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Fui MasterChef por um dia e fiz jurados sofrerem com prato “fúnebre”: “Comida de outro planeta!”

Experimentei a pressão do programa antes da estreia da décima temporada na Band, nesta terça-feira (2)

Publicado em 30/04/2023

Está ansioso para ver o novo MasterChef? Antes da estreia da décima temporada com amadores, nesta terça-feira (2), a Band convidou jornalistas para sentirem na pele o que os competidores sofrem nas mãos do júri, renovado este ano com Rodrigo Oliveira, substituto de Henrique Fogaça. Eu, autor desta coluna, fui um dos participantes. Neste relato em primeira pessoa, conto o que senti ao enfrentar a pressão do principal reality gastronômico da TV brasileira.

A “seletiva” de candidatos ocorreu de forma diferente à da TV. A assessoria de comunicação da Band, ao credenciar veículos de imprensa para o lançamento da nova temporada, perguntou se o jornalista gostaria de participar de uma dinâmica que envolveria cozinhar para os jurados. Não hesitei em incluir meu nome na lista, mesmo sem saber preparar um prato decente nem manusear os itens da cozinha do MasterChef.

Depois da entrevista coletiva com Ana Paula Padrão, os jurados e a diretora da atração, Marisa Mestiço, os 16 selecionados foram chamados para a prova, uma espécie de programa piloto. A partir daí, o jornalista deu lugar a um cozinheiro sem experiência alguma em restaurantes.

Como em um episódio de verdade, entramos em fila indiana no estúdio do MasterChef, gravado no Pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo do Campo (ABC paulista). Só de ver Ana Paula Padrão em seu púlpito e os jurados posicionados em nossa frente fez as pernas amolecerem.

Falo com propriedade das minhas pernas, mas aposto que a dos meus colegas também tremeram. O MasterChef intimida e apavora até cozinheiros experientes (isso explica os erros ridículos nas temporadas com chefs profissionais).

Ganhamos os cobiçados aventais, mas as boas notícias pararam aí. Logo em seguida, teríamos três minutos para encontrar os ingredientes no mercado e apenas 20 para entregar a receita determinada pelo júri: uma torre de panquecas com recheio doce chantilly batido a mão.

A prova foi realizada em duplas, o que deveria ser um alívio. No meu caso, o parceiro era tão novato na cozinha quanto eu: Gabriel de Oliveira, proprietário do site TV Pop. Em uma conversa ao pé do ouvido, combinamos de preparar uma geleia de frutas vermelhas como recheio das panquecas.

No mercado, o desespero aumenta a cada segundo a menos. Enchemos três cestas do mercado e escolhemos até o que não iríamos usar. Acabamos com o estoque de creme de leite fresco e de frutas vermelhas. Até flores comestíveis nós pegamos. Fizemos praticamente um arrastão digno de ir ao ar no Brasil Urgente (porém ainda estamos em outro programa da Band).

Com dezenas de itens à nossa disposição, a angústia seguinte foi decidir quem iria preparar o quê. Gabriel escolheu bater o chantilly, baseado nas instruções mínimas dos jurados. Eu ficaria com a massa das panquecas. Uma receita básica com farinha de trigo, fermento, leite, manteiga e ovos. “Socorro! Não sei quebrar ovo!”, pensei, e pedi ajuda para meu colega.

O tempo passava rapidamente. A dez minutos do fim da prova, não tínhamos massa nem chantilly, muito menos o recheio de frutas vermelhas. Bati toda a farinha de trigo e quase quebrei o liquidificador da Band. Em um ato de completa insanidade, inseri minha mão no aparelho desligado para acelerar a mistura. Voltei à realidade um segundo depois, quando percebi a nojeira que acabara de cometer. Gargalhei e percebi a câmera com a luz acesa em nossa direção. Eles captaram a porquice.

“Um minuto!”, gritou Ana Paula Padrão. Sem ouvir os jurados, que estavam distantes e sem o áudio do microfone, apelamos ao que tínhamos preparado com muito suor e nenhuma inteligência: massa crua e mal batida, chantilly líquido e as frutas in natura que só tivemos o trabalho de retirar do mercado. Na contagem regressiva, corri até o primeiro balcão para não ser eliminado sem entregar nossa quase receita.

Neste momento, eu “coringuei”. Ri de nervoso, feliz por estar ali e nervoso pela chicotada que estava por vir. Os jurados caminharam em nossa direção. Éramos a segunda dupla do balcão. Erick Jacquin, ao se aproximar da primeira equipe, arregalou os olhos para o nosso prato.

Aquela iguaria já havia atiçado a curiosidade de um chef. Faltou atrair os outros dois. Rodrigo, estreante, caiu na gargalhada ao se deparar com nossa obra de arte, talvez já se arrependendo de ter aceitado o convite da Band. Helena Rizzo, por via das dúvidas, indagou: “É comestível?”.

Enquanto tentávamos explicar a nossa panqueca embrionária, Jacquin passou mal na primeira colherada: “Nossa, isso aqui é ruim, gente! Eu acho que você inventou a comida de outro planeta!”. Implorei por um antiácido para o jurado, ao mesmo tempo em que Helena tentava decifrar o que tínhamos preparado: “É uma situação meio fúnebre. É o enterro da panqueca!”.

Fui a “vergonha da profissão”, como diria Jacquin? Na cozinha, talvez. No show, jamais. Não servimos panquecas, mas entregamos entretenimento!

Assista abaixo aos melhores (e piores) momentos do MasterChef com o colunista e outros jornalistas:

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