Quando Fina Estampa chegou ao final, em março de 2012, o autor Aguinaldo Silva não poupou críticas à direção da novela. Segundo o autor, a novela sofreu com o “descaso da direção”. Não por acaso, a trama marcou o fim da parceria entre Silva e Wolf Maya, que dirigiu os textos do autor em obras como Cinquentinha, Duas Caras e Senhora do Destino.
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Pois a reprise de Fina Estampa, atualmente em exibição na Globo, tem atestado a reclamação do autor. A cena em que Pereirinha (José Mayer) ressurge vivo no mar, a bordo de seu barco, ganhou um tom non sense que não condizia com o drama mostrado. Com atores acima do tom, a sequência que deveria ser dramática ficou tosca.
Toda a sequência não funcionou. Da multidão vista na praia à reação de Griselda, é tudo bastante over. Na cena, Griselda grita descontrolada, depois tenta atacar o marido e, por fim, desmaia. Tudo pareceu tão equivocado que Lília Cabral, atriz que dispensa apresentações, pareceu um tanto canastrona. Por fim, o que era para ser um momento apoteótico se tornou um pastiche sem propósito.
E vem mais…
Na verdade, este parece ser o início da elevação de tom de Fina Estampa. Conforme vão se desenrolando os capítulos, a trama vai pesando a mão do non sense, abraçando o absurdo de uma maneira impressionante. E não é falha apenas da direção. O texto também se perde, abrindo mão de uma trama coerente para apostar em momentos episódicos sem muito sentido.
Porém, quando Fina Estampa pega o caminho da histeria, a audiência já se viu envolvida com seus personagens e perdoou os deslizes. Isso fez com que a trama garantisse a alta audiência de sua exibição original, e que vem se repetindo nesta reprise. Mas é um ponto fora da curva na obra de Aguinaldo Silva, normalmente mais cuidadoso no desenvolvimento de seus folhetins (exceto O Sétimo Guardião, bem entendido).
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