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Império: sete anos depois, Comendador perde carisma e já não empolga

A edição especial da trama de Aguinaldo Silva mostra que novela envelheceu mal

Publicado em 07/05/2021

Quando estreou originalmente, em agosto de 2014, Império tinha um grande desafio. A novela de Aguinaldo Silva tinha a missão de elevar a audiência do horário das nove da Globo, em baixa por conta do insucesso de Em Família, última novela de Manoel Carlos que amargou baixos índices.

Naquele tempo, a trama do Comendador (Alexandre Nero) foi bem-sucedida na missão. Após o marasmo da história de Helena (Julia Lemmertz) e Luiza (Bruna Marquezine), Império injetou ação no horário e chamou a atenção do público. Com ares de saga, imagens deslumbrantes e personagens promissores, a novela conquistou a audiência.

Mas, sete anos depois, a recepção a Império tem se mostrado diferente. O tempo parece não ter feito bem à trama, que tem sido acompanhada com outros olhos nesta edição especial. Personagens que pareciam carismáticos em 2014 agora soam como cansativos e pouco cativantes. Com isso, Império parece a reprise errada na hora errada.

Novo olhar

Este novo olhar diante de Império faz com que a novela perca alguns de seus trunfos originais. O Comendador José Alfredo, por exemplo, era a grande vedete da primeira exibição e fez um merecido sucesso. Mas, nesta reprise, as atitudes controversas do anti-herói soam mais antipáticas.

A arrogância do Comendador parece potencializada aos “olhos de 2021”. A maneira como ele trata Cristina (Leandra Leal) no primeiro encontro evidencia isso. Além disso, o fato de ele manter Maria Isis (Marina Ruy Barbosa) praticamente enclausurada, apenas esperando suas visitas, já era estranho em 2014. Em 2021, ficou injustificável. Por isso, boa parte do carisma do protagonista caiu por terra.

Além disso, Império prometia duas grande vilãs, Maria Marta (Lilia Cabral) e Cora (Drica Moraes). Mas a promessa não se cumpriu. A primeira se tornou apenas uma mulher amargurada, que dispara impropérios e frases cortantes, mas com ações tolas e desnecessárias.

Já Cora é uma vilã que tinha tudo para acontecer, pois é ela quem realmente movimenta o início da história. Entretanto, o autor parece confuso com a construção do perfil do tipo. Cora ganha força quando se mostra amarga, invejosa e capaz de tudo. Mas perde fôlego quando ganha sequências pretensamente cômicas.

Fica a impressão de que Aguinaldo Silva queria repetir o fenômeno Nazaré (Renata Sorrah), de Senhora do Destino (2004), que era uma vilã engraçada. Mas Cora simplesmente não funciona quando tenta ser engraçada. Era preciso ter apostado mais no lado obscuro do tipo, que tinha boas possibilidades que não foram bem desenvolvidas.

Estes e outros fatores explicam o motivo de Império não ter empolgado até aqui. E como se sabe que a trama principal degringola no decorrer dos capítulos, é pouco provável que a trama repita o bom desempenho da reprise de Fina Estampa.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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