Série de língua não-inglesa mais vista da Netflix, DNA do Crime conta com um interessante ponto de virada no quarto episódio. Sem dar detalhes para não entregar spoilers, a caça à quadrilha ganha novos contornos com a chegada de Vendramin, delegada interpretada por Letícia Tomazella. Após emendar novelas bíblicas na Record e conquistar crianças no SBT, a atriz “tira o atraso” de papéis adultos contemporâneos no streaming.
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Em DNA do Crime, Vendramin é deslocada de Maringá para Foz do Iguaçu para auxiliar no combate ao crime organizado na fronteira com o Paraguai. Destemida, não se contenta com o ar condicionado da sede da Polícia Federal e atua na linha de frente contra os bandidos, participando de operações com arma em punho.
“Ela chega, mata uns caras, comanda operação na rodovia. Para mim foi muito legal a preparação, porque era uma coisa muito nova. Conversei com as policiais, comecei a seguir algumas no Instagram e fiquei fã de uma delegada em São Paulo. Achei incrível a força e a coragem delas. Fiz aula de tiro também. Foi muito intenso, nunca tinha pensado em fazer. Fiquei nervosa no começo, tremia, suava, mas depois me acostumei. No final, já estava corajosa e com boa mira. Aprendi muitas coisas”, conta Letícia Tomazella em entrevista exclusiva à coluna.
Embora tenha sido sua primeira policial na ficção, a atriz reconhece semelhanças com Vendramin, sobretudo no empoderamento e na liberdade sexual que a destacam além do clichê de “delegata”. Feminista, Tomazella comemora o crescimento de personagens com estas características no audiovisual.
“Fiquei feliz por fazer uma mulher forte porque há poucas personagens femininas, além da Maeve [Jinkings, intérprete de Suellen], de poder. A maioria é mãe de um filho ou outra coisa. Eu me identifiquei com a Vendramin mais do que imaginei, porque eu não conhecia o universo policial. Mulher em posição de poder é um tipo que me atrai muito”, analisa.
Atriz comenta cena de sexo em série da Netflix
Letícia “tirou o atraso” também em relação ao sexo. A atriz voltou a transar na ficção após nove anos, quando deu vida à prostituta Simone em O Negócio, série da HBO. Depois, trabalhou em A Terra Prometida (em que também viveu uma garota de programa, mas sem sexo por ser uma trama bíblica), As Aventuras de Poliana e Gênesis. Em DNA do Crime, Vendramin se relaciona com o protagonista, Benício (Rômulo Braga).
“Até na cena de sexo é ela que propõe, ela que quer comer o Benício! Muda o lugar do cara predador que toma iniciativa. Mulher também sente tesão e gosta de sexo casual. Vamos normalizar a sexualidade da mulher”, conta. Tomazella trabalhou pela primeira vez com uma preparadora íntima, especializada em cenas de sexo, e gostou da novidade.
“A equipe passou confiança, foi muito respeitoso e muito seguro. Não havia preparadores antes, acho que é recente em tudo quanto é lugar. Eu me preparei fisicamente, porque eu queria ficar à vontade com relação à questão estética para me sentir à vontade, mas se eu não quisesse mostrar alguma coisa não precisava, tudo foi acordado”, elogia.
Para quem sente saudade de Letícia em Poliana, a atriz contracena com outros atores da novela em A Megera Domada, clássico de William Shakespeare em cartaz no Teatro UOL, em São Paulo, neste fim de semana. Embora tenha gostado da fama entre as crianças, ela prefere papéis adultos e enxerga Vendramin como o início de uma sequência neste gênero.
Sinceramente, o que eu mais gosto é fazer o contemporâneo adulto. Acho que tem mais a minha praia. Adorei trabalhar com o público infantojuvenil. Foi uma experiência muito afetuosa e gostosa para mim. Mas eu tenho um humor mais ácido, sem filtro. Esse trabalho atual tem mais a ver comigo e com meu momento. Eu era mais nova antes, agora tenho 37 anos e meio, estou mais madura e quero novos desafios”, analisa.
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