Versão "vigorosa"

Efeito Gil do Vigor: Dublagem brasileira insere “basculho” em reality da Netflix

Segunda temporada de Brincando com Fogo homenageia ex-participante do BBB 21

Publicado em 29/06/2021

Após conquistar o coração dos brasileiros no BBB 21, Gil do Vigor ocupou o futebol (ao visitar o Sport), a política (quando foi citado na CPI da Covid) e o jornalismo (ao ser lembrado por William Bonner no Jornal Nacional). Não satisfeito, o economista mais “vigoroso” do país dominou também a dublagem, em uma inusitada participação no reality show Brincando com Fogo, da Netflix.

Lançada há uma semana, a segunda temporada do programa norte-americano de pegação (ou “cachorrada”, como Gil gosta) viralizou nas redes sociais quando Melinda, uma das participantes, evocou o ex-brother ao falar: “Não perco para basculho!”.

Como isso é possível? Será que o PhD de Gilberto na Califórnia já é notícia nos Estados Unidos? Na verdade, “Basculho” em Brincando com Fogo é obra do estúdio de dublagem Vox Mundi, responsável pela versão brasileira das produções estrangeiras da Netflix.

Sempre é bom recordar este momento icônico do BBB 21. Durante uma discussão com Pocah, Gil disparou que “não veio do lixo para perder para basculho”, mesmo sem saber o que aquela palavra significava (porém sugere ser algo pior do que lixo).

Como hoje, 29 de junho, é comemorado no Brasil o Dia do Dublador, a coluna homenageia os quatro profissionais da Vox Mundi responsáveis por inserir Gil do Vigor em Brincando com Fogo. São eles: o tradutor Ma Reis, a revisora Marina Braga, a diretora Flora Paulita e a dubladora Pamella Rodrigues.

Em entrevista à coluna, Flora Paulita explica o processo de adaptação de Brincando com Fogo para o público brasileiro e como foi possível colocar “basculho” na fala de Melinda.

“Acho que muito do preconceito contra a dublagem vem porque as pessoas supõem que é simplesmente uma tradução do texto e que não conversa com o que a gente fala no dia a dia, as gírias do momento etc. Obviamente precisa ter um equilíbrio para procurar tudo isso, mas a equipe que trabalha comigo na Vox é maravilhosa e está sempre se atualizando, fazendo um trabalho de pesquisa imenso”, diz Flora, que torceu por Gil do Vigor no BBB.

“Essa fala, por exemplo, estava traduzida como ‘nem vem que não tem’, mas a boca terminava em ‘O’. Foi momento perfeito para conseguir encaixar o ‘basculho’ ali no final. É a situação perfeita onde tem o ‘sinc’ [sincronia], a labial [sílabas e fonemas semelhantes com o português], o meme do momento e a frase que funciona. A adaptação é sempre bem-vinda, desde que esteja dentro do contexto da situação”, prossegue a diretora.

A dublagem de Brincando com Fogo foi realizada com cada profissional trabalhando em sua casa por causa da pandemia de coronavírus. O esquema possibilitou, por exemplo, que a carioca Pamella Rodrigues pudesse trabalhar para um estúdio paulista. Para a diretora, foi uma excelente oportunidade para escalar uma dubladora negra como voz de uma personagem negra.

“Além de podermos contar com os ótimos dubladores do Rio de Janeiro, ainda ganhamos uma diversidade imensa de profissionais. Pude manter a representatividade em todos os personagens. Todas as pessoas pretas são dubladas por pessoas pretas! A Netflix é uma produtora que cada vez mais pede para incluirmos essas questões no casting”, comemora Flora Paulita.

Siga o colunista no Twitter e no Instagram.

© 2024 Observatório da TV | Powered by Grupo Observatório
Site parceiro UOL
Publicidade