duas caras

Personagens de Julia Lemmertz em reprises ilustram os altos e baixos da carreira

A atriz brilha como Greta em Novo Mundo, mas está apagada como Esther em Fina Estampa

Publicado em 11/07/2020

Nos mais recentes capítulos da reprise de Novo Mundo, na Globo, surgiu Greta, uma vilã das mais interessantes. A personagem de Julia Lemmertz entra em cena para infernizar a vida do irmão, Wolfgang (Jonas Bloch), e sua esposa, Diara (Sheron Menezzes), praticando muitas maldades.

A chegada de Greta agita o atual momento de Novo Mundo, deixando a trama mais movimentada. Vilã “raiz”, a austríaca de forte sotaque é daquelas malvadas dissimuladas, capaz de disfarçar suas atrocidades com uma capa de hipocrisia.

Mesmo coadjuvante, a personagem é um prato cheio, que encontra em Julia Lemmertz recursos para fazê-la uma adorável odiosa. A atriz tem uma galeria de malvadas bem interessantes, e Greta integra este time. Do sotaque carregado aos maneirismos, Greta é uma personagem de composição, que exige uma intérprete consciente de suas possibilidades.

No entanto, Julia Lemmertz vive um momento curioso neste período de reprises na Globo. Pois, se às seis, ela surge como uma vilã que rouba a cena, às nove ela vive uma das personagens mais apagadas de sua carreira. A estilista Esther, de Fina Estampa, é um tipo sem qualquer nuance, que vive uma história que parece truncada.

O plot da empresária bem-sucedida que sonha em ser mãe, mas encontra resistência do marido e enfrenta problemas com uma médica antiética, não é ruim. No entanto, esta trama parece descolada do eixo principal de Fina Estampa, e seus personagens não têm muita profundidade.

Esther enfrenta muitos dramas, mas em nenhum momento parece encontrar a cumplicidade do público. Isso se deve à maneira pouco habilidosa do autor Aguinaldo Silva de desenrolar este entrecho. Assim, a atriz faz um esforço hercúleo, mas não consegue fazer Esther acontecer. Ela é desenvolvida em “banho-maria” a novela toda.

Julia Lemmertz é uma das melhores atrizes de sua geração. Em seus anos na TV, fez grandes papéis, circulando muito bem entre heroínas e vilãs. Mas toda carreira tem seus altos e baixos, e isso fica bem claro com as reprises da Globo. Os retornos de Novo Mundo e Fina Estampa proporcionam ao público um grande momento da atriz às seis, mas um péssimo momento seu às nove.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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