Crítica

Com boa performance de Pedro Pascal, observamos The Last of Us, da HBO Max, retornando aos seus melhores momentos

Narrativa discorre sobre aquilo que faz o tempo parar

Publicado em 23/02/2023

Mesmo uma série como The Last of Us, capacitada de enorme investimento financeiro, que possibilita termos uma grande produção técnica, em especial, no departamento das artes e efeitos visuais, necessita essencialmente de uma fluente narrativa que capture a atenção de seus espectadores com algo além do que olhos podem enxergar.

E como pudemos testemunhar pelos últimos capítulos da produção original da HBO, no caso, ‘Por Favor, Segure a Minha Mão’ e ‘Resistir e Sobreviver’: não houve nada além do burocrático de pouca inspiração para aqueles que assinam a HBO Max.

Mas, aparentemente, vemos a possibilidade de analisarmos as coisas voltando aos eixos com o mais recente episódio ‘Parentesco’, onde temos um Pedro Pascal iluminado, abrindo-se sobre seus medos de um homem mais “velho”.

The Last of Us 1
The Last of Us

A face de Pascal

Provavelmente notaremos uma boa parte do público, elevando a performance do talentoso ator chileno Pedro Pascal em uma cena, onde contracena com alguém querido a ele. E, sim, é um momento de notável valor emocional – ainda mais com os diálogos escritos por Craig Mazin – porém, a maior cena dele, até o momento, em toda a temporada, acontece ainda na primeira parte de ‘Parentesco’, quando testemunhamos nossa dupla de protagonistas sendo cercada por alguns caubóis armados.

Indefesos diante estes homens e mulheres do faroeste, sentimos pelo olhar agitado e respiração ofegante de Joel, aquilo que já sabemos é o principal ingrediente em seu espírito pelos últimos 20 anos: medo.

Finalmente começamos a notar as aflições e vulnerabilidades de Joel, chegando à superfície, algo que ainda não tinha dado as caras com tamanha presença. Pontuando que, tudo isso, torna-se exponencialmente mais intenso, uma vez que estamos perante as angústias de um homem que está sentindo sua própria idade, assim, incapaz de proteger a si mesmo, mas principalmente, aqueles em seu entorno.

The Last of Us 2
The Last of Us

Aquilo que para o tempo

Logo no episódio piloto ‘Quando Estiver Perdido na Escuridão’, examinamos uma cena com a filha de Joel – interpretada pela jovem atriz Nico Parker – mandando arrumar o relógio de pulso de seu pai. Na cena, vemos a adolescente Sarah cercada de relógios de diferentes tipos, enquanto o comerciante conserta aquele que seria o último presente dela para ele.

Lá, naquele exato momento, poderíamos interpretar de mais de uma maneira o que tudo aquilo poderia significar, porém, parece mais apropriado usar quaisquer argumentos aqui em ‘Parentesco’, pois lembremos, que este mesmo relógio, continua parado, sem funcionar, no pulso de Joel. Para ele, o tempo parou após a morte de Sarah.

Dizem que quando a morte chega, nosso tempo acaba, o relógio para. Mas, não é bem assim! Lembremos o óbvio, a vida, seja ela no campo físico ou espiritual, continua sua progressão mesmo quando outros se vão, assim não é a morte aquela dita como responsável por paralisar o tempo em nossas vidas. Aqui, mais que claramente, bastando novamente focar nos olhares e respiração de Joel, notamos o que estacionou o espírito dele, no caso, a tristeza.

É ela: a tristeza, o abatimento, quem parou o curso dos dias de Joel. Foi este sentimento de desalento que fez o tic-toc do relógio parar. Daí entra a beleza de The Last of Us da HBO Max, colocando inércia e moção (Ellie), novamente, nos eixos.

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