ANÁLISE

Shonda Rhimes prova que contrato bilionário com a Netflix é mixaria

Com séries líderes de audiência, a rainha do drama vale (muito) mais do que ganha

Publicado em 10/04/2022

Em 2017, Shonda Rhimes liderou um movimento nunca antes visto em Hollywood. Criadores de conteúdo passaram a ser encarados como estrelas, imitando astros do futebol e assinando contratos milionários oferecidos por estúdios e streamings. A rainha do drama deixou a Disney e fechou com a Netflix, investimento que após cinco anos prova ser muito rentável para a plataforma. E a produtora e roteirista embolsa uma mixaria no final das contas.

Os valores gastos com os chamados showrunners, pessoa responsável por gerenciar todo aspecto criativo e de execução de uma série, atingiram a estratosfera. Alguns até achavam exagero pagar US$ 150 milhões para Shonda Rhimes, valor acertado em 2017. 

O contrato de então foi encerrado no ano passado, mas renovado para mais cinco temporadas. Investigação da imprensa americana aponta que a criadora de Grey’s Anatomy ganhou um aumento de US$ 100 milhões a US$ 150 milhões em cima do combinado no final da década passada.

Em uma conta rústica e por baixo, apenas para ter ideia da quantidade de dinheiro em jogo, Shonda Rhimes receberá da Netflix cerca de R$ 1,28 bilhão em menos de dez anos. Na ponta do lápis, essa fortuna é mixaria. A empresa ganha muito mais em cima da rainha do drama.

Shonda Rhimes nos bastidores de spin-off de Bridgerton
Shonda Rhimes nos bastidores de spin off de Bridgerton

Recuperando o investimento

A produtora Shondaland, fundada e administrada por Shonda Rhimes, fez apenas duas séries para a Netflix até o momento, parte do acordo acertado em 2017. E ambas conquistaram um sucesso estrondoso. 

Bridgerton nada mais é do que a série de língua inglesa mais vista da plataforma. E em segundo lugar vem outra cria da Shondaland, o drama Inventando Anna, esse escrito pela própria Shonda Rhimes.

Fora ser sucesso de audiência, ambas as atrações foram bem avaliadas pelo público e mídia. E Bridgerton, com a primeira temporada, emplacou indicações ao Emmy, fato que deve se repetir na atual leva. Inventando Anna deve seguir o mesmo caminho na Academia de Televisão americana.

Quando se pensa no quanto a Netflix ganhou em cima dessas séries, pelo espaço na mídia e propaganda involuntária, Shonda Rhimes merecia muito mais do que R$ 1 bilhão. A gigante do streaming faturou (e vai faturar) bastante em cima do trabalho dela. É a mesma lógica vista com grandes estrelas do futebol.

O caso de Neymar é emblemático. O atleta brasileiro tem a transferência mais cara de toda a história do esporte bretão. Em 2017, o clube francês Paris Saint-Germain pagou € 222 milhões (R$ 1,14 bilhão, na conversão atual) para poder contar com a habilidade do atacante. Valor exorbitante? Nada, foi uma mixaria.

Na época, o jornal O Globo projetou o impacto dessa contratação. Especialistas em marketing afirmaram que o retorno financeiro do PSG viria já em um ano. Isso pelo fato de Neymar gerar muita publicidade, vender camisa, atrair patrocinadores para o clube, tornar o campeonato francês mais atrativo para a TV…

O que Shonda Rhimes está escrevendo...?
O que Shonda Rhimes está escrevendo

A caneta de Shonda, ou os dedos deslizando no teclado de um notebook, tem um peso enorme. A próxima série feita por ela ou pela Shondaland vai criar um burburinho daqueles na Netflix. A empresa vai sorrir com cifrões nos olhos, sabendo que pagou pouco para lucrar muito. ⬩

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