Análise

Chamada de “hipócrita”, Globo faz jornalismo e “salva” Copa América do SBT

Após denúncia contra presidente da CBF, SBTistas e bolsonaristas devem pedido de desculpas

Publicado em 07/06/2021

Nesta segunda-feira (7), a Globo informou em primeira mão que a seleção brasileira decidiu disputar a Copa América, que começará no próximo domingo com transmissão exclusiva do SBT na TV aberta. Na última semana, a emissora carioca foi atacada por fãs da rede de Silvio Santos e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por criticar a realização do torneio no Brasil, porém rebateu as ofensas e acusações infundadas com trabalho e, indiretamente, “salvou” a principal atração da concorrente.

Desde o anúncio da vinda da Copa América ao país, médicos, políticos e jornalistas questionaram a postura do governo federal de socorrer a Conmebol após as duas sedes anteriores terem desistido da competição (a Colômbia, em função de protestos da população, e a Argentina, pela alta dos casos de coronavírus). A indagação era justa e única: por que o Brasil, segundo país com mais mortes por Covid-19 no mundo, topou abrigar o evento esportivo a apenas duas semanas de seu início?

Dois grupos da sociedade, igualmente fanáticos e barulhentos, começaram um ataque coordenado contra a Globo, mesmo não sendo a única emissora crítica à Copa América no Brasil: SBTistas e bolsonaristas. Os torcedores da rede de Silvio Santos e os eleitores de Bolsonaro buscaram uma tática constantemente usada por extremistas nas redes sociais: desmoralizar o opositor para provar que ele está errado e anular seu argumento.

A estratégia foi chamar a Globo de “hipócrita”, por transmitir campeonatos de futebol sem fazer nenhuma crítica, e acusá-la de falar mal da Copa América unicamente por ter sido comprada pelo SBT. Profissionais do canal paulista abraçaram as mentiras estimularam os ataques contra jornalistas da rede concorrente.

A Globo reagiu aos ataques trabalhando. Com jornalismo, trouxe a denúncia de assédio moral e sexual praticado por Rogério Caboclo, então presidente da CBF, contra sua secretária. A reportagem, publicada pelo portal de esportes da rede carioca e assinada pelos repórteres Gabriela Moreira e Martín Fernandez, piorou o ambiente da seleção brasileira, que estava decidida a boicotar a Copa América como protesto.

A rebelião de atletas e da comissão técnica ultrapassou os gramados e virou assunto político. Bolsonaristas e SBTistas especularam uma seleção alternativa e até Renato Gaúcho como substituto de Tite, chamado de “comunista” por se opor a Bolsonaro. Entretanto, a revolta da equipe brasileira nunca foi pelo governo ou pela Covid, já que muitos jogadores votaram no presidente e alguns se aglomeraram em festas clandestinas. O problema era Rogério Caboclo.

No último domingo, o presidente da CBF afastou-se do comando da entidade para se defender da acusação de assédio moral e sexual revelada pela Globo. A saída do dirigente por 30 dias foi decisiva para que a seleção brasileira topasse disputar a Copa América, decisão informada pelos repórteres Bruno Cassucci, Eric Faria, Martín Fernandez e Raphael Zarko e que será anunciada nesta terça-feira, após a partida contra o Paraguai válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.

Fãs da rede de Silvio Santos e eleitores de Bolsonaro devem um pedido de desculpas à Globo. Graças ao jornalismo da emissora, a Copa América terá a seleção brasileira. No domingo, às 18h, Brasil e Venezuela se enfrentarão em Brasília com transmissão na TV aberta exclusivamente do SBT, mas com aquela forcinha da “rival”. A narrativa da “hipocrisia” caiu.

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