Entrevista

Coringa da audiência na RedeTV!, Jorge Lordello reforça a nova era ‘true crime’: “Gênero de interesse da população”

Líder com o Operação de Risco, apresentador também assume o comando do Hora de Ação

Publicado em 15/05/2023

Jorge Lordello, hoje um dos principais nomes do jornalismo policial na televisão brasileira, recebeu uma nova missão na RedeTV!. Nesta segunda-feira, dia 15, ele estreou o Hora de Ação, programa que passa a ocupar a faixa das 18 horas na grade de programação da emissora.

A atração do gênero true crime (crimes reais) foi formatado em cima da expertise do profissional na área criminal e de segurança pública. Lordello soma mais de 20 anos como Delegado de Polícia no Estado de São Paulo. Nesses anos de carreira, também foram quase 100 livros publicados no Brasil e em mais em 28 países.

Apresentador do Operação de Risco, que é líder de audiência dentre todos os programas do canal de Amilcare Dallevo e Marcelo de Carvalho, ele conta em entrevista à coluna, que best-sellers de Agatha Christie (O Assassinato no Expresso Oriente), Arthur Conan Doyli (Sherlock Holmes) e Georges Simenon (A Noite da Encruzilhada, Maigret), são obras pelos quais ele tem fascínio desde a infância. Ao longo dos anos, as séries americanas Kojak (CBS), As Panteras (ABC), HawaII Five-0 (CBS) e Detetive Columbo (NBC) também movimentaram seu imaginário.

Visto isso, a nova investida da RedeTV! em mais um produto do gênero, segundo o apresentador, se dá principalmente pelo interesse do grande público. Para ele, a alta na busca por atrações que exploram os bastidores da criminalidade não tem a ver com o efeito do sensacionalismo promovido por determinadas atrações. E isso, a psicologia pode explicar.

O interesse da população por cenas de crime não é algo de hoje. Isso remonta a história do mundo. Como estudioso e também escritor de casos policiais, eu também tive essa curiosidade em saber. E entrevistando psicólogos e psiquiatras, ficou muito claro o motivo.

O nosso interior psicológico tem o lado do carinho, o lado o amor, o lado da empatia, mas nós também temos instintos de violência, que é o de sobrevivência. Antigamente o homem tinha que sobreviver ao ataque animal, depois às guerras, ou seja, essa manifestação pode acontecer a qualquer momento, só que num mundo civilizado você não usa essa violência no dia a dia, ele fica guardado.

O espectro do cérebro humano, ele tem guardado esse viés de violência, só que você não tem como descarregar. No trabalho de pesquisa, descobri que ao assistir cenas de violência e saber sobre crimes, você começa a descarregar um pouco disso, passa a ser até excitante para a pessoa quando ela coloca essa emoção pra fora“.

Confira a entrevista completa com Jorge Lordello!

CS – Hora de Ação é um produto que, sobretudo, também presta serviços às autoridades. Mas ele vem de um gênero que divide a opinião popular por reforçar a ideia de sensacionalismo. Qual será a balança para não ir além do limite da utilidade pública?

JL –Sobre isso, eu tenho que falar de dois ícones do gênero, que foram Gil Gomes [Aqui Agora] e o Homem do Sapato Branco [Jacinto Figueira Júnior]. Eu tive a felicidade de conhecer os dois e nutri uma amizade por eles, principalmente pelo Jacinto […] E nós temos que entender que os programas policiais começaram lá atrás, e sempre foram sucesso. Só que, mais para frente, alguns deles ganharam esse aspecto sensacionalista que parte da mídia critica. E a gente vai encontrar telespectador que gosta e o que não gosta. Só que o meu perfil de trabalho foge ao sensacionalismo.

Não temos interesse em migrar para esse campo, isso a gente tira do nosso pacote […] Nós mostramos o que nenhuma TV brasileira mostra. Criamos uma expertise na RedeTV! de ter um ótimo relacionamento, onde todas as polícias do Brasil confiam no Jorge Lordello para que possamos fazer os acompanhamentos por terra, por céu, pelo mar, com a Guarda Municipal, Polícia Cívil, Polícia Militar, Polícia Federal, aeroporto, embarcando no mar, no helicóptero.

Isso a TV brasileria não tinha, e posso garantir que verificando em outras emissoras fora daqui, isso também não tem. Com o Hora de Ação o telespectador está dentro da ação policial […] Vamos trazer a utilidade pública e o que as pessoas tem que saber sobre seus direitos e deveres para se colocar no dia a dia e principalmente ter uma vida segura“.

CS – Sua imagem está bastante ligada ao Operação de Risco, a maior audiência da RedeTV! no jornalismo. Visto isso, algo foi feito para que o público não confunda os dois programas? Eles tem propostas realmente diferentes?

JL –Queremos mostrar como os crimes poderiam ser evitados. É a chamada minimização de riscos através de orientações preventivas, pró-ativas, de segurança. O Hora de Ação é uma utilidade pública muito grande […] Vou trazer os maiores especialistas da área de segurança pública. São pessoas que fiz amizade durante esses 20 anos que faço televisão.

Vamos debater temas sensíveis, desde a área policial até a área de ação. Do outro lado, vamos apresentar advocacia criminal, ou seja, profissionais que buscam defender criminosos em todos os ângulos. Esses debates são muito importantes, pois cada crime, cada atuação criminal cabe uma análise crítica, jurídica. Também vamos falar de legislação brasileira”.

CS – Como espectador, seja de TV ou streaming, você costuma assistir ou consumir produtos do gênero policial? Se sim, qual deles mais te impactou?

JL –Lancei meu primeiro livro ‘Como Conviver com a Violência’, de quase 400 páginas, em 1998, nele eu quis falar e ensinar as pessoas a se protegerem da violência, a não serem assaltadas e vítimas de golpes […] quando comecei a me especializar em TV, percebi que temos dois mundos: o mundo da TV aberta e dos canais fechados, que possuem produções de muita qualidade. Mas isso não me interessa. O público da TV aberta é um, o da TV fechada é completamente diferente.

E o das redes sociais também é diferente. Então, eu tenho que entender o público da TV aberta, e eu tenho que usar uma frase do Silvio Santos, que é: ‘o público da TV aberta é a dona de casa’. Temos que formatar programas do interesse desse público. Portanto, meu consumo de streaming é baixíssimo. Eu adoro consumir TV aberta, acompanhar os índices de audiência, verificar em todos os canais o que está dando certo e o que está dando errado.

Continuo a assistir os programas antigos de TV da área policial, principalmente os americanos. Eu continuo a reler Agatha Christie, Conan Doyli, Simenon […] Procuro entender o que o publico da TV aberta quer. Quem me para nas ruas é o público que vê TV aberta“.

CS – Hora de Ação terá equipes de reportagem nas ruas, investigação e desdobramentos de crimes que marcaram o país. É uma dinâmica bastante intensa. O projeto, ao que parece, tem ferramentas o suficiente para atingir o público. Você é quem vai cobrar por resultados e audiência ou será cobrado por isso? Como é a sua relação com os números de audiência?

JL – “Sempre ouvi nesses 20 anos que faço televisão, que sou uma pessoa que vai nos programas e dá audiência. Por isso sempre fui muito chamado pelos diretores de TV, até ser contratado pela RedeTV!. E isso aconteceu com o Operação de Risco, e agora a gente torce pelo Hora de Ação. Mas a nossa preocupação não é com audiência, é fazer programa com muita qualidade, entretenimento, utilidade pública”.

CS – O que você não faria por audiência?

JL – “Cada um usa as armas que tem. Muitas coisas eu não faria por audiência, e nunca fiz. Não é o meu estilo, jamais agiria de forma sensacionalista, não levanto o tom de voz, não tenho essa coisa da grosseria, nem as chamadas ‘teorias da conspiração’. Nossa proposta sempre foi do profissionalismo, a chave do meu sucesso é que eu consigo analisar um fato criminoso com muita profundidade e não com superficialidade. O público quer de um especialista é o aprofundamento. E essa é a minha marca. Nunca deixei que a violência se impregnasse na minha personalidade”.

Hora de Ação vai ao ar de segunda sexta, às 18 hora, na RedeTV!

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