Minissérie Hebe, do GloboPlay, devia estar na TV aberta

Publicado em 16/12/2019

Os dois primeiros episódios da minissérie Hebe são a atração desta segunda-feira (16) da Tela Quente, na Globo. Uma pena! Ótima produção, Hebe deveria figurar na programação de janeiro da emissora, na já tradicional minissérie de início de ano do canal. Porém, ao menos por enquanto, a série sobre a trajetória da grande dama da TV brasileira está apenas no GloboPlay. O serviço de streaming já dispõe dos 10 episódios da série.

Ao contrário das minisséries recentes da Globo oriundas de um filme, Hebe, a minissérie, vai muito além do longa lançado em 2019. Enquanto o filme aborda apenas um recorte da vida da apresentadora, focando sua saída conturbada da Band (então Bandeirantes) e sua chegada ao SBT, a minissérie procura explorar toda a vida da animadora. Assim, a narrativa “absorve” momentos do filme, mas vai muito além. Por meio de flashbacks, de maneira não-linear, a série mostra toda a vida de Hebe, da infância pobre ao sucesso na TV, chegando à doença que a vitimou, em 2012.

Apesar do vai-e-vem temporal, a minissérie é muito feliz na condução desta trajetória. Hebe narra não apenas a vida da protagonista, mas revela bastidores interessantes da história da comunicação do Brasil. Junto com o crescimento de Hebe, o público é levado a acompanhar a evolução da televisão. Evidentemente, a cronologia nem sempre bate com a vida de Hebe (e alguns fatos foram contestados por familiares), mas trata-se de uma licença poética da roteirista Carolina Kotscho para deixar a trama mais envolvente. Funciona bem.

As “Hebes”

Destaque para os trabalhos de Andrea Beltrão e Valentina Herszage vivendo Hebe Camargo. Para a primeira, o desafio foi grande, afinal, Andrea é uma atriz muito conhecida, vivendo uma personagem igualmente conhecida. Além disso, as duas não se parecem fisicamente. Assim, a saída (acertada) de Andrea foi buscar nos gestos e nas palavras ações que remetiam à Hebe. Não soou como imitação, o que poderia prejudicar a série. Um trabalho bastante interessante.

Porém, quem chama a atenção mesmo é a jovem Valentina Herszage. A atriz, beneficiada por uma caracterização impecável, faz uma jovem Hebe adorável. Há ali um trabalho que também remete à Hebe original, mas há o cuidado de adaptá-la ao contexto de sua juventude. Em suma, Valentina entrega ao público uma grande atuação.

GloboPlay

Por conta de tantas qualidades, Hebe seria o produto ideal para abrir a programação 2020 da Globo. E era este o plano inicial, que foi alterado sem maiores explicações. Talvez seja uma estratégia para fortalecer o GloboPlay, e a exibição em TV aberta venha mais adiante. Basta lembrar que, no início do ano, Se Eu Fechar os Olhos Agora estava prevista para janeiro, mas acabou sendo exibida em abril.

Seja como for, fato é que a minissérie Hebe abre um novo caminho para os filmes que viram série na Globo. Os dois produtos se comunicam, mas são diferentes entre si. E, neste caso, a minissérie está anos-luz à frente do longa. Vale o ingresso.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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