Um balanço final sobre Verdades Secretas

Publicado em 25/09/2015

Hoje chega ao fim Verdades Secretas, a novela das 23 horas que a Rede Globo nos apresentou em 2015. Em meio ao atual baixo interesse do público por suas novelas, Verdades Secretas foi um verdadeiro respiro aliviado para a Globo. Se nem tanto em audiência pelo menos em repercussão. A novela está na boca das pessoas, em conversas de bar, e discussões no trabalho.

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Walcyr Carrasco nunca foi meu autor favorito, já o fiz inclusive diversas críticas, por acreditar que faltavam à ele sutilezas e naturalidade em seus textos que pareciam declamados pelos atores tal qual um teatro filmado. Não, Walcyr não mudou sua forma de escrever, mas ele conseguiu envolver o público num enredo que tinha tudo para cair em desgraça, já que em tempos de encaretamento e diversos falsos moralismos por parte da população seria difícil fazer sucesso uma história repleta de atos moralmente condenáveis, sexo, homossexualidade, drogas, prostituição, e personagens jovens. Realmente o público de telenovelas está mudado. Há pouco tempo, uma trama em que 70% dos personagens está abaixo dos 30 anos de idade afastaria o público adulto.

A trama de Verdades Secretas foi bem amarrada partindo de Arlete/ Angel (Camila Queiroz), a garota do interior que tinha o sonho de ser uma modelo famosa e logo se descobre no mundo da prostituição velada sob a alcunha de book rosa. Menor de idade e escondendo da família, ela conhece e se apaixona por Alex (Rodrigo Lombardi), o empresário milionário que vê na garota uma paixão nada realista, nem mesmo racional. Diante de problemas familiares, que ele pouco se importou, a garota passou a ser alvo de sua obssessão doentia, ou como muitos diriam, coisas que só acontecem em novelas.

Verdades Secretas, a primeira novela inédita do horário cumpriu a missão de colocar algumas verdades (secretas) na tela e levantar discussões como aliciamento de menores, prostituição, uso de drogas, aborto, homossexualidade, bissexualidade.

Merecem destaque Grazi Massafera, que foi construindo sua Larissa dia após dia de forma verossímil, com uma atuação impecável e que fez até aqueles que não acreditavam no talento da ex-BBB como atriz mudar seus pré-conceitos. Marieta Severo também merece destaque por conseguir dar vida a Fanny, uma mulher ambiciosa, divertida, e as vezes também um pouco ingênua. Os atores jovens, e a forma como os adolescentes foram retratados foi o que melhor se aproximou da realidade em muitos anos (e olha que esse papel deveria ser de Malhação). Impossível não citar Drica Moraes que entrou às pressas na pele da inocente Carolina substituindo Deborah Secco, que já havia gravado suas primeiras cenas, e deu um show à parte.

Com uma edição ágil, e trilha sonora acertada, que deixou a novela de 64 capítulos com cara de série, os pontos negativos de Verdades Secretas ficaram por conta dos exageros cometidos no texto do Walcyr. Como um autor que veio das adocicadas tramas de época, ainda existe muito didatismo, muita repetição, e muitos, muitos, muitos diálogos que na vida real ninguém diria. Nada que comprometa o resultado final da obra.

Vale uma observação – A Fanny Models era uma agência minúscula (aparentemente com menos de 10 modelos no seu casting). Valia a pena isso ser ressaltado para que o público mais desinformado não cometa o erro de acreditar que o book rosa ou ficha rosa aconteça em todas as agências.

Vale outra observação – A novela foi considerada por muitas pessoas como soft porn devido às cenas de sexo, mas Presença de Anita, A Muralha, O Quinto dos Infernos e outras minisséries dos anos 2000 tinham um nível maior de cenas de sexo e ninguém as apelidava dessa forma.

Espero que todos tenham gostado de Verdades Secretas assim como gostei.

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