Calados, mas não mudos: personagens que, como o Figueirinha de Verão 90, passaram novelas (quase) inteiras de boca fechada

Publicado em 24/07/2019

Em seus capítulos finais na tela da Rede Globo, a novela Verão 90 provou na noite desta terça-feira (23) que ainda tinha fôlego para surpreender o público.

Depois de passar toda a trama de Izabel de Oliveira e Paula Amaral sem dar um piu, o capanga Figueirinha (Lucas Domso) soltou a voz (alheia) para chantagear em alto e bom som a patroa megera, Mercedes Ferreira Lima (Totia Meireles). E qual não foi a surpresa do público quando, ao invés de usar as cordas vocais de seu próprio intérprete, o personagem surgiu dublado pelo consagrado ator Tony Ramos!

A brincadeira do diretor Jorge Fernando de ‘terceirizar’ a voz de Figueirinha foi, de fato, bastante criativa. No entanto, o recurso de manter um personagem de boca fechada durante uma história inteira, para só deixá-lo falar nos 45 minutos do segundo tempo, já foi bastante utilizado na dramaturgia brasileira. Relembremos alguns casos.

Eliane Costa e Claudia Gimenez
Luzineide Eliane Costa e Bina Claudia Gimenez em Torre de Babel Divulgação

Luzineide (Eliane Costa), de Torre de Babel (1998)

Poucas ‘mudinhas’ fizeram tanto sucesso e são tão lembradas nas novelas como a fiel escudeira de Bina (Cláudia Jimenez) nesta trama de Silvio de Abreu. O bordão “cala a boca, Luzineide!”, constantemente proferido por Bina, popularizou-se justamente porque a pobre baixinha, acusada de “falar demais” pela amiga tirana, jamais abria a boca em cena!

Esse ‘jejum verbal’, porém, foi quebrado em grande estilo no último capítulo do folhetim. Depois de disparar um justíssimo “Cala a boca, Bina!”, Luzineide falou pelos cotovelos em uma única cena, na qual revelou que Sandrinha (Adriana Esteves) havia explodido o shopping center que dava nome à história.

Logotipo da novela Fera Ferida (Reprodução/TV Globo)
Logotipo da novela Fera Ferida ReproduçãoTV Globo

Animal (Raul Labanca), de Fera Ferida (1997)

Sisudo e mal-encarado, Animal tinha uma aparência de dar medo a quem quer que passasse diante de si. Menos ao poderoso Major Bentes (Lima Duarte), patrão a quem o perigoso capanga era totalmente submisso, a ponto de sequer se permitir falar em sua presença – e tampouco de qualquer outro personagem!

Animal teve uma única fala em Fera Ferida, quando, nas cenas finais da trama, descobre que seu chefe ostentava ilegitimamente a patente de major. “Mas, para mim, ele será para sempre o meu general!”, declarou o matador de aluguel, para surpresa da audiência.

Sheila Shirley Marcelo Szykman de Amigas e Rivais Reprodução YouTube

Sheyla Shirley (Marcelo Szykman), de Amigas e Rivais (2007)

O salão de beleza de Gardênia (Josmar Martins) abrigava os personagens mais cômicos e excêntricos desta trama assinada por Letícia Dornelles no SBT, com base no original mexicano de mesmo nome.

Entre eles, estava Sheyla Shirley, homossexual afetadíssimo que sequer precisava abrir a boca para ‘borboletear’ constantemente pelo estabelecimento – mesmo porque Gardênia, seu opressivo patrão, jamais lhe permitiu dar um piu em cena.

Jesus Germano Filho em cena da novela Partido Alto Reprodução Memória Globo

Jesus (Germano Filho), de Partido Alto (1984)

Alívio cômico desta trama de Aguinaldo Silva e Glória Perez, o personagem foi o precursor dos ‘mudos por obrigação’. Sempre que tentava abrir a boca, era imediatamente podado por sua esposa, a megera Iara (Ilva Niño), que adorava esculhambá-lo.

Lurdinha Simone Gutierrez a mudinha de Passione Divulgação Globo

Lurdinha (Simone Gutierrez), de Passione (2010)

Formava com Jackie (Alexandra Richter) a ‘dupla dinâmica’ das secretárias de Olavo da Silva (Francisco Cuoco), o ‘Rei do Lixo’. Acusada de ‘falar demais’ pela colega de escritório, nunca abriu a boca em cena, o que não a impediu de formar um par romântico pra lá de fofo com o carteiro italiano Mimi (Marcelo Médici).

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