O retorno de Eva Byte ao Fantástico, quase 20 anos após sua criação, surpreendeu o público e também sua intérprete. Helen Britto, voz e corpo da primeira apresentadora virtual da TV, aceitou o convite da Globo para novamente dar vida à personagem, porém só descobriu como ela “envelheceu” assistindo ao programa, no último domingo (27).
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Em 2004, a locutora emprestou não só a voz, mas o corpo para que a equipe de animação reproduzisse seus movimentos na boneca. Duas décadas depois, a inteligência artificial facilitou a recriação de Eva Byte, restando a Helen apenas a dublagem.
“Uma atriz gravou o áudio, porque aparentemente eles não tinham muitas referências da Eva antiga. Hoje são outros profissionais. Foi muito engraçado, porque como tive uma referência muito pequena achei que fosse uma pessoa de carne e osso falando. Estava perfeita na tela do meu celular! Depois, na tela maior, consegui identificar os detalhes da inteligência artificial. Achei o trabalho muito bem feito, muito rigoroso. Dei os parabéns à produção”, elogia Helen em entrevista exclusiva à coluna.
E o que Helen achou da aparência da nova Eva? “Achei que ela envelheceu muito bem (risos)! Ela está bem próxima ao que era na época da animação. Ela ainda tem a pinta no rosto, o cabelo, os olhos, os ombros, a postura, o jeito… conseguiram recuperar a essência dela de forma primorosa. Os movimentos estão mais fluidos. Vinte anos atrás, parecia uma perfeição. Hoje, quando comparamos, a fluidez hoje está muito mais avançada, embora ela estivesse sentada, sem aparecer de corpo inteiro. Mas o trabalho feito no passado ainda é muito bom”.
Por que Eva Byte sumiu? Esquecida pelo Fantástico, a apresentadora virtual não teve seu destino revelado, permitindo ao público imaginar por onde a personagem andou nos últimos anos. A coluna também testou a criatividade de Helen Britto: “Ela ‘sumiu’! Acho que ela continua trabalhando com comunicação, apresentando outras coisas, um videocast, ou em outras emissoras, mas ela optou por ter menos visibilidade”.
O paradeiro de Helen, por outro lado, está bem definido. Ela concluiu doutorado e segue como professora na Universidade Federal Fluminense. Atualmente, se aprofunda em pesquisas sobre rádio, podcast e outros meios sonoros.
“Recuperamos uma webrádio que atende à comunidade acadêmica, e faço trabalhos esporádicos de locução. Recentemente, fui a voz de uma homenagem aos 100 anos da rádio MEC. Fiz um podcast chamado Conexão Cultural e ofereci uma oficina gratuita de podcasts para produtores iniciantes abaixo de 18 anos e acima de 60”, afirma.
“É uma baita honra. Quando me perguntaram se eu topava, respondi: ‘Claro!’, em respeito ao projeto feito lá atrás, à própria emissora e, principalmente, à história da TV brasileira. Eva impactou durante quatro anos o dia a dia das pessoas, levantou uma série de questões na época, como a possibilidade de Eva tomar o lugar dos humanos. Vinte anos depois, ninguém roubou emprego de ninguém! Na verdade, ela gerou empregos, porque demandava uma equipe enorme para criá-la. Hoje, acredito que a inteligência artificial só vem a acrescentar e qualificar o trabalho, desde que os profissionais sejam bons. Tenho consciência do que a Eva representou para a comunicação”
Helen Britto
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