Matheus Nachtergaele fala sobre Cine Holliúdy: “Essa série foi feita para a família inteira gargalhar”

Publicado em 03/05/2019

Matheus Nachtergaele está voltando para a TV na série Cine Holliúdy. Na produção ele será o prefeito Olegário, casado com Maria do Socorro (Heloisa Perrisé) e pai da protagonista Merylin (Letícia Colin). Um homem arrogante, egoísta, metido e preguiçoso, o personagem promete causar.

Em entrevista ao Observatório da Televisão, Matheus falou sobre os trabalhos mais importantes de sua carreira e contou detalhes da trama de seu personagem.

Como surgiu o convite para fazer esse prefeito?

“Eu conheço o Halder (diretor) há muitos e muitos anos. Ele é uma pessoa muito sociável, interessada e gentil. Além de ser um cara que com recursos pequenos, acabou tornando o filme de Cine Holliúdy um sucesso. Quando surgiu a ideia de transformar o Cine Holliúdy em uma série na TV Globo, a equipe de criação da série optou por alguns nomes da comédia. Mas que pudessem completar o elenco cearense e criar um núcleo antagonista, que é o núcleo original dos filmes. Provavelmente pela minha experiência com filmes e séries nordestinas. Talvez pela saudade que as pessoas estavam de me ver fazer uma comédia nordestina.”

Carreira

As pessoas gostam bastante do seu trabalho, você se sente lisonjeado por estar nessa carreira?

“Sim, mais do que isso. Eu estou sobrevivendo muito bem, num Brasil cada vez mais difícil também nas artes. Mas a coisa que mais me enche de orgulho é ter conseguido escapar da trama capitalista do trabalho de carteira assinada. Eu consigo sobreviver há muito tempo fazendo o que eu realmente amo. Minha arte, meu artesanato, o teatro, o cinema e na televisão com bastante exito em geral.

Desde o princípio com o Cintura Fina, o João Grilo, o Padre Miguel, o Pai Elinho, o Carreirinha e personagens que foram morar no coração das pessoas. No cinema eu me dividia entre filmes de maior bilheteria, Central de Brasil, Cidade de Deus, Tapete Vermelho, Serra Pelada e filmes muito experimentais.”

Cinema

O bacana é que você já fez grandes trabalho, inclusive o Central do Brasil que foi indicado ao Oscar, né?

“Isso, mas eu vou te confessar que eu desprezo o Oscar. Eu estive em muitos filmes que foram para o Oscar ou que foram indicados. Dizem que eu sou pé quente, mas eu tenho desprezo por essa festa da industria norte americana, que nos invadiu. Eu acho que a gente é bem mais que isso. Claro que eu fico feliz quando a gente participa de um festival desse. Se a gente ganha o prêmio é lindo. Mas a gente ganha prêmios maravilhosos em festivais do caralho. O Cannes, o Rotterdam e Berlim que são festivais maravilhosos, mas não faz muito barulho na grande mídia. E também tem os festivais daqui que são geniais, tem Brasília, tem o festival do Rio, tem Gramado, o do Ceará, o festival de Vitória que está com muitos anos de vida.

Mas a cerimônia do Oscar me parece um reflexo do domínio norte americano na nossa vida e a gente não precisa, a gente faz um cinema lindo e eu sou a prova viva disso. A gente tem uma televisão que talvez é a melhor do mundo, eu sou uma prova viva disso também. A princípio, aqui nessa série a gente tem a quinta essência do que nós temos de lindo no cinema e na televisão, para contar uma história do cinema versos a televisão. É muito bonito, vai fazer a gente pensar, mas é para divertir. Não é para esquentar a cabeça não, é para rir. Essa série foi feita para a família inteira gargalhar.”

Streaming

Esse projeto vai passar também no Globoplay, como você vê essa nova era do streaming?

“Eu sou analógico, sou do tipo que escrevia cartas. Quando eu morei na Europa
– quando eu era novo morei um ano na França – eu era muito amigo na minha avó, que faleceu a pouco tempo e a gente se escrevia cartas. Eu sou desse tempo em que não tinha e-mail. Mas eu vejo com bons olhos, é uma novidade para mim.

Eu acho que a internet pode ser um veículo lindo de transmissão de coisas lindas. E quando mal usada vira um veículo para tocar terror nas pessoas e para afastar as pessoas uma das outras, o próprio afeto está modificado. Agora do ponto de vista de um ator, que é uma artesania, a atuação é um artesanato feito com teu corpo, então do meu ponto de vista ser analógico é bom.”

Como é atuar com essa nova geração da Letícia Colin?

“É uma delícia, além dela ser a namorada de um grande amigo meu que é o Michel. Eu conheço ele a milhões de anos, então ela meio que entrou na minha vida afetiva também. Mas o grande encanto desse trabalho é que formou-se um grupo de amigos queridos, as pessoas se adoram. A gente passou três meses fazendo a série, as pessoas vieram aqui hoje muito felizes em ver o primeiro capítulo, mas muito animada em se rever.

Mas na série eu e a Letícia somos inimigos, porque ela é a filha moderninha da Heloisa Perrisé, que é a Maria do Socorro minha esposa na série, que é uma careta. Ela odeia isso da minha personagem que é do mau, na série a gente nunca tem um momento de carinho.”

Personagem

Como você define o Olegário?

“Ele reúne de maneira divertida, todos os cacoetes, os mais antigos e mais modernos dos políticos corruptos do Brasil. Ele é vaidoso, é ignorante, ele pode ser violento, ele é deslumbrado, é metido, egoísta e preguiçoso, mas ao mesmo tempo ele tem uma virtude linda, ele ama a Maria do Socorro.”

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano.

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