenas”, diz Mirica, dando a dimensão da riqueza de detalhes do trabalho de seu departamento.
Como não poderia deixar de ser, a música tem um papel de destaque em Pantanal. Foi assim há 30 anos, na primeira versão, e será agora nesta nova versão.
“O Papinha é um amante da música e queria um som legal, por isso a escolha dos violões foi tão importante. Ligamos para os artistas e perguntamos como estão acostumados a tocar.
Fizemos um violão para o Tibério, Quim e Trindade. O Gabriel Sater nos mandou todas as especificações e encomendamos um igual ao dele, envelhecemos de forma que ficasse uma réplica.
Até brinquei que ele não saberia dizer qual era qual. No caso do Almir, ele deixou a gente dar uma ‘envelhecidinha’ no violão dele. Portanto, é o único que usará seu violão próprio”, finaliza Mirica.