Clássicos

Minisséries são bem-vindas, mas por que o Globoplay não faz um cronograma de resgate só para elas?

Produções mais curtas passaram a se intercalar com novelas no projeto da plataforma, além de temporadas de Malhação

Publicado em 09/02/2021

Desde maio de 2020, o Globoplay tem inserido em seu catálogo a cada duas semanas uma produção do rico acervo de dramaturgia da TV Globo. O projeto de resgate de novelas clássicas, como tem sido chamado, já nos trouxe obras aclamadas como Vale Tudo (1988) e Tieta (1989).

Justamente por essa expressão “projeto de resgate de novelas clássicas”, o público que acompanha o noticiário de televisão estranhou quando, no final do ano passado, mais precisamente na época da CCXP, o diretor-geral do Globoplay, Erick Brêtas, declarou que o mesmo projeto passaria em 2021 a oferecer também temporadas de Malhação e minisséries da casa.

E tanto isso se confirmou que o primeiro clássico resgatado pelo Globoplay em 2021, no dia 4 de janeiro, foi Riacho Doce (1990), minissérie de Aguinaldo Silva e Ana Maria Moretzsohn baseada na obra de José Lins do Rêgo. Outra minissérie, Os Maias (2001), de Maria Adelaide Amaral a partir de Eça de Queiroz, tem chegada prevista para 29 de março.

Os Maias foi uma parceria entre Globo e SIC no ano de 2001 e contou com Fábio Assunção e Ana Paula Arósio nos papeis principais (Divulgação: Globo)
Os Maias foi uma parceria entre Globo e SIC no ano de 2001 e contou com Fábio Assunção e Ana Paula Arósio nos papéis principais Divulgação Globo

Nada contra as minisséries, que em geral são produções mais ousadas em temáticas e propostas narrativas, em razão do horário mais tardio e da mais curta duração em relação às novelas. Diversos títulos saudosos, alguns dos quais sequer reprises tiveram, sem dúvida merecem se reencontrar com a audiência.

Além disso, embora o projeto de resgate tenha se referido ao longo de todo o ano de 2020 a “novelas clássicas”, as chamadas na TV são claras quando dizem que “a cada duas semanas, um clássico está de volta para ficar no Globoplay”, valendo-se da letra de ‘O Portão’, música de Roberto Carlos.

Repito, nada contra as minisséries, nem as ‘Malhações’, mas bem que os calendários desses resgates variados poderiam não se encavalar, de forma a preservar surpresas quinzenais em termos de novelas e também com os outros gêneros de teledramaturgia, nas semanas entre uma novela e outra. Ou mesmo mensalmente. Alternativas existiriam sem problema algum.

Paulo Gracindo, Ida Gomes, Dirce Migliaccio e Dorinha Duval na novela O Bem Amado (Divulgação / Globo)
Paulo Gracindo Ida Gomes Dirce Migliaccio e Dorinha Duval na novela O Bem Amado Divulgação Globo

Para as próximas semanas, antes de Os Maias devem entrar as novelas O Bem-amado (1973), em 15 de fevereiro; Vamp (1991), em 1º de março; e Mulheres de Areia (1993), a 15 de março.

Sobre esta última, causou estranhamento no ano passado o fato de que, de todas as atrações do gênero em 10 anos de existência do Canal Viva, apenas ela e Despedida de Solteiro (1992) não constassem do ‘listão do Globoplay’, com cerca de 40 títulos confirmados desde o início no projeto de resgate.

Novela para ser lançada a Globo tem de sobra. Nesse esquema quinzenal, por ano são 26 produções. É como se a emissora colocasse no Globoplay em 2021, por exemplo, todas as novelas que estrearam entre novembro de 2004 e outubro de 2009, de Como Uma Onda a Cama de Gato, sem pular nenhuma. Em média eram cinco lançamentos por ano nessa época.

Ou seja, se considerarmos que muito do que foi preservado nos arquivos e/ou tem direitos mais fáceis de serem negociados vem de 1980 para cá, numa situação hipotética de tudo entrar no catálogo da plataforma teríamos cartazes garantidos para coisa de seis anos.

Não custa lembrar que novelas bastante antigas, como A Cabana do Pai Tomás (1969), Véu de Noiva (1969), Os Ossos do Barão (1973) e outras tantas não vão ressurgir no streaming, porque sequer existem nos arquivos.

Vendo por esse lado, talvez outros formatos de teledramaturgia se intercalem com as novelas agora para ‘fazer render’ o acervo de um lado e, de outro, também dar oportunidade a minisséries, séries e ‘Malhações’, que têm seu público. No fim, o que se percebe é que há espaço para tudo. Por isso mesmo, a sequência das novelas poderia seguir sem interferências.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade