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Autor de Renascer, Bruno Luperi explica decisão de mudar os personagens Zinha e Pastor Lívio na nova versão da novela

Na versão original, Zinho era interpretado pelo ator Cosme dos Santos

Publicado em 27/02/2024

O autor Bruno Luperi, de 36 anos, responsável pela adaptação do remake de Renascer, falou sobre as mudanças radicais na nova versão do folhetim da TV Globo. Em entrevista ao podcast Papo de Novela, o novelista comentou sobre a sua decisão de trocar Zinho, que em 1993 foi vivido por Cosme dos Santos, para a Zinha, interpretada pela atriz Samantha Jones.

“Foi nesse espaço de retratar o nosso tempo. Mulher no campo está sempre relegada à cozinha, ao serviço doméstico. E a cultura do cacau é uma cultura muito manual, ela requer uma coisa da natureza feminina. Não que um homem não possa ter. O cacau precisa dessa cultura completa: tem o momento mais intenso, mais viril, de um trabalho mais de poda, mais físico, mais braçal, e um trabalho mais manual na delicadeza, no trato, no manejo. E a Zinha está nesse espaço também. É uma menina com isso, ela aprendeu com o pai, ela cresceu com o Jupará na roça. E eu acho muito bonito poder falar das mulheres em outros lugares. Mulher não tá só ali só ali esperando pra casar, ter o filho ou dar o golpe da barriga. Acho que isso é meio anos 90”, analisou o autor.

Bruno Luperi também falou da mudança em relação ao Pastor Lívio (Breno da Matta), amigo e pupilo de Padre Santo (Chico Diaz) no remake de Renascer.

“Hoje a fé católica está em outro momento, mais desconectada da contemporaneidade. E os evangélicos estão mais presentes nisso. Eles tiveram uma capilaridade maior que os católicos de uns tempos pra cá, no Brasil, no nosso contexto. O pastor traz um valor ecumênico para a história, assim como a Inácia ser uma candomblecista”, acrescentou.

O autor ainda destaca a importância da conscientização do público através de sua obra e aponta que a diversidade em todos os âmbitos só acrescenta para contar uma boa história.

“Essa novela tem uma ambição de criar pontes, de juntar o Brasil inteiro. De não deixar que a gente caia nessa briga de facções. O país, a humanidade, tem que se entender completo na sua complexidade de religião, crença, credo, cor, raça, gênero, de tudo. Novela é exercitar um pouco a nossa intolerância ao diferente, ao novo”, completou Bruno Luperi.

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