Profissão Repórter visita a região de Mariana (MG) um ano após a maior tragédia ambiental do Brasil

Publicado em 26/10/2016

No dia 5 de novembro de 2015, um mar de lama engoliu tudo o que tinha pela frente. O subdistrito de Bento Rodrigues, a 35 quilômetros de Mariana (MG), foi inundado pelos rejeitos de mineração da barragem de Fundão, controlada pela mineradora Samarco, e virou cenário do maior desastre ambiental do país. Um ano depois do acidente, a equipe do Profissão Repórter chega à região para conhecer histórias de quem enfrentou o drama e de quem ainda está refém dos danos causados pela tragédia.

Em Bento Gonçalves, outro distrito próximo, Benedito Valadares criava animais em sua propriedade, com a mulher Maria do Carmo. Depois da destruição causada pelo rompimento da barragem, seus animais foram levados para o alto de um morro e, agora, aos 74 anos, ele tem de andar 30 quilômetros por dia para cuidar deles. Da mineradora, o casal recebe R$ 1,4 mil por mês, mas sofre por não ter a vida e a casa de antes.

Além dos aspectos materiais, os psicológicos também dão sinais. Os postos de saúde de Mariana já atendem 150 pessoas para tratamento psicológico e psiquiátrico. A repórter Mayara Teixeira encontra a pequena Jamily, de 10 anos, que perdeu a vida rural e não tem se acostumado à vida na cidade, o que a tem deixado mais quieta e ansiosa. “O olhar da Jamily é muito singelo, mas o que me chamou muita atenção é que ela tem muita raiva, detesta a empresa Samarco e está perdendo a infância. Ela teve que ir à casa, uma semana depois do acidente, para esconder as bonecas e os brinquedos, porque as pessoas estavam saqueando”, conta Mayara. Outro caso marcante é o de Julio, que morava em Paracatu de Baixo e já sofria com a dependência do crack. “Com a perda da casa e do emprego, ele teve de se mudar para Mariana, ao lado da droga, e tem o dinheiro que recebe da mineradora; então, já teve várias recaídas”, explica a repórter.

Para não esquecer o que aconteceu, os moradores desalojados costumam visitar o que sobrou das casas e preferem que o cenário da tragédia permaneça intocado. O programa retoma a história de Monica, que foi contada ano passado e que, agora, é uma das líderes do grupo que representa os atingidos pelo desastre. “Ela visita Bento Rodrigues todos os fins de semana, e toda aquela ruína é muito simbólica para ela. Ela diz que muda a semana dela quando visita aquele lugar”, conta Mayara.

Mas uma obra polêmica planejada pela Samarco deve alagar parte de Bento Rodrigues. A empresa diz que a construção de um novo dique, o S4, é única forma de impedir que os rejeitos que estão na área de Bento Rodrigues contaminem os rios da região. Porém, documentos obtidos com exclusividade pelo repórter Estevan Muniz contestam a eficiência do dique em conseguir conter os rejeitos de minério. “Fui lá três vezes, desde agosto, para ver o que a Samarco estava fazendo em relação às questões ambientais e vimos que a lama ficou lá e as obras que têm sido feitas possivelmente não vão ser eficientes. Estive lá um ano atrás e a sensação que tenho é que está tudo igual, um ano se passou e as coisas não mudaram, a lama está lá, as pessoas continuam vivendo aquele drama”, reforça Muniz.

O Profissão Repórter vai ao ar às quartas-feiras, depois do futebol.

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