Curiosidades da TV

Roque Santeiro, Selva de Pedra, O Bem-amado e outras novelas censuradas da nossa TV

Da década de 1960 até o fim dos anos 1980, órgão do governo tinha poder de cortar o que quisesse

Publicado em 30/06/2021

O trabalho de autor de novelas é bastante cansativo e exige muito dos escritores que se dedicam a ele. São horas a fio todos os dias, por meses, uma obra após a outra. Páginas e páginas de trabalho, aos milhares, para emocionar e divertir audiências que passam dos milhões de indivíduos, capazes de encher muitos e muitos Maracanãs, comparação comum de se encontrar ao ver dimensionado esse trabalho e em alusão a outra paixão nacional, o futebol.

Agora imagine fazer esse trabalho e ter que refazê-lo uma ou mais vezes, ou pior, ter que censurar a si próprio para que essa tarefa cansativa e exigente não seja cortada ou alterada por alguém investido de uma autoridade ditatorial para interferir em sua criação.

Isso aconteceu no Brasil entre os anos 1960 e os anos 1980, em se tratando da escrita de novelas para a TV. Era a atuação da Censura Federal, que Curiosidades da TV relembra no Observatório da TV – inclusive para que esse tempo não seja esquecido.

Praticamente todas as novelas – bem como filmes, livros, espetáculos de teatro, shows, composições musicais etc. – teve algo que incomodou a Censura nos mais de 20 anos em que seu poder de vetar e mandar mudar elementos das obras artísticas esteve em vigor.

Recentemente inserida no catálogo do Globoplay, Roque Santeiro (1985) é um dos ícones desse período de atuação da Censura. Afinal, em 1975 a obra de Dias Gomes teve sua exibição integralmente vetada na televisão, em qualquer horário, no dia em que estrearia como novela das 20h na TV Globo, em substituição a Escalada, de Lauro César Muniz – aliás, mais uma das novelas censuradas de nossa História.

Nela, o nome do ex-presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira não podia ser mencionado, embora parte importante da trajetória do protagonista Antônio Dias (Tarcísio Meira) fosse ligada à construção de Brasília, obra-síntese do governo do mineiro.

No entanto, em uma cena da novela a música ‘Peixe Vivo’, sempre identificada com JK, foi assobiada para marcar uma citação a ele. Não foi cortada – lembrando que, além dos textos, as gravações em vídeo também eram analisadas previamente.

Todas as novelas de Janete Clair foram escritas durante o período de regime militar, e não foi raro a autora passar por problemas com a Censura. Selva de Pedra (1972/73), Fogo Sobre Terra (1974) e Duas Vidas (1976/77) estão entre as obras lembradas por esse tipo de situação.

Dias também enfrentou problemas com a Censura em outras novelas, como O Bem-amado (1973) e Saramandaia (1976). Acompanhe o vídeo das Curiosidades da TV!

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